Brasileiro pega bicampeão olímpico e revive rivalidade de 4 décadas no boxe
Eduardo Ohata
Em um duelo que reviverá a dramaticidade de uma das grandes rivalidade das décadas de 70, 80, 90 e início dos anos 2.000, já que voltará a colocar em córneres opostos os promotores Don King e Bob Arum, da Top Rank, o brasileiro Natan Coutinho enfrentará o bicampeão olímpico e tricampeão mundial amador Shiming Zou, 34. A luta acaba de ser confirmada para o dia 30 de janeiro, em Xangai.
Durante quatro décadas, King e Arum se revezavam no posto de maior promotor de boxe do planeta, frequentemente “brigando” para ver quem assinava com o lutador mais promissor, falando abertamente mal um do outro e “armando” um para se dar bem encima do promotor rival.
Mas, se uma luta tinha o potencial para gerar muito dinheiro, faziam, relutantes, co-promoções, como quando Oscar de la Hoya (Arum) enfrentou Felix Trinidad (King).
Natan está invicto com 12 lutas e, apesar de ser um supermosca, tem enfrentado oponentes acostumados a lutar em categorias bem mais pesadas. Uma de suas vítimas mais recentes, Darli Gonçalves Pires, por exemplo, faz lutas na divisão dos meio-médios-ligeiros. Ou seja, seis categorias acima à de Natan, que mesmo assim o venceu por nocaute técnico em quatro assaltos.
Já o chinês Shiming Zou, bicampeão olímpico e tri mundial, sofreu sua primeira derrota em sua última luta, quando disputava o título dos moscas da Federação Internacional de Boxe. Perdeu para Amnat Ruenroeng por pontos. Zou tem 6 vitórias, uma por nocaute, e 1 derrota.
O estafe do brasileiro acredita que há chance de vitória. Pela juventude de Natan e pela pouca pegada do rival. Também é uma bela oportunidade, em caso de vitória, para herdar a posição de Zou no ranking mundial. Natan passaria a ser um dos destaques na equipe de King, que sofreu muitas baixas nos últimos anos. Mas se Natan perder sua invencibilidade, o excêntrico promotor “perde” o seu investimento.
Mas há risco para Arum também, já que esta seria a segunda derrota seguida de Zou, que está com 34 anos, e para um rival que não é conhecido nos círculos internacionais.