Blog do Ohata

Entenda por que Globo não entrou em disputa forte por amistosos da seleção

Eduardo Ohata

''A Globo prefere atacado, e não varejo''. Essa frase do diretor de direitos esportivos da Globo, Fernando Manuel Pinto, explica o motivo que levou a emissora a não entrar em uma briga forte pelos direitos dos amistosos da seleção, contra Argentina e Austrália, nos dias 9 e 13, em Melbourne. E também deixa transparecer que foi uma questão financeira que inviabilizou a transmissão dos jogos pela Globo.

Após a negociação da CBF chegar a um impasse com a Globo, a confederação comprou espaço na grade da TV Brasil para transmissão da partida, levou negativas da Band e Record, negocia com uma terceira emissora de TV aberta e com canais de esporte na fechada.

O blog questionou o executivo sobre a polêmica que passou a envolver os dois amistosos da seleção, CBF e Globo. Mas Fernando Manuel, diplomático em relação à confederação, evitou se referir de forma específica aos amistosos da seleção brasileira.

''O Grupo Globo, assim como outros players de mídia que investem em direitos mundo afora, de fato valoriza as discussões de aquisição no atacado e não no varejo'', argumentou ao blog o executivo. ''As propriedades se tornam mais interessantes quando contratadas com antecedência e por ciclo de competições, às vezes de seis anos, como fizemos com o Brasileiro [de 2019 a 2024], Copa do Brasil, Copa do Mundo e Olimpíada.''

O blog o questionou sobre o caso dos dois amistosos da seleção e, de novo, Fernando Manuel, evitou citar especificamente os dois jogos que vem causando polêmica com a CBF. Mas a explicação claramente cabe à situação.

''Em negociações pontuais muitas vezes não se consegue sequer mensurar, planejar e construir o retorno esperado ao investir nos direitos, além de não trazer a necessária segurança de que você estará 'regando no lugar certo para colher os frutos esperados depois'. Só o longo prazo, com antecedência e preparação, traz isso'', apontou o executivo, ao fazer uma ressalva. ''Isso não significa que não fazemos acordos pontuais, claro que fazemos, mas especialmente em produtos de alto investimento levamos em consideração o quão estratégico será, na venda do conteúdo aos patrocinadores e anúncio ao público, poder falar, 'olha, tenho essa propriedade no meu portfólio até 2024', por exemplo.''