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Recurso do Palmeiras recupera só R$ 500 de R$ 290 mil que sumiram do clube

Eduardo Ohata

O Palmeiras entrou com recurso na Justiça após ter sido derrotado em primeira instância no caso envolvendo o sumiço de R$ 290 mil no clube, valor que desapareceu em 2010.

A decisão na 34ª Câmara de Direito Privado de São Paulo definiu apenas o ressarcimento de R$ 521,81, valor referente a despesas administrativas não comprovadas a serem restituídas pelo corréu e advogado do clube à época, Pedro Renzo. Também aparecem como réus na ação por enriquecimento ilícito o também advogado Antonio Carlos Corcionne e o conselheiro Francisco Busico.

O ex-diretor jurídico do Palmeiras Antonio Carlos Corcione

Porém, o acórdão apontou que todo o resto da demanda é ''improcedente'' pela ''grande bagunça administrativa'' verificada no clube quando ocorreu o desaparecimento dos R$ 290 mil. A ação que deu origem ao processo pedia a devolução, em valores atualizados, de R$ 358.112,70 aos cofres do clube.

O documento, ao qual o blog teve acesso, reconhece que ''a situação dos autos realmente é pouco ortodoxa, mas é comum tratando-se da notória bagunça econômico-financeira de grande parte dos grandes clubes brasileiros de futebol. E o Palmeiras encontrava-se à época, o que é também notório, envolvido em um desses períodos de administrações desastrosas e de pouca disciplina e confiabilidade''.

O texto levanta a hipótese de a denúncia contra os réus ter sido feita como uma forma de retaliação da parte de cartolas que chegaram posteriormente ao poder no clube:  ''Também é frequente no mundo do futebol (não só nele, logicamente, mas no futebol isso é particularmente notável) que à saída de determinada diretoria a próxima, se dissidente, busque retaliar a anterior de todos os modos possíveis, como forma de fragilizar o grupo político anterior e fortalecer o seu próprio. Aqui houve, de novo notoriamente, à época dos fatos, a saída de um grupo político e a entrada de outro contrário, em clube conflituoso, conhecido por seus ''cornetas'' e pela alta temperatura de suas dissensões e litígios internos''.

Por fim, é citada a bagunça administrativa do clube: ''Isto é relevante para entender que, diante da generalizada confusão financeira e contábil da apelante à época, provada à saciedade pela prova oral constante dos autos, buscou-se apontar nos apelados a conduta da apropriação indébita de R$ 290.000,00, aproximadamente, que se é um valor vultoso, em termos absolutos, em termos relativos é até baixo pelos montantes que envolvem as transações milionárias e os patrocínios estratosféricos que dizem respeito aos grandes clubes do futebol brasileiro, dentre os quais o Palmeiras''.

Cabe recurso em Brasília. Procurado pelo blog, o Palmeiras declinou de comentar oficialmente a ação, costume quando o assunto tem a ver com a Justiça.

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