Blog do Ohata

Rivais se aliam contra mudança que facilitaria planos de Leila no Palmeiras

Eduardo Ohata

Desafetos históricos se uniram no Palmeiras de olho na votação dos sócios do clube em agosto para ratificar a mudança do estatuto que facilitaria o plano de Leila Pereira, dona da patrocinadora Crefisa, de lançar uma eventual candidatura à presidência do clube já em 2021. A oposição larga atrasada, pois há duas semanas Leila e correligionários deram, em um hotel de luxo de São Paulo, o pontapé inicial em uma campanha pelo ''sim'' à alteração estatutária.

Em meio à ''ressaca'' da eliminação da seleção da Copa e de comentários de associados que ressaltavam o fato de o Brasil jamais ter sido campeão sem escalar um jogador do Palmeiras e que exaltavam o título da Copa Rio-51, que o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter disse reconhecer como Mundial, Mustafá traçava no clube, domingo (8), sua estratégia, a poucos metros de Leila e José Roberto Lamacchia.

Na mesma ''trincheira'' de Mustafá, de volta ao dia-a-dia do clube após um hiato de três semanas por motivo de saúde, formou-se um grupo no mínimo heterogêneo, com a participação de desafetos históricos, como o ex-secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e do Transporte, José Luiz Portella, oriundo da UVB de Luiz Gonzaga Belluzzo; o vereador Xexéu Tripoli, do Palestra, do grupo de Paulo Nobre; e o filho do ex-presidente Afffonso Della Monica e presidente do Conselho de Orientação Fiscal, Carlos Della Monica, entre outros.

Outro ex-presidente, Arnaldo Tirone, aliado de Leila e de Mustafá, pode reforçar a aliança, já que não compareceu à votação da reforma.

Dadas as diferenças entre os membros da coalizão, nem todos conversam diretamente com Mustafá. O ex-vice de futebol Roberto Frizzo, do grupo de Mustafá, conversou por telefone com Portella. Frizzo, por sua vez, articula com membros de seu subgrupo. Xexéu é um crítico de Mustafá, mas interlocutores em comum informaram o ex-presidente de que o vereador é contra o aumento do mandato do presidente.

Os opositores de Leila, e por tabela do presidente Mauricio Galiotte e do presidente do conselho deliberativo, Seraphim del Grande, na questão específica do estatuto, planejam explorar a questão do aditivos no contrato de patrocínio da Crefisa, que causou a rejeição do balancete de janeiro do clube pelo COF, e a ausência de um título na atual gestão da equipe profissional de futebol, apoiada pela Crefisa com aportes financeiros adicionais ao patrocínio regular.

Outro ponto que apostam que possa fazer alguma diferença é a participação de membros da gestão de Paulo Nobre, que tiveram contato próximo com associados durante sua gestão. Uma das principais forças políticas do clube, o próprio Nobre, no entanto, se mantém distante do cenário eleitoral. Enquanto isso, Genaro Marino, do grupo do ex-presidente, tampouco decidiu se lançará ou não uma candidatura de oposição à presidência, sujeita ao filtro do conselho deliberativo, para concorrer em novembro contra Galiotte.

O grupo de oposição se reunirá na próxima segunda-feira, na casa do conselheiro Mario Gianini, no Pacaembu, para discutir estratégias.

Membros da aliança admitiram ao blog que é difícil reverter o quadro da votação da reforma entre os associados. O objetivo da aglutinação de membros de grupos pretende, no mínimo, evitar uma diferença de votos grande e já iniciar um trabalho para as eleições de novembro.