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Arquivo : Antidoping

Agência mundial antidoping pede 4 anos de gancho para brasileira olímpica
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Eduardo Ohata

A Wada, agência mundial antidoping, entrará com recurso na Corte Arbitral do Esporte pedindo 4 anos de suspensão para a velocista brasileira Ana Claudia Lemos, já classificada à Olimpíada do Rio-2016, baseado no artigo 10.2.1, do Código Mundial Antidopagem, este blog apurou. A Wada pediu que a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem reúna a documentação necessária, que já está em fase de tradução.

Exame antidoping detectou no sistema de Ana Claudia traços do anabolizante oxandrolona, que causa melhora do desempenho atlético. Sua presença foi confirmada após a abertura da amostra “B”, requisitada pela atleta.

A ABCD classifica como “impossível” a hipótese de contaminação do suplemento utilizado pela atleta pelo hormônio oxandrolona durante sua produção em farmácia de manipulação. Essa foi justamente a tese apresentada pela defesa da atleta em julgamento em segunda instância no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, de que no mesmo dia e no mesmo laboratório em que foi produzido o suplemento de Ana Claudia, também foi manipulada certa quantidade de Oxandrolona.

Como resultado, Ana Claudia foi suspensa por um prazo de cinco meses, retroativo à data do flagrante. Na prática, a duração da punição deixa a atleta livre para competir nos Jogos Olímpicos do Rio, que acontecem no mês de agosto.

O recurso da Wada junto à CAS se baseará no fato de que o registro mantido pela farmácia, que não está sujeito a modificações a partir do momento em que é alimentado com os dados de cada fórmula produzida, informa que o suplemento de Ana Claudia foi preparado no período da manhã, enquanto o hormônio Oxandrolona foi manipulado à tarde, depois que a suplementação já estava pronta.

Ou seja, o documento argumenta que, em uma situação hipotética de contaminação, seria possível aparecer traços do suplemento na Oxandrolona, mas não traços de Oxandrolona no suplemento.

O documento também lança mão de uma uma segunda argumentação, que se baseia nos procedimentos exigidos e fiscalizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e seguidos pelos filiados da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais).

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Durante visita do blog a uma farmácia que segue esses padrões, representante da Anfarmag explicou que suplementos e anabolizantes, como é o caso da Oxandrolona, são produzidos por equipamentos diferentes, higienizados após cada operação, em locais diferentes, separados por corredores, ante-salas e portas, submetidos a pressões atmosféricas diferentes (o que dificulta a permanência de resquícios na roupa), e produzidos por profissionais distintos paramentados por indumentárias descartáveis.

O material produzido pela ABCD/Wada, que será encaminhado à CAS, inclui fotos como as que acompanham esse texto.

Na semana passada, Ana Claudia foi desligada do Clube de Atletismo BM&FBovespa sob a alegação de que a atleta violou o Código de Conduta e ao regulamento do clube.

 

Sala para manipulação de hormônios conta com ante-sala e pressão atmosférica diferente à dos demais ambientes

Bancada conta com dois exaustores

Bancada conta com dois exaustores


Brasileira mais bem colocada na São Silvestre é pega no exame antidoping
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Eduardo Ohata

A brasileira mais bem colocada na São Silvestre, Sueli Pereira, que terminou a corrida internacional na quarta colocação, foi pega no teste antidopagem realizada após a prova, que apontou uso de EPO, este blog apurou com uma fonte que teve acesso ao exame. EPO é um hormônio chamado Eritropoietina, que aumenta a oxigenação do sangue.

Foi a primeira vez que testes de EPO foram realizados na tradicional prova da São Silvestre, que neste ano viu ser aplicado um número recorde de 26 testes pela ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem). Para uma prova de 15 quilômetros, como é o caso da São Silvestre, o teste de EPO pode ser considerado o mais importante.

A atleta tinha índice olímpico para participar da prova da maratona nos Jogos Olímpicos do Rio.

Teste antidopagem também apontou uso de EPO da parte de Sueli na Corrida de Reis, em Cuiabá, no último dia 10.

A atleta abriu mão de utilizar nos dois casos a prova “B”, que deve “bater” com o resultado original para dirimir qualquer possibilidade de erro. A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) foi notificada dos dois casos, como é de praxe.

A prova feminina da São Silvestre foi vencida pela etíope Ymer Wude Ayalew, com o tempo de 54min. Sueli terminou a prova 15 segundos depois. A brasileira com o segundo melhor tempo foi Joziane Cardoso, 54min22s.

À época da São Silvestre, o secretário nacional para a ABCD, Marco Aurelio Klein, dissera que o objetivo era mandar a mensagem de que as provas de rua passarão por um estrito controle antidoping, o que não acontecia anteriormente.

“Vamos combater com o máximo rigor o uso de EPO por atletas no Brasil, que põe em risco não apenas a integridade das provas, mas do bem-estar dos atletas”, disse Klein, ao ser questionado pelo blog sobre o combate à EPO.

Os exames foram realizados no Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, antigo Ladetec.

 


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