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Arquivo : Ataíde Gil Guerreiro

Clubes dissidentes analisam também proposta da Globo por Brasileirão
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Eduardo Ohata

Clubes que integram o grupo de cinco agremiações lideradas pelo Santos nas negociações com o canal Esporte Interativo pela TV fechada a partir de 2019 discutirão também a proposta da Globo a seus conselhos deliberativos, a exemplo do que fez o São Paulo. A decisão de Ataíde Gil Guerreiro em levar a discussão ao conselho deliberativo rendeu ao cartola repercussão extremamente positiva.

Um dos clubes que faz parte do grupo de cinco times teoricamente liderados pelo Santos e praticamente fechados com o Esporte Interativo, mas que levará propostas das duas emissoras ao seu conselho deliberativo é o Atlético-PR, que incluiu um comparativo na pauta da reunião de seu conselho deliberativo marcado para segunda (29), às 19h.

Diferentemente do que aconteceu após a reunião com o São Paulo, não existe previsão de que um contrato seja fechado com nenhuma emissora após a reunião do conselho, cujo presidente é Mario Celso Petraglia, que recentemente disparou farpas na direção da Globo. “Vamos analisar as duas propostas no conselho porque o acordo invade a próxima gestão do clube”, argumentou Petraglia.

A proposta da Globo que Petraglia tem em mãos trata em um mesmo pacote dos direitos de TV fechada e TV aberta. Já a proposta da Globo analisada na última terça-feira pelo São Paulo havia sido alterada nos dias que precederam a reunião em relação à versão original: Executivos da emissora separaram a proposta da TV fechada do acordo pela TV aberta, tornando mais fácil a comparação com o que apresentava o Esporte Interativo (só TV fechada). Segundo Petraglia, para efeito de comparação, ele também prefere ter em mãos proposta da Globo que tivesse apenas TV fechada.

O valor das luvas oferecidas pela Globo e Esporte Interativo ao Atlético-PR são iguais, R$ 40 milhões.

Segundo Petraglia, uma diferença entre as propostas da Globo e Esporte Interativo é que o Esporte Interativo dividirá o dinheiro em uma proporção de 50%-25%-25% e a Globo, na proporção de 40%-30%-30% (o primeiro percentual se refere a um valor global a ser dividido entre todos os clubes que fecharem com as respectivas emissoras, o segundo representa um percentual por exposição e o terceiro, por performance). Esse tipo de divisão foi inspirado no esquema que existe no futebol inglês.

Outro clube que levará a negociação para seu conselho deliberativo é o Bahia. A reunião está prevista para a próxima terça-feira (1), a partir das 18h30. A definição da assinatura com uma das TVs, teoricamente, não precisaria passar pelo conselho deliberativo, mas uma questão política pautou a decisão do executivo do clube: A última eleição foi marcada pela eleição de muitos conselheiros de oposição.

Cartolas do Bahia reconhecem estar mais alinhados com a proposta do Esporte Interativo, mas ressaltam que as propostas das duas emissoras estão sendo analisadas no momento. Uma nova proposta da Globo, formulada após a emissora ter fechado com o São Paulo na última terça-feira, foi encaminhada ao Bahia e o clube já confirmou a este blog que já foi recebida por cartolas da equipe baiana.

Submeter a proposta primeiro ao conselho deliberativo, aliás, tem se tornado uma opção popular nos clubes. No Palmeiras, que ainda não fechou com nenhuma das emissoras, o ex-vice de futebol Roberto Frizzo sugeriu que Paulo Nobre também apresente a proposta do Esporte Interativo ao conselho. Frizzo, que estuda se concorrerá na próxima eleição do clube, argumenta que a decisão influenciará as próximas gestões. Ao justificar sua sugestão, ele disse que todos já sabem como a Globo trabalha, mas que poucos conhecem o funcionamento do Esporte Interativo como parceiro com clubes.

Os clubes teoricamente fechados com o Esporte Interativo são Santos, que anunciou que já assinou contrato com a emissora, Atlético-PR, Coritiba, Internacional e Bahia. Pelo menos nove clubes já assinaram com a Globo.

Após a publicação do post, o executivo Fernando Manuel Pinto, da Globo, entrou em contato com o blog para confirmar oficialmente a retomada de diálogo com os clubes dissidentes.

“Li seu blog e confirmo que o diálogo com clubes que anteriormente indicavam estar mais alinhados com outros canais foi retomado. Vejo isso de forma positiva pois tem ocorrido como uma via de mão-dupla, iniciativa deles e nossa também. Na Globo, creditamos isso à melhor compreensão do tema que está na mesa e do novo modelo 2019-24 que temos proposto, com consistentes critérios de divisão de receitas para o conjunto de clubes do futebol brasileiro e não para alguns apenas, o que a abordagem concorrente parece pressupor e, por si só, pode ser destrutivo para os clubes. Realmente acreditamos que o modelo que propusemos traz benefícios e é o passo correto para o futebol brasileiro”, afirmou o executivo.

A seguir, sobre o caso do Atlético-PR, cujo presidente do conselho deliberativo, Mario Celso Petraglia, afirmou trabalhar ainda com uma proposta antiga da Globosat, Fernando Manuel comentou:

“Sua matéria cita propostas feitas ou a ser feitas a determinados clubes. Estamos entusiasmados em contar com a atenção de todos eles às nossas ideias, mas devo salientar que ainda encontra-se em avaliação a realização e efetivo conteúdo de algumas dessas propostas. Entendendo que nossa abordagem reflete uma mudança significativa e positiva para o futebol brasileiro e que isso depende também do efetivo engajamento e crença percebida em cada um dos clubes”, complementou o executivo.

 

 


Como a Globo virou o jogo sobre o EI no final para ganhar o São Paulo
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Eduardo Ohata

Foi cheio de reviravoltas seus bastidores e definido apenas aos 45 minutos do segundo tempo o episódio no qual a Globo fechou com o São Paulo na última terça-feira a renovação dos direitos de TV fechada a partir de 2019. O Esporte Interativo também concorria. A versão final do contrato que foi submetido ao conselho deliberativo foi concluída por executivos da Globo horas antes da reunião na qual foi aprovado, o que provou ser uma ação decisiva.

A equipe da Globo trabalhou de forma exaustiva, especialmente no fim de semana, para modificar o formato do contrato. Nos dias que precederam a reunião, conselheiros receberam e-mails nos quais era argumentado que a Globo apresentava um pacote que misturava os direitos de TV fechada com as da TV aberta, enquanto a proposta do Esporte Interativo tratava exclusivamente de TV fechada. Ou seja, argumentava que a Globo queria comparar maçã com laranja. Executivos da Globo, então, lançaram mão do jogo de cintura e alteraram o formato da proposta, do fim de semana para a terça-feira, para incluir somente os direitos de TV por assinatura. Ou seja, passou a comparar maçãs com maçãs.

O fator luvas também desempenhou um papel decisivo para a finalização do acordo. Como o Esporte Interativo havia indicado a cartolas que cobriria as ofertas de luvas da Globo, os cartolas são-paulinos já contavam que isso aconteceria. Pares do vice são-paulino Ataíde Gil Guerreiro, que pilotou a negociação pelo São Paulo, ouviram dele que o Esporte Interativo igualaria a proposta da Globo de luvas de R$ 60 milhões. Horas antes da reunião era isso que comentavam no Morumbi quem havia se reunido com ele para discutir as propostas. Aliás, Ataíde não foi um caso isolado. Cartolas de outros dois grandes clubes do eixo Rio-São Paulo foram bater às portas da Globosat para argumentar que o Esporte Interativo havia indicado que cobriria o valor das luvas da Globosat, conforme relatado no post anterior deste blog. Não foi o que aconteceu.

O Esporte Interativo justificou que não igualaria as luvas de R$ 60 milhões e manteria a proposta de R$ 40 milhões. Horas antes da reunião do conselho deliberativo, Ataíde ligou para o Esporte Interativo algumas vezes, insistindo para que igualassem o valor. Em vão. Defensor da livre concorrência, vide o episódio que culminou na implosão do Clube dos 13, Ataíde alertou sobre a discrepância.

Ironicamente, o fato de conhecer desde aquele episódio alguns executivos da Globo com ideias progressistas, Pedro Garcia e Fernando Manuel Pinto, influiu positivamente na comunicação entre São Paulo e Globo. Em vez de levar um sentimento de vingança à mesa de negociação pelo que ocorreu ao Clube dos 13, os contatos entre Ataíde e Fernando Manuel Pinto, seu interlocutor direto mais frequente pela Globosat, foram tranquilos (para uma negociação). Tratar as duas propostas de forma igual foi também de uma prova de lealdade da parte de Ataíde ao presidente são-paulino, Leco, que tinha preferência pela Globo.


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