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Arquivo : Comitê Olímpico do Brasil

COB convoca reunião de emergência, mas deixa confederações no escuro
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Eduardo Ohata

O presidente em exercício do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley Teixeira, convocou  no início da tarde desta sexta-feira os presidentes de confederações esportivas nacionais para uma reunião de emergência para a próxima terça-feira (10), às 14h, no Rio.

O convite, que não foi feito por meio de ofício, como tradicionalmente acontece no caso das reuniões ordinárias do COB, ressalta que são esperadas as presenças dos presidentes de cada confederação, e que não serão aceitos “representantes” dos mesmos.

A brevidade do convite, que não especifica a pauta e suas ramificações, gerou suspense, curiosidade e dúvidas entre os cartolas.

A principal delas gira em torno de quem presidirá a reunião, o presidente em exercício, Teixeira, ou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, que já terá deixado a prisão caso a prisão preventiva não seja estendida ou alterada para prisão preventiva.

O assunto central da reunião, para cartolas de confederações ouvidos pelo blog, certamente não fugirá da operação Unfair Play, da Polícia Federal, e suas repercussões para o COB e suas filiadas, as confederações esportivas nacionais.

Presidentes de confederações já começam a alterar as suas agendas para comparecer à reunião.

A Polícia Federal cumpriu nesta quinta-feira (5), no Rio de Janeiro, um mandado de prisão temporária de cinco dias contra o presidente do COB e do Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman.

O dirigente foi detido durante a manhã em sua residência no Leblon e levado para a sede da PF da cidade em um desdobramento de investigação sobre suspeita de compra de votos na eleição que escolheu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos.

O COB publicou no fim da tarde desta sexta-feira (6), em seu site oficial, um comunicado no qual informa que convocou uma assembleia geral extraordinária a ser realizada um dia após a reunião, na quarta-feira, dia 11, às 14h30, na sede da entidade.

“Na oportunidade, a assembleia irá deliberar quanto às decisões anunciadas pelo Comitê Olímpico Internacional nesta sexta-feira, dia 6 de outubro de 2017, e sobre a atual situação do COB”, diz o comunicado.

Após a publicação do COB, presidentes de confederações ouvidos pelo blog confirmaram que foram convidados para a reunião de terça-feira (10), às 14h, mas informaram não terem sido informados até a noite desta sexta-feira sobre a assembleia extraordinária.

No fim da noite de sexta-feira, o COB informou que a reunião de terça-feira havia sido cancelada e a que está valendo é a de quarta.


‘Orçamento mostrará importância do esporte para o governo’, diz ex-ministro
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Eduardo Ohata

“Muita gente do mundo do desporto tem expressado, de forma velada, apreensão em relação a um possível fim dos investimentos no esporte”.

É assim que o ex-ministro do Esporte Ricardo Leyser define o momento atual, que pode ser classificado como a ressaca pós-olímpica (ou, mais especificamente, pós-Rio-2016).

Mais do que cerimônias em que atletas são recebidos e homenageados pelas mais diversas autoridades, a medida do status dos desportistas brasileiros será conhecida, isso sim, quando elas tiverem que “colocar as mãos nos bolsos”.

“Logo teremos essa resposta”, argumenta Leyser, tido por muitos com o o homem que tinha a Rio-2016 na cabeça, já que mesmo antes do início do atual ciclo olímpico que se encerrou agora cuidou do alto rendimento na pasta. “O governo federal apresentará nos próximos dias a lei orçamentária para 2017, o que dará uma ideia sobre o que realmente a atual gestão pensa em termos de política esportiva. Então, vai aprimorar, investir, ou fechar? É importante ficar de olho.”

Segundo o dirigente, o Brasil finalmente descobriu a receita para desenvolver o esporte. Ele defende sua continuidade para o próximo ciclo olímpico, mirando Tóquio-2020, e as próximas edições dos Jogos.

“O modelo do COB [Comitê Olímpico do Brasil] é muito concentrador, precisa mudar”, apont0u Leyser. “As confederações ficam um pouco distantes, frágeis. Em um primeiro momento o modelo atual foi necessário, mas agora a verba da lei Piva poderia ser mais utilizada com qualificação técnica e profissional das confederações do que com gastos administrativos do COB.”

“O que o governo fez quando estive lá, foi desconcentrar investimentos e pulverizá-lo em modalidades em que poucos apostavam que renderiam medalhas, como a canoagem do Isaquias [Queiroz, que conquistou três medalhas], o tiro, ou a ginástica”, diz o dirigente, acrescentando que pode-se fazer mais. “Um exemplo é a luta olímpica, que em um primeiro momento não pediu um centro de treinamento dentro da rede nacional de treinamento, mas manifestou interesse depois.”

No caso do investimento em atletas, a Rio-2016 também mostrou, segundo Leyser, que a desconcentração é o caminho. “No caso da ginástica, onde vários atletas tinham condições de brigar por medalha [na Rio-2016], dá para ver que o investimento não precisa ser focado em apenas um atleta especificamente.”

Leyser pôs em perspectiva o fato de a delegação brasileira não ter atingido a meta de ficar entre os top ten em número de medalhas, objetivo fixado pelo governo federal lá atrás e adotado pelo COB. “Poderíamos ter alcançado a meta, contávamos com algumas medalhas que não vieram. Poderia ter sido melhor, ou pior, mas o bom de fixar uma meta é que ela nos serviu como parâmetro.”

É importante levar em consideração os resultados inéditos, que não necessariamente valeram medalhas, alcançados por várias modalidades na Rio-2016, e que podem se converter em ouro, prata ou bronze, em mais um ou dois ciclos olímpicos, acredita o dirigente. “Foi o caso do atletismo, por exemplo, com finais inéditas.”

A receita da campanha da delegação brasileira, que considera positiva, segundo Leyser, é que ela teve vários “pais”, que foram do governo federal até o COB, passando pelas confederações, Exército, clubes formadores e patrocinadores estatais e particulares.


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