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Brasileiro mostra boas perspectivas a médio prazo para o pugilismo nacional
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Eduardo Ohata

O Campeonato Brasileiro de boxe amador, aquele tipo que é disputado na Olimpíada,  aconteceu este ano em Sergipe. Pedi para o treinador Ivan de Oliveira, o Pitu, técnico que levou o brasileiro Sertão ao título mundial e que hoje treina Demian Maia no MMA, que além de orientar seus pupilos no torneio, atuasse como meu olheiro.

A análise, fria, da competição traz boas notícias para o pugilismo nacional a médio e longo prazos.

Pitu retornou animado de Sergipe com boas notícias, pois segundo ele, especialmente na categoria juvenil o Brasil está bem servido para no médio prazo substituir os destaques do amadorismo que migraram para o profissionalismo ou aqueles que não vem mais apresentando resultado no ringue. Houve também o caso de lutador da seleção principal sofrendo derrota, o que é bom sinal para o futuro do boxe brasileiro [O atleta pode até não ser substituído, mas na pior das hipóteses pelo menos ganhou um “coelho”. A preocupação dele é relevante, pois o Brasil perdeu os irmãos [Esquiva e Yamaguchi] Falcão para o profissionalismo, bem como o campeão mundial amador Everton Lopes, que pelo currículo certamente poderiam fazer a diferença nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 ano que vem.

Como vem ocorrendo nos últimos anos, a esquadra baiana dominou o Brasileiro amador.

Abaixo o relato de Pitu sobre o Brasileiro de boxe 2015:

“O 70º Campeonato Brasileiro de boxe AOB ( Aiba Open Boxing ) e o 7º Campeonato Brasileiro Juvenil ocorreram na cidade de Aracaju, em Sergipe, de 7 a 14 deste mês, envolvendo 20 federações do país.

Foram 420 atletas inscritos divididos em duas classes etárias e dez categorias de peso em cada.

Infelizmente, o público de Sergipe não era grande, mas a vontade dos atletas empolgava as delegações que preenchiam os espaços do ginásio do Sesc, no bairro São José, no centro de Aracaju.

O 70º campeonato brasileiro de boxe Juvenil mostrou que o Brasil está sim, muito bem servido de atletas para substituir os olímpicos que migraram ao profissionalismo ou aqueles que por qualquer motivo não vem obtendo mais os resultados de outrora. É óbvio que esta substituição se dará em médio/longo prazo.
As lutas disputadas nesta faixa etária foram de melhor nível técnico do que as realizadas na classe elite, isso no meu modo de ver. Observei a “garotada” jogando um boxe clássico e efetivo, enquanto os lutadores da elite buscavam basicamente o nocaute.

Destaque para a equipe baiana que conquistou o título coletivo na classe juvenil com 4 ouros, 3 pratas e 3 bronzes, garantindo medalha em TODAS as categorias.
Destaque também para a equipe do Rio de Janeiro. A seleção carioca foi a segunda colocada no coletivo garantindo 3 ouros, 1 prata e 1 bronze, seguida por São Paulo que ficou com o 3º lugar coletivo conquistando 1 ouro, 1 prata e 2 bronze.

No âmbito Elite ou AOB, a Bahia também merece destaque.
Conquistou o título coletivo com folga fazendo 6 campeões nacionais em 6 disputas de finais utilizando a sua mescla de atletas jovens com alguns de maior experiência.

O ponto negativo do Campeonato Brasileiro 2015 foi a arbitragem. Árbitros confusos, atuando sobre o tablado sem critério definido e principalmente, julgando de maneira equivocada. Segundo o presidente da CBBoxe, Mauro Silva, talvez a opinião de Pitu seja fruto da falta do entendimento sobre como se julga uma luta atualmente.

É bem verdade que tivemos algumas lutas equilibradas, o que dificulta o julgamento, porém, tivemos muitos outros combates aonde o que aconteceu foi “um batendo e o outro apanhando” e no final do duelo o vitorioso não era o atleta que bateu mas sim o que estava apanhando.

Outro ponto que me chamou a atenção é que a arbitragem, principalmente os árbitros com menor experiência, fizeram muita questão de descontar ponto dos atletas, sendo assim determinantes no resultado dos combates. Como dizem popularmente, árbitro bom é aquele que não é notado, e o que deu pra perceber, é que muitos árbitros que estavam neste campeonato brasileiro estavam buscando o seu espaço, sendo avaliados, e isso acabou atrapalhando o desempenho dos menos experientes.

Outro ponto negativo foi a falta de organização em relação aos horários da competição.
Marcado para ter início às 14:30hs, as rodadas sempre tinham um atraso de 50 minutos a 1h30, por conta da falta da ambulância.
Em uma das 7 rodadas, a competição começou sem ambulância no local, o que é um erro grotesco. A CBBoxe nega a informação, afirmando que chegou a atrasar em 1h30 uma das programações até a ambulância chegar. [Porém, após a resposta da CBBoxe, foi encaminhado a este blog um vídeo no qual é mostrada uma luta em andamento no momento em que uma ambulância chega ao local].

Destaques do Campeonato.

A comissão técnica da Cbboxe escolheu no final do campeonato os melhores atletas.
Na classe juvenil, o destaque foi Paulo Ferreira, campeão dos 56kg. Conhecido como Santo Amaro, o atleta da Bahia mostrou muita habilidade e controle de distância. Paulo, atleta que completa 17 anos em dezembro é treinado pelo elogiável treinador Zinho da cidade de Camaçari que tem um excelente trabalho nas categorias de base e já contribuiu muito com a seleção brasileira com as suas revelações. Paulo é mais uma delas.

Vale destaque também para o atleta da categoria 69kg Gabriel Bomfim do DF que fez um campeonato impecável desbancando as maiores potências do País.

Entre os atletas Elite ou AOB, destaque para o atleta Abner Junior de São Paulo. O peso pesado sorocabano deu um show de técnica frente aos mais experientes atletas do Brasil, vencendo um atleta recém convocado para a seleção brasileira Eduardo Pereira, o popular B.A e outro que tem história no boxe mundial tendo sido inclusive campeão mundial militar Gidelson Oliveira. O feito de Abner merece atenção principalmente por sua pouca idade, 19 anos.

Sem duvida, Abner tem todo o potencial para ser o nosso representante nos jogos olímpicos do próximo ciclo.
Outro atleta que merece destaque entre os adultos é Malvedil Neto, campeão na categoria 60kg.
Neto é produto da academia Champion do renomado treinador Luiz Dorea. É o tipo de lutador que se desloca muito bem sobre o tablado, aplica com maestria a mão esquerda e não desperdiça o direto. Atleta alto e de boa envergadura, Neto sabe muito dessa modalidade.

Destaque que a Cbboxe não dá, mas que na minha opinião deveria.

Melhor treinador. Antônio Cruz de Jesus, o popular Gibi, treinador do estado do Rio de Janeiro. Gibi vem a nove anos desenvolvendo um trabalho fantástico no bairro Nova Holanda, mais precisamente no projeto Luta Pela Paz e desde então, os resultados do Rio de Janeiro vem merecendo destaque. Das quatro finais disputadas pelos cariocas, Gibi e seus pupilos ganharam três e duas delas sobre atletas da Bahia, o que demonstra a força da nova escola carioca.”


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