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Arquivo : Jackson Junior

Técnico de brasileiro campeão mundial volta a se testar na elite do boxe
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Eduardo Ohata

Ivan de Oliveira, o Pitu, foi o técnico de Sertão quando ele conquistou o cinturão da Federação Internacional de Boxe, em 2006. O baiano sagrou-se o quarto brasileiro a conquistar um título mundial, juntando-se a Eder Jofre, Miguel de Oliveira e o conterrâneo Popó.

Em 2010, quando a A.D. São Caetano interrompeu os trabalhos com modalidades olímpicas, Pitu se viu forçado a buscar outras áreas de atuação fora do boxe para se sustentar (Pitu também é músico). Um dos atletas que, à época, ficaram “órfãos” de Pitu era o promissor Jackson Junior. Doeu para Pitu ter de deixá-lo partir, pois juntos construíram um cartel invicto em 10 lutas profissionais.

Pois bem. O mundo deu suas voltas, Pitu voltou a trabalhar com lutas, entrou no mundo do MMA, trabalha no córner do lutador do UFC Demian Maia, que aliás já passou da hora de ganhar uma nova oportunidade por um título, entre outros, com boxeadores amadores no projeto “Garimpando o Ouro Olímpico”, e também mantém parceria com seu irmão, Gabriel de Oliveira, na dupla Oliveira Brothers.

Jackson, por sua vez, sofreu sua primeira derrota em 2014, após somar 16 vitórias seguidas, e desde então vem alternando vitórias e derrotas (5 vitórias e 4 derrotas).

Mas desde 2010, Pitu tem uma sensação de “trabalho inacabado” em relação a Jackson, 30 anos. Então não foi surpresa quando um pedido para assumir o treinamento do ex-pupilo na preparação contra um adversário ranqueado despertou a curiosidade de Ivan.

O adversário é o turco Avni Yildirim, 9º do ranking do Conselho Mundial de Boxe, 24 anos, invicto em 9 lutas (5 nocautes), dono do cinturão de campeão “de prata” internacional do CMB. Apelidado de “Sr. Robô”, tem no cartel uma vitória sobre o ex-campeão mundial dos meio-pesados Glen Johnson (se bem que Johnson tem quase 50 anos). Yildirim está à frente no ranking, por exemplo, do ex-campeão Jean Pascal. A luta está prevista para o dia 6 de maio, em Berlin.

À primeira vista, parece um combate perigoso para o brasileiro, cujo cartel registra 20 vitórias (18 nocautes) e 5 derrotas. Mas para Pitu, que “viu algo”, a oportunidade não poderia ser melhor.

“O estilo dele [Yildirim] não ‘casa’ bem com o do Jackson”, explica Pitu. “O Jackson não se dá bem com quem boxeia e se movimenta muito. Mas o turco gosta é de bater, lutar parado. Ele jabeia [aplica golpe preparatório de esquerda], não se move e nem ‘pega’ tanto. Outra coisa é que logo depois de estrear ele [Yildirim] ficou um ano parado, então aí tem coisa. E ele tem poucas lutas.”

“Estou voltando porque acredito nele [Jackson], com uma vitória, quem sabe onde podemos chegar?”, pergunta, de forma retórica.

Quando Sertão foi campeão mundial com Pitu, poucos acreditavam. E fizeram história juntos.


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