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Sócio-torcedor participar da escolha do técnico? É o que propõe candidato
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Eduardo Ohata

Uma das plataformas de Pedro Trengrouse, candidato à presidência do Fluminense, é permitir que o sócio-torcedor do clube dê pitacos e até participe da escolha dos treinadores do time, mediante sua participação financeira no processo de contratação. Não, não se trata de “pagou, escolheu”, Trengrouse ressalta, até porque a formatação do conceito que o torne funcional precisa ser aprimorada.

As eleições no Fluminense estão previstas para acontecer em novembro.

“Os clubes brasileiros nasceram do engajamento de seus integrantes, lá atrás em suas histórias, quando não havia dinheiro de TV, patrocínios ou venda de atletas, eram os sócios que pagavam as contas dos clubes”, lembra Trengrouse, professor da FGV e convidado de Harvard. “A ideia é recuperar esse engajamento do sócio-torcedor, que poderá reassumir a responsabilidade de participar até na escolha do treinador.”

Segundo Trengrouse, a escolha obedeceria certos critérios. “Faríamos uma pesquisa de quem há no mercado, ver suas condições e submeter aos torcedores. Hoje, como verificamos com o App Store e o Uber, esse tipo de transação financeira online é fácil”, explica, ao acrescentar que já há exemplos desse tipo de iniciativa na Alemanha e até no nordeste, caso do clube Doze FC. “Campanhas presidenciais recebem esse tipo de financiamento [pequenos doadores individuais], o [presidente Barack] Obama é o maior exemplo.”

Mestre pelo Fifa Master e consultor da ONU para assuntos ligados à Copa-14, Trengrouse sabe que sua ideia será recebida com desconfiança e talvez até com sarcasmo, mas aponta para outras causas “impossíveis” que abraçou no passado, para as quais a maioria torcia o nariz e acreditava que não daria em nada.

Cita o pay-per-view, que defendeu em 2008/09 no Clube dos 13 e que hoje representa fatia atraente da verba das TVs para os clubes; o programa de sócio-torcedor, no qual trabalhou para a Ambev e que para muitos clubes se tornou a segunda fonte de receita, atrás só das TVs; e as apostas esportivas, assunto no qual trabalhou como consultor  e no qual o governo federal se debruça agora, ciente que movimenta por ano R$ 2 bilhões.

Para defender sua plataforma de inclusão dos sócios no dia-a-dia do clube, que seriam atraídos pela participação na gestão e transparência, mas que não se limita a esse ponto, Trengrouse pediu ao clube que permita que o sócio-torcedor vote pela internet e que sejam organizados eventos para que todos os candidatos possam expor seus projetos e opiniões.

“Acho que represento o rompimento com o modelo-padrão, no mundo de hoje, quem sair na frente em relação a ações inovadoras, terá muito mais vantagem.”


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