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Arquivo : Rio-16

Em plena preparação para a Rio-16, Jadel Gregório é nomeado dirigente em SP
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Eduardo Ohata

Dois desportistas famosos foram nomeados dirigentes da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude, de acordo com decreto publicado ontem no “Diário Oficial do Estado de São Paulo”: o triplista Jadel Gregório, que se prepara para a Olimpíada do Rio, e o árbitro do UFC Mário Yamasaki, que tem como marca registrada fazer com as mãos o símbolo de um coração antes das lutas nas quais trabalha.

O “Diário Oficial do Estado de São Paulo” explica que a nomeação foi para “exercerem em comissão e em jornada completa de trabalho… os cargos”.

A publicação justificou a nomeação de Jadel Abdul Ghani Gregório para o cargo de secretário-adjunto sob o argumento de que o cargo havia ficado vago em decorrência da exoneração de Lívia Galdino da Cruz Suzart.

Porém o triplista, que já foi considerado o herdeiro de João do Pulo e Adhemar Ferreira da Silva, está em preparação para a Olimpíada do Rio. Segundo o “Blog do Brito”, Jadel treina em San Diego, nos EUA, em companhia de sua mulher e filhos.

Aos 35 anos, Jadel já participou de duas olimpíadas, Atenas-2004 (5º lugar) e Pequim-2008 (6º lugar). Ficou fora de Londres-12.

Foi prata nos Mundiais de Osaka-2007, e nos Mundiais indoor, de Budapeste-2004 e Moscou-2006, além de ouro no Pan-07, no Rio de Janeiro.

Já Mário Yamasaki, que trabalhou na primeira edição do UFC no Brasil, em 1998, e que até hoje arbitra para a empresa de lutas, foi nomeado diretor 2 da coordenação de esporte e lazer.


Agência mundial antidoping pede 4 anos de gancho para brasileira olímpica
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Eduardo Ohata

A Wada, agência mundial antidoping, entrará com recurso na Corte Arbitral do Esporte pedindo 4 anos de suspensão para a velocista brasileira Ana Claudia Lemos, já classificada à Olimpíada do Rio-2016, baseado no artigo 10.2.1, do Código Mundial Antidopagem, este blog apurou. A Wada pediu que a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem reúna a documentação necessária, que já está em fase de tradução.

Exame antidoping detectou no sistema de Ana Claudia traços do anabolizante oxandrolona, que causa melhora do desempenho atlético. Sua presença foi confirmada após a abertura da amostra “B”, requisitada pela atleta.

A ABCD classifica como “impossível” a hipótese de contaminação do suplemento utilizado pela atleta pelo hormônio oxandrolona durante sua produção em farmácia de manipulação. Essa foi justamente a tese apresentada pela defesa da atleta em julgamento em segunda instância no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, de que no mesmo dia e no mesmo laboratório em que foi produzido o suplemento de Ana Claudia, também foi manipulada certa quantidade de Oxandrolona.

Como resultado, Ana Claudia foi suspensa por um prazo de cinco meses, retroativo à data do flagrante. Na prática, a duração da punição deixa a atleta livre para competir nos Jogos Olímpicos do Rio, que acontecem no mês de agosto.

O recurso da Wada junto à CAS se baseará no fato de que o registro mantido pela farmácia, que não está sujeito a modificações a partir do momento em que é alimentado com os dados de cada fórmula produzida, informa que o suplemento de Ana Claudia foi preparado no período da manhã, enquanto o hormônio Oxandrolona foi manipulado à tarde, depois que a suplementação já estava pronta.

Ou seja, o documento argumenta que, em uma situação hipotética de contaminação, seria possível aparecer traços do suplemento na Oxandrolona, mas não traços de Oxandrolona no suplemento.

O documento também lança mão de uma uma segunda argumentação, que se baseia nos procedimentos exigidos e fiscalizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e seguidos pelos filiados da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais).

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Durante visita do blog a uma farmácia que segue esses padrões, representante da Anfarmag explicou que suplementos e anabolizantes, como é o caso da Oxandrolona, são produzidos por equipamentos diferentes, higienizados após cada operação, em locais diferentes, separados por corredores, ante-salas e portas, submetidos a pressões atmosféricas diferentes (o que dificulta a permanência de resquícios na roupa), e produzidos por profissionais distintos paramentados por indumentárias descartáveis.

O material produzido pela ABCD/Wada, que será encaminhado à CAS, inclui fotos como as que acompanham esse texto.

Na semana passada, Ana Claudia foi desligada do Clube de Atletismo BM&FBovespa sob a alegação de que a atleta violou o Código de Conduta e ao regulamento do clube.

 

Sala para manipulação de hormônios conta com ante-sala e pressão atmosférica diferente à dos demais ambientes

Bancada conta com dois exaustores

Bancada conta com dois exaustores


Treinar 1 mês e participar da Olimpíada. Absurdo? Pode acontecer na Rio-16
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Eduardo Ohata

Treinar apenas um mês para competir nos Jogos Olímpicos. À primeira vista, pode parecer absurdo. Ou impossível. Mas é o que pode acontecer na Olimpíada do Rio. Depende da votação da Aiba, em 1º de junho, que definirá se profissionais poderão lutar nos Jogos.

Primeiro, o que na minha opinião são as boas notícias.

Em entrevista a este blog, CK Wu, presidente da Aiba, entidade que controla o boxe na Olimpíada, garantiu que não haverá injustiças. Quem já garantiu sua vaga não corre mais o risco de perdê-la, ouviu, Robson Conceição? Como consequência direta dessa decisão, se o congresso da Aiba definir dia 1º de junho pela participação de boxeadores profissionais na Olimpíada do Rio, o que ainda é um grande SE, haverá um “teto” de no máximo 26 vagas para a participação de profissionais. É esse o número de vagas em jogo na última qualificatória, que será disputada entre o fim de junho e início de julho. E os profissionais selecionados por suas confederações nacionais para ir aos Jogos ainda terão de disputar essas 26 vagas com amadores. No total, haverá 250 boxeadores na Olimpíada.

As más notícias? Se os profissionais participarem dessa última seletiva, e se ela de fato ocorrer no começo de julho, os profissionais terão apenas um mês para se preparar para a Olimpíada.

À primeira vista, parece fácil. Afinal, profissionais estão preparados para lutar até 12 assaltos de 3 minutos cada, e os amadores lutam apenas 3 assaltos de três minutos cada, certo? Mas o ritmo é totalmente diferente. Enquanto o profissional é treinado para dosar sua performance, os amadores saem com tudo, já que estão acostumados com o pouco tempo para definir o vencedor de um combate.

Se a vantagem do profissional fosse tão automática, não teriam feito tanto esforço na década de 70 para tentar realizar a “luta dos sonhos” entre o tricampeão mundial profissional dos pesados Muhammad Ali e o cubano tricampeão olímpico Teófilo Stevenson.

É muito pouco tempo para um profissional se adaptar.

E nem adianta os profissionais começarem a treinar desde já, pois os critérios serão definidos após o congresso extraordinário. E nenhum promotor de boxe que se preze liberaria seu contratado a participar dos Jogos tão encima da hora.

Uma solução muito melhor seria aprovar a mudança, mas efetivá-la somente na Olimpíada de Tóquio, daqui a quatro anos, quando haveria tempo hábil para todos estarem plenamente adaptados à novidade.

E como fica o Comitê Olímpico Internacional nessa história? O COI, oficialmente, diz não saber sobre essa possível mudança de regras.

CK Wu, porém, diz que o COI tem ciência e apoia totalmente a novidade, que tornaria o boxe nos Jogos muito mais comercial. E aponta que vários outros esportes na Olimpíada tem a presença de profissionais. Verdade, o maior exemplo é o basquete, com as várias encarnações do “Dream Team”. Olhando para nosso próprio umbigo, o futebol olímpico também permite a participação de pros.

De novo, vou bater na tecla de que testar a novidade antes dos Jogos é uma necessidade. Por que não, perguntei a CK Wu, a introdução de profissionais não foi testada no Mundial do Qatar? A vantagem adicional é a implantação nem teria tido que passar pelo crivo do COI, já que a Aiba tem total autonomia no gerenciamento dos Mundiais.

“Essa é uma mudança histórica, então tínhamos que ter a família da Aiba inteira por trás da decisão antes de torná-la pública”, argumentou Wu. “Fizemos uma pesquisa e, em uma reunião em Manchester, os 110 delegados que participaram deram retornos positivos [à ideia de profissionais na Olimpíada]. O passo final acontecerá no congresso extraordinário no dia primeiro de junho.”


Após exigência, tribunal da CBF ataca criação de fórum único para o doping
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Eduardo Ohata

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBF criticou novamente a criação de um tribunal específico para o julgamento de casos de dopagem, mesmo após a Wada (Agência Mundial Antidoping) ter encaminhado uma carta ao Ministério do Esporte, publicada em seu site na internet, confirmando que trata-se de uma demanda da agência e cujo não-cumprimento põe em risco o credenciamento do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, no Rio, que deve fazer os exames antidoping da Olimpíada do Rio.

“O STJD  e a Procuradoria da Justiça Desportiva… deliberaram manifestar seu REPÚDIO à iniciativa da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem de criação de um Tribunal único para julgar doping no Brasil. A ideia da ABCD, apoia pelo Ministério do Esporte e sugerida à… Wada, não encontra respaldo nas normas nacionais ou internacionais aplicáveis à espécie”, critica nota assinada pelo presidente do STJD, Caio Cesar Rocha Vieira, e pelo procurador-geral Paulo Schmitt.

Procurado pelo blog, o secretário nacional da ABCD, Marco Aurelio Klein, reafirmou que a exigência partiu da Wada e informou que a ABCD não terá ingerência sobre o tribunal independente, já que nem sequer seus integrantes indicará.

“O diretor-geral da Wada já deixou claro ao ministro [do Esporte] George Hilton que essa é uma iniciativa da Agência Mundial Antidoping”, esclarece Klein. “A ABCD não irá interferir no tribunal, sequer indicará seus membros.”

O governo federal busca meios para alterar a legislação desportiva para a criação do tribunal independente e evitar assim o descredenciamento que impediria o país de realizar testes antidopagem da Olimpíada no Rio. O Brasil precisa aprovar até 18 de março sua criação.

 


Bactéria tira brasileiro candidato a medalha de evento-teste para Rio-2016
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Eduardo Ohata

Uma forte gastrite provocada por uma bactéria, cujos principais sintomas são dor no estômago, perda de peso e náuseas, fará com que o boxeador Robenilson de Jesus, 28, candidato a  medalha na Olimpíada do Rio-2016, desfalque o evento-teste que acontece esta semana, no Rio. O baiano deve retornar às competições ao ringue no Pré-Olímpico, que acontece em março. Nos Jogos de Londres-2012, o pugilismo foi responsável por três medalhas para o Brasil.

O peso-pena (limite de até 56 kg) e outro baiano, o leve Robson Conceição (até 60 kg), são considerados, inclusive por dirigentes da Aiba (Associação Internacional de Boxe) consultados por este blog, os mais fortes boxeadores brasileiros na Olimpíada do Rio. No ano passado, Robenilson bateu Javid Chalabiyev, do Azerbaijão, campeão mundial da Aiba Pro Boxing, liga profissional da Aiba.

Robenilson de Jesus durante treinamento

Robenilson de Jesus durante treinamento

 

Assim como foi no passado com os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão, o fato de Robenilson e Robson participarem de liga da Aiba (Associação Internacional de Boxe), os coloca em contato com colegas de treino  e técnicos do mais alto nível. A Confederação Brasileira de Boxe ainda não definiu para quem vão as cinco vagas olímpicas a que o Brasil tem direito por ser o país sede.

“Queria muito viver esse momento, é o começo dos Jogos Olímpicos no Brasil”, lamenta Robenilson. “Esse é um evento dentro do Brasil, faz parte da pressão, os melhores países estarão aqui para competir. Até achei que mesmo com 60% da minha forma dava [para lutar], mas a comissão técnica achou melhor eu aproveitar para repousar. Acho que eles têm razão, é melhor descansar para poder chegar bem no pré-Olímpico.”

Por conta dos efeitos da bactéria Helicobacter pylori, Robenilson não pode receber golpes na linha de cintura durante as sessões de sparring [treino com luvas]. O boxeador, orientado por Luis Carlos Dórea, ex-técnico de Popó, tem enfrentado uma dieta bastante limitada: arroz, só preparado sem óleo, carne grelhada de peixe ou frango; se for de vaca, só se for moída; à  noite, só chá e biscoito de água e sal. E, após passar por mais um exame de endoscopia, passou a partir desta segunda (30) a tomar um antibiótico, o que deve continuar a fazer durante os próximos quinze dias.

Segundo Robenilson, há pelo menos seis meses tem seu rendimento comprometido por causa do vírus H pylori, o que englobaria sua participação no Campeonato Continental masculino de boxe, seletiva para o Mundial, quando perdeu por W.O. nas quartas-de-final, e no próprio Mundial, quando perdeu por 2 a 1 para Michael Conlan, que se tornou o primeiro irlandês campeão mundial amador.

“As pessoas apontam o dedo, dizem, ‘você tá perdendo essas lutas’, mas não sabem o que estava acontecendo comigo. Se eu estivesse cem por cento, não teria perdido. Eu estava mal, normalmente após a pesagem eu chego a 59 quilos, mas [por conta do vírus] andava com 54 quilos. Sentia ânsia a toda hora, vomitava, sentia dores na barriga”, explica Robenilson.

 


Brasileiro de 47 anos paga até rival em volta aos ringues; família é contra
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Eduardo Ohata

Representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, o boxeador Lucas França, aos 47 anos, volta aos ringues esta semana.

Além de não receber nada para flertar com o risco -já sofreu um início de descolamento de retina-, ainda pagará do próprio bolso a bolsa de R$ 800 do adversário e as taxas da Federação Paulista de Boxe para a realização do combate, previsto para seis assaltos, sábado, em São Paulo. No total, os custos para França voltar a lutar ficarão entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.

Cartaz da luta de retorno do ex-lutador olímpico Lucas França

Cartaz da luta de retorno do ex-lutador olímpico Lucas França

Os custos impõem um impacto considerável no orçamento mensal de França, que ganha a vida como técnico em cinco academias da região de Sorocaba, onde mora. Não haverá renda de bilheteria, já que não serão cobrados ingressos para a programação. Além disso, França teve que diminuir a quantidade de aulas que dava para se dedicar aos treinamentos para seu retorno aos ringues.

Além de ter participado da Olimpíada de Barcelona, França foi também aos Jogos Pan-Americanos de Havana-91 e foi pentacampeão brasileiro de boxe entre os anos de 80 e 90. Como treinador, atividade à qual Lucas França vem se dedicando nos últimos 19 anos, dirigiu a promessa Juliano Ramos, que despontou no profissionalismo, e lutadores do UFC, como o ex-campeão Maurício “Shogun” Rua e o meio-pesado Fabio Maldonado.

“Eu falava para o Shogun, ‘quando eu voltar a lutar, vamos fazer uma luta [treino de sparring] forte’. Mas percebia que ele fazia aquela cara de quem não acreditava”, lembra França. “Pois aí está, este é meu retorno, não importa o resultado da minha luta [com o rival Marco Talebi, 40 anos].”

Lucas é casado e tem duas filhas adolescentes, Yolanda, 15, e Antonieta, 9, que são contra a luta e não irão assistí-la. “Passei um ‘cortado’ com minha mulher, que ficou ‘beiçudinha’ um tempo quando falei que ia voltar a lutar. Quem gosta de mim diz para eu não voltar. Aliás, noventa por cento das pessoas que conheço pedem para eu não lutar. Parece que estou indo para o matadouro.”

Mas, segundo França, há apoiadores, como Luís Claudio Freitas, irmão do ex-campeão Acelino “Popó” Freitas. “[Luis Claudio] disse, volta e arrebenta”, lembra França. Segundo ele, seus apoiadores lotarão duas vans que vão sair de Sorocaba para a academia do Clube Prime, no bairro da Penha, onde acontecerá a programação.

“Muita gente diz que eu não deveria lutar porque corro risco. Mas o que é pior, eu subir ao ringue ou um cara que fuma, bebe, está fora de forma e no fim de semana põe a bola debaixo do braço e vai jogar uma pelada?”, questiona França, que integrou a famosa esquadra de boxeadores da Pirelli. “No caso do ocioso que vai jogar bola o pessoal até elogia, diz, ‘olha, só, que exemplo…’”

O presidente da FPB, Newton Campos, explica que desde que Lucas passou nos exames médicos não há o que fazer para impedi-lo. “Ele trouxe tudo que pedi, então não tem o que fazer. Ele foi mordido pelo bicho do boxe”, explica, aos risos, Campos.

O lutador de Sorocaba tem orgulho que sua luta promete reunir boxeadores como os colegas da época de Pirelli Peter Venâncio, um dos melhores amadores brasileiros e ex-desafiante ao título mundial, Hamilton Rodrigues, bronze no Mundial amador, e Marinho. Aquele mesmo, muito lembrado até hoje por ter protagonizado ao vivo, em rede nacional, na TV, uma discussão com o apresentador esportivo Jorge Kajuru.

Lucas diz que nunca deixou o condicionamento físico de lado, participa de corridas de rua, da tradicionalíssima São Silvestre, e que por isso sente que mesmo aos 47 anos ainda tem condições.

Ele aponta para os exemplos de George Foreman, que retornou aos ringues após uma década parado e recuperou o cinturão dos pesados que havia perdido para Muhammad Ali e para Bernard Hopkins, que só foi perder o título mundial dos meio-pesados aos 49 anos no ano passado.

Curiosamente, é justamente uma luta com Hopkins que o inspira. “Quero continuar minha carreira [para ficar ranqueado] e enfrentar o Hopkins. Quem sabe não consigo enfrentá-lo aqui no Brasil?”, pergunta, de forma retórica, França.


Brasileirinhas lançará 1º filme pornô olímpico, após bombar em Copa-14
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Eduardo Ohata

Após emplacar, com inesperado sucesso, cinco filmes com o tema Copa do Mundo no ano passado, a produtora Brasileirinhas lança ano que vem o primeiro pornô brasileiro com temática olímpica.

Assim como foi na Copa, quer aproveitar a realização no país dos Jogos do Rio, outro grande evento esportivo que mexe com o imaginário popular.

Um dos 5 títulos adultos lançados ano passado inspirado na Copa do Mundo (divulgação)

Um dos 5 títulos adultos lançados ano passado inspirado na Copa do Mundo (divulgação)

Como as imagens, dos anéis olímpicos, a palavras “Olimpíada”, e o termo “Rio-2016” são propriedade do COI (Comitê Olímpico Internacional), o filme se chamará “oIo píada do Sexo”, trocadilho gráfico com o nome da competição.

“Não dá para usar o termo olimpíada, porque o pessoal do COI fica de olho nos direitos. Vamos deixar bem claro que se trata de uma paródia para evitarmos problemas [legais]”, explica Clayton Nunes, proprietário da Brasileirinhas. “O pessoal da Fifa, nesse sentido, quando fizemos nossos filmes da Copa, foi bem tranquilo.”

A denominação das “competições” que o elenco do filme disputará serão trocadilhos com provas reais ou versões eróticas, como a cerimônia de acendimento da tocha, salto com vara, 100 m com barreiras, luta no gel, arco e flecha e esgrima.

“Esse tipo de filme divulga mais as atrizes, que é o que elas procuram”, justifica Nunes.

A produtora descobriu ano passado que lançar filmes ligados a um grande evento esportivo organizado no Brasil tem o potencial para ser um grande sucesso.

Outro dos 5 filmes lançados ano passado com o tema Copa do Mundo (divulgação)

Outro dos 5 filmes lançados ano passado com o tema Copa do Mundo (divulgação)

“Fomos pegos de surpresa com o interesse gerado pela Copa do Mundo no Brasil [em 2014]. Tivemos que cancelar, de última hora, a produção de alguns filmes para lançar às pressas mais produções que tinham como pano de fundo a Copa. As pessoas ligavam, entravam em contato pedindo por isso. Acabamos produzindo cinco deles no ano passado. Acho que foi porque foi a primeira Copa no Brasil em muitos anos”, argumenta Clayton Nunes, proprietário da Brasileirinhas.

Por conta da escassez de tempo, um deles foi uma antologia, com a maioria das cenas reaproveitadas de produções anteriores também ligadas ao mundo do futebol.

Apesar de apostar nos Jogos, a produtora não acredita que a paródia olímpica repetirá o mesmo sucesso do Mundial de futebol.
“De Olimpíada deve ser um filme mesmo. Copa do Mundo tem outra pegada, né? Além disso, acho que estamos passando pela ‘ressaca da Copa’”, afirma Nunes, que ao mesmo tempo não descarta a possibilidade de uma série de filmes adultos que façam alusão à realização dos Jogos Olímpicos no Brasil.


Até padrinho de Blatter na Fifa pede sua saída: ‘Ficou obcecado pelo poder’
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Eduardo Ohata

Responsável por introduzir Joseph Blatter na Fifa e conhecido como “pai do marketing esportivo”, o britânico Patrick Nally, 68, se juntou ao coro que pede a renúncia imediata do suíço do comando da entidade que comando o futebol mundial.

“[Se eu pudesse], eu o aconselharia a aceitar o fato de que deve deixar a presidência da Fifa imediatamente e oferecer seu apoio à próxima gestão, seja ela qual for. Acho que está claro que chegou a hora de ele abandonar [o cargo]. Sua permanência, obviamente, não está ajudando em nada”, afirmou a este blog Nally, sobre o presidente afastado da Fifa.

Patrick Nally, responsável pela introdução de Blatter na Fifa

Além de fechar o contrato que tornou a Coca-Cola patrocinadora da Copa do Mundo, Nally aconselhou a Fifa a contratar Blatter para seu primeiro cargo na Fifa, no setor de patrocínios e desenvolvimento, ainda na década de 70. À época, lembra Nally, do secretário-geral à recepcionista, trabalhavam apenas dez pessoas na Fifa. Ao participar do projeto de desenvolvimento do futebol na África e Ásia, Blatter fez contatos que foram preciosos anos depois para sua ascensão à presidência da entidade.

“Estou desapontado com Blatter. A Fifa já vinha sendo bem-sucedida desde a época do [brasileiro João] Havelange, mas nos últimos anos Blatter decidiu se ‘vender’ como o único responsável [pelo sucesso da Fifa], o que não o colocou em posição favorável. Ele perdeu sua direção, ficou obcecado com o poder”, dispara o ex-mentor do suíço. “Para mim, foi aí que ele perdeu a credibilidade, sua visão do que era a Fifa e virou as costas para pessoas que o ajudaram, como eu e Havelange. Mas ninguém jamais pensou que ele se tornaria o homem que acabou virando.”

Para Nally, o escândalo de corrupção na Fifa está se tornando um “evento de mídia”, onde todos querem “revisar a história, desafiar e atacar”. “O maior risco é como a Fifa sobreviverá, porque a investigação pode durar para sempre. A tragédia é que isso não é sobre futebol, e o futebol e a Fifa têm que seguir em frente. O perigo é que tudo o que a Fifa de certo poderá ruir, o que seria triste. Alguém, em algum lugar, tem que aparecer com uma fórmula para a Fifa seguir em frente e não vá ao colapso à medida que a investigação continuar.”

O britânico, que também esteve à frente de ações revolucionárias no Comitê Olímpico Internacional e federações esportivas, acredita que a forma como os líderes do futebol são escolhidos tem que passar por uma reformulação, que torne a Fifa mais democrática. “Acho que essa próxima eleição na Fifa deveria ser cancelada. Não dá para simplesmente o Blatter sair e outro presidente, eleito pelo mesmo sistema, assumir. Acredito que a Fifa e o futebol deveriam ser controlada por quem mais investe no futebol: a massa, os milhões de fãs do futebol. O esporte é dos fãs,  jogadores, técnicos, patrocinadores, TVs e outros atores, que tem que estar representados. Têm que estar envolvidos no processo.”

Veja outros tópicos abordados por Nally

Rio-2016

“É triste. O Brasil passa por momentos econômicos e políticos dramáticos. Quando o Brasil foi escolhido como sede olímpica, o clima era muito, muito diferente. Portanto, o problema é que vocês estão tentando receber os Jogos em um clima difícil, político e econômico diferente. Será um grande desafio para o povo [brasileiro] não ser afetado pelos problemas no Brasil. No fim, os Jogos serão bem organizados, mas é díficil disfarçar que a Olimpíada está chegando ao Brasil naquele que provavelmente não é o melhor momento. O país precisa festejar o Jogos, o que é difícil se você enfrenta maciços problemas sociais e políticos. É uma contradição: Olimpíada é celebração de esportes, o povo tem que estar em um clima de festa, o que é difícil com questões sociais. Será dificil.”

CBF

“Ocorre na CBF o mesmo que a Fifa. A Fifa e a CBF são gerenciadas pelos mesmos indivíduos por anos e anos. O esporte não tem sido bem gerenciado, mas manipulado por pessoas que visam seus próprios interesses, e por isso não querem mudanças no sistema. Mas ele tem que mudar. O fã, que é apaixonado pelo futebol, pela seleção e por seu time, não tem interação e tampouco controle. O esporte tem que ser controlado por partes independentes, que não visam ganhos financeiros pessoais. Os torcedores têm que estar representados e para isso é necessário uma mudança de estrutura. Os fãs têm que ficar confortáveis ao saber que o esporte está sendo dirigido pelas melhores pessoas possíveis. Mas tem que acontecer mudanças radicais.”

Patrocinadores

“Acho que eles [a Coca-Cola e o McDonald’s] não tinham escolha a não ser eventualmente pedir para que Blatter saia. A Coca-Cola, por exemplo, é uma empresa que está identificada com a Fifa desde o início, desde o programa de desenvolvimento [do futebol na África e Ásia] de Havelange e Blatter [na década de 70]. A mídia começa a olhar para ela também. Até ele [Blatter] deixar sua cadeira a Fifa e seu entorno estarão sob suspeita. Blatter se colocou em uma posição para ele ser perseguido pela mídia e os patrocinadores da Fifa também. Não acho que nada possa mudar isso até ele deixar a Fifa. Não há outra solução.”

 


Perto de Rio-16, mais de R$ 170 milhões para atletas olímpicos ficam presos
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Eduardo Ohata

Uma verba federal cujo montante já ultrapassou os R$ 170 milhões, carimbada para a formação de atletas olímpicos, está presa em uma conta bancária da Confederação Brasileira de Clubes nos últimos três anos e meio, rendendo juros ao invés de alavancar o esporte brasileiro. Isso, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Há até poucos meses não havia sequer sido formulada uma maneira para distribuir esse dinheiro. Era impossível qualquer clube ter acesso a ele.

Os clubes passaram a ter direito a essa verba quando um grupo de agremiações, intitulado Confao (Clubes Formadores de Atletas Olímpicos), capitaneados por Pinheiros e Minas Tênis, entraram em choque com o Comitê Olímpico Brasileiro a partir de 2009, ao argumentar que eles, e não o COB, produziam atletas que representavam o Brasil nos Jogos Olímpicos, Mundiais e Pans.
Para apaziguar os ânimos, o Ministério do Esporte resolveu destinar parte de seu próprio orçamento aos clubes, via Confederação Brasileira de Clubes. A CBC, por sua vez, ficou incumbida de repassar esse dinheiro para os clubes. Mensalmente recebe 0,5% das loterias federais.

O dinheiro passou a ser depositado na conta da CBC desde 2012, quando a presidente Dilma Rousseff sancionou mudanças na Lei Pelé, pouco antes da Olimpíada de Londres. O primeiro depósito foi retroativo a março de 2011. O Ministério do Esporte, dirigentes de clubes e advogados especialistas em direito desportivo argumentaram à época que o dinheiro poderia ser utilizado a partir daquele momento.

A CBC, porém, se recusou a usar o dinheiro, temerosa em utilizar o dinheiro e cair nas malhas do Tribunal de Contas da União.
Repassou a responsabilidade para o não-uso do dinheiro para o governo federal ao justificar que não usou o dinheiro por a lei não ter sido regulamentada. Trocando em miúdos, justificou a permanência do dinheiro em uma conta corrente ao fato de o governo não ter definido os procedimentos de como lidar com o dinheiro. Preferiu que uma portaria para tal fim fosse baixada, o que ocorreu em janeiro do ano passado.

“Nunca imaginamos que o governo federal levaria tanto tempo para regulamentar a lei”, argumenta Edson Garcia, diretor-executivo da CBC.

Porém, o Ministério do Esporte explicou que em seu entendimento “o dinheiro poderia ter começado a ser utilizado a partir do momento em que caiu na conta da CBC”. A tese é corroborada por advogados especialistas em direito desportivo ouvidos pelo blog.

Garcia argumenta que os R$ 184,3 milhões que já foram depositados até o último mês de julho não é um valor que terá tanto impacto para a formação de atletas olímpicos. O balanço da entidade mostra que R$ 170 milhões estavam parados na conta até o fim do ano passado.

Ele explicou que do total do dinheiro depositado na conta da CBC, “só metade será investido em esportes olímpicos”. “Temos o direito de destinar cerca de 20% desse valor a gastos administrativos [foram usados para este fim até julho passado R$ 8 milhões], 15% serão direcionados ao desporto paraolímpico, 10% ao escolar e 5% ao universitário”, justifica o dirigente.

Colocados em perspectiva, os números não são tão insignificantes assim. Para efeito de comparação, nos últimos quatro anos cheios, o Esporte Clube Pinheiros, uma potência esportiva entre os clubes, captou, para formação de atletas e alto rendimento, R$ 71,3 milhões em projetos pelas leis de incentivo ao esporte. Ou seja, o valor que a CBC já recebeu seria mais que o suficiente para manter o esporte do Pinheiros durante um ciclo olímpico e ainda sobraria algum dinheiro.

Segundo Edson, a CBC está correndo para colocar em uso a verba para formar atletas olímpicos. “Lançamos três editais, que são a forma mais transparente e democrática de transferência de dinheiro público, para aquisição de materiais e equipamentos esportivos e mais dois para participação [de atletas] em competições e devemos lançar mais. Portanto, verifica-se que até o fim de 2015 temos previsão de comprometer todos os recursos acumulados para a formação de atletas”. O montante somado dos cinco editais já lançados é de R$ 108,5 milhões.

No passado, porém, previsões da CBC deixaram de se tornar realidade. Em 2012, o então presidente da CBC, Arialdo Boscolo, havia dito que até o fim daquele ano o dinheiro estaria sendo usado na formação de atletas. Ele alegou que estava esperando só passar a Olimpíada de Londres-12. Porém a verba continuou na conta da CBC.

Anualmente, está previsto que a confederação receba exclusivamente para o fomento de atletas um montante de cerca de R$ 50 milhões.

A verba do Confao não é a única direcionada pelo governo federal à CBC. A entidade recebeu, em 2014, um montante de R$ 4,9 milhões, referentes à loteria Timemania/Ministério do Esporte, conforme aparece no balanço da entidade. Mas o dinheiro tampouco foi direcionado à formação de atletas, mas investidos aproximadamente R$ 3 milhões na organização de três convenções de clubes para cobrir gastos que incluíaram, por exemplo, estadia e alimentação (R$ 1,8 milhão) e palestrantes (R$ 185 mil).
Essas convenções contam tradicionalmente com shows de artistas famosos, como o cantor Ivan Lins (foto abaixo) e o comediante Eri Johnson.

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A confederação explica que as convenções são uma oportunidade para os cartolas de clubes sociais apresentarem suas dúvidas e dificuldades em relação à utilização do dinheiro para a formação de atletas olímpicos e o aperfeiçoamento de sua fórmula.

A CBC afirma que os shows de famosos não são pagos com dinheiro público. “Só o que é pago com o dinheiro da Timemania são as convenções”, explica Edson. “Os shows não são pagos com dinheiro da CBC.”

De toda a forma, a verba da Timemania deixará de cair na conta da CBC e será destinada agora à Fenaclubes (Federação Nacional de Clubes), entidade presidida por Boscolo, ex-presidente da CBC.


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