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Demora da Champions faz TVs trabalharem com cenário com 2ª rodada em leilão
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Eduardo Ohata

A demora no anúncio do vencedor do leilão de licitação dos direitos de TV da Champions colocou em alerta emissoras que apresentaram lances. Algumas já trabalham a possibilidade de ocorrer uma segunda rodada de lances, ou até com uma negociação corpo a corpo com a Team, a agência de marketing da Uefa.

Um dos cenários considerados é o de que os valores apresentados pelas TVs ficaram abaixo da expectativa da Uefa, o que obrigaria executivos da Team a voltar ao mercado para “sensibilizar” as emissoras em relação aos valores pretendidos. A Uefa, no leilão de TV em andamento, fatiou os direitos da Champions.

Um segundo cenário é o de que alguma emissora pode ter atingido um lance aceitável, mas faltaria agora tratar de detalhes comerciais que poderiam vir a inviabilizar o negócio. Só para citar um exemplo, a Champions tem obrigações comerciais com uma marca de cerveja, se a emissora que apresentou a melhor oferta financeira tem contrato de exclusividade para o futebol com outra marca, esse seria um conflito que teria de ser resolvido antes de “baterem o martelo” para só então ser emitido um comunicado oficial. Em caso de impasse insolúvel entre Uefa e emissora, a proposta retornaria ao mercado.

Na temporada 2017/18, os direitos de TV pertenciam à Globo, na TV aberta, que os sublicenciou à Band, e na TV por assinatura ao Esporte Interativo.

Apesar de as emissoras terem esperado até o último momento para apresentar as suas propostas, no último dia 4, representantes de emissoras, e até mesmo narradores e comentaristas, estranham o fato de passada mais de uma semana o resultado ainda não ter sido divulgado.


Uefa fatia direitos de TV da Champions e complica estratégia de emissoras
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Eduardo Ohata

A Uefa fixou para 5 de junho o prazo para as emissoras brasileiras de TV apresentarem as propostas pelos direitos de transmissão da Champions League.

Os direitos foram divididos em pacotes, assim como foi feito pela Conmebol em relação aos direitos de TV da Libertadores.

O principal deles, chamado de pacote “A”, dá ao vencedor o direito de escolher primeiro qual a partida de quarta-feira irá exibir.

Há também o pacote “B”, que inclui todos os jogos fora os 18 contemplados no pacote “A” (primeira escolha de quarta-feira). Se uma emissora quiser “seguir” o PSG de Neymar, exibindo todas as partidas na competição, terá de adquirir os dois pacotes, intermediados pela agência de marketing Team.

O leilão é aberto às TVs abertas, fechadas e representantes de todas as mídias, o que abre espaço para plataformas como o Facebook, por exemplo. Ou seja, há a possibilidade de as emissoras de TV enfrentarem uma concorrência mais acirrada do que acontecia anteriormente.

A final da Champions League está incluída em ambos os pacotes.

As regras do leilão permitem a apresentação de propostas conjuntas, mas ao contrário do que vinha ocorrendo, terá que estar especificado quem será o sublicenciado no caso de um eventual repasse dos direitos.

Até a atual temporada 2017/18, os direitos de TV pertencem à Globo (aberta) e ao Esporte Interativo (fechada).

Conforme o blog havia apontado, o leilão da Libertadores estava travando o lançamento da negociação dos direitos da Champions no Brasil.


Direitos de TV da Champions serão definidos às vésperas do pontapé inicial
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Eduardo Ohata

A Uefa lançará o leilão dos direitos de TV da Champions para o território brasileiro até o final de abril, quando está previsto que  a entidade divulgará, por meio de sua agência de marketing esportivo Team, as regras e os procedimentos às emissoras interessadas.

O leilão da Champions, cujos direitos para o Brasil vencem na atual edição, foi postergado porque a Uefa quis evitar entrar em uma disputa direta com o da Libertadores. Como o FC Diez Media, joint venture formada por IMG e Perform, já avaliou as propostas das TVs brasileiras pela Libertadores, embora o resultado não tenha sido divulgado, a Uefa decidiu que é o momento para lançar seu leilão.

Representantes da Team visitarão o Brasil no mês de maio para uma rodada de encontros com executivos das TVs brasileiras para esclarecimentos em relação às regras do leilão e dirimir eventuais dúvidas. Segundo o cronograma da Uefa, o prazo para as emissoras encaminharem suas propostas é o começo de junho, quando a Uefa espera que o leilão da Libertadores já esteja definido.

A lógica dos negociadores é de que sem a “sombra” da competição continental, os canais terão ideia mais clara das respectivas verbas que terão disponibilizadas para investir no leilão da Champions. Ao mesmo tempo, a Uefa não tinha como esperar indefinidamente, já que a fase preliminar da edição da competição, coberta pelo próximo contrato, está prevista para acontecer já a partir de 26 de junho.

Mesmo se for considerado que a fase de grupos tem início em meados de setembro, com os vencedores do leilão anunciados  em junho, as emissoras terão cerca de três meses para desenhar seus pacotes, sair à rua e vendê-los, em um mercado ainda em recuperação.

Na atual temporada, os direitos da Champions League são da Globo, na TV aberta, que costuma sublicenciá-los à Band, e do Esporte Interativo, na TV por assinatura.

 


Libertadores volta atrás e faz concessão que facilita prática da Globo
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Eduardo Ohata

A Conmebol fez uma concessão nas regras do leilão dos direitos de TV da Libertadores que permite que a Globo continue com uma prática que em um primeiro momento havia sido vetada a partir da edição de 2019 da competição continental.

A transmissão pela TV aberta de jogos diferentes para duas ou mais praças havia sido vetada, mas a Conmebol voltou atrás e a regra do leilão abriu a possibilidade de territórios (ou emissoras) exibirem mais de uma partida para diferentes regiões.

Na Globo, a decisão da Conmebol foi elogiada internamente por agregar valor aos direitos de transmissão da Libertadores, mas é negado que a alteração tenha passado por algum lobby da emissora. O argumento é o de que a flexibilização favorece qualquer canal de TV aberta que adquirir os direitos, dadas as dimensões continentais do Brasil, e que tal concessão vale só para a fase de grupos.

Nenhuma emissora de qualquer outro país necessitaria tanto dessa alteração como as brasileiras, pois é frequente a participação de equipes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, para ficar só nos quatro principais centros do país, na competição.

Se houve uma concessão, há um ponto que exigirá negociações entre Globo e Conmebol, caso a emissora mantenha os direitos na TV aberta. Uma das exigências da Conmebol é a veiculação comercial de dois patrocinadores oficiais da competição durante a faixa horária da partida.

Trata-se de uma condição similar à imposta à Globo pela Uefa, em relação à Champions, que a Globo conseguiu driblar “transferindo” os comerciais para a faixa horária do “Jornal Nacional”. Não seria viável, por exemplo, a Libertadores veicular um comercial de uma cervejaria via Conmebol e a Globo citar ou exibir na mesma partida as peças comerciais de uma marca concorrente.

Um consórcio, formado pela IMG, dona do UFC, e Perform ganhou o direito de ser a agência a comercializar os direitos da Libertadores. Uma das novidades da próxima edição da Libertadores será a adoção de uma final única.


Globo fecha direitos da Euro-20 e terá jogos na TV aberta, cabo e internet
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Eduardo Ohata

O Grupo Globo fechou com a Uefa os direitos exclusivos de transmissão para o Brasil da Euro-2020 para TV aberta, a cabo e internet. Já foi decidido que as partidas serão exibidas nas três plataformas.

Todos os jogos serão exibidos ao vivo pelo SporTV, enquanto algumas partidas serão transmitidas pela Globo, na TV aberta, e também pela plataforma digital do grupo. A Globo mantém contrato com a Uefa desde 2012, e no cabo a parceria vem desde 2000.

A competição acontecerá entre os meses de junho e julho de 2020 e será disputada por 24 equipes nacionais.

Pela primeira vez, uma edição da Eurocopa será organizada em 13 países, com as semifinais e finais em Wembley, na Inglaterra.

É esperado para os próximos meses o leilão dos direitos de TV de outra competição organizada pela Uefa, a Champions League. A disputa encavalará com os direitos de outras propriedades, como a Libertadores e jogos da seleção brasileira.

“Estamos satisfeitos em renovar nossa  parceria histórica com a Globo e a Globosat para a Uefa Euro”, comemora Guy Laurent Epstein, direitos de marketing de eventos da Uefa Events SA. “Seu planejamento de programação abrangente e seu alcance massivo vão garantir uma ótima plataforma para os fãs de futebol no Brasil assistirem à principal competição de seleções da Uefa.”

“A Eurocopa é, inegavelmente, uma competição de elevado nível técnico e de interesse do público que ama futebol, o ápice do calendário europeu de seleções”, confirma Fernando Manuel Pinto, diretor de direitos esportivos do Grupo Globo.


Divisão de cotas da Copa do Mundo: Boa para a seleção, ruim para os clubes
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Eduardo Ohata

A nova distribuição de vagas para a Copa de 2026 deve ser ainda mais positiva para a seleção brasileira, porém deve prejudicar uma velha tentativa dos clubes do país. Se o selecionado nacional vê diminuir as chances de ficar fora de Mundiais, os times brasileiros ficam mais distantes da possibilidade de colocar em prática a ideia de um campeonato que junte equipes filiadas a Conmebol e a Concacaf.

Uma das possibilidades que foi ventilada quando a Fifa aumentou o número de vagas era uma unificação das Américas para escolher os classificados para o Mundial.

Com isso, o que se esperava era uma união entre Conmebol e Concacaf que poderia se estender aos clubes. Sem esse cenário, se dificulta a organização de um torneio verdadeiramente continental, com a chancela das entidades, que se estenderia do Canadá ao Brasil.

Uma competição nesses moldes seria, por exemplo, a oportunidade de os clubes brasileiros lucrarem ao ter jogos disputados, por exemplo, nos Estados Unidos, país de maior PIB no mundo.

Os clubes brasileiros se animaram, por exemplo, com a ideia, em 2015, da criação de uma Champions League das Américas, independente da Concacaf e Conmebol, que acabou fazendo água.

Se clubes reclamam, seleção só tem o que festejar

A nova divisão de vagas para a Copa do Mundo acentuou a discrepância do que acontece na América do Sul para o resto do mundo.

Se ratificado o novo sistema de cotas, será mais difícil ficar fora da Copa do que dentro para as seleções da Conmebol, uma das quais é a brasileira. A partir daí, qual será a vantagem de comemorar que a seleção brasileira jamais na história ficou de fora de um Mundial?

É uma questão de matemática: A Conmebol tem 10 membros, tinha 4,5 vagas e agora passa a ter 6. Ou seja, hoje, classificam-se 45% das seleções da América do Sul, mas a partir de 2026, ganharão vaga 60%.

Para colocar esses números em perspectiva, basta comparar com o que acontece na Uefa, a segunda entidade com mais números de vagas. Lá, há 55 membros que hoje disputam 13 vagas e a partir de 2026 haverá 16 vagas. Proporcionalmente, hoje se classificam 23,6% das equipes, e em 2026, serão 29%.

Lembrando que 2 vagas serão decididas num torneio de repescagem com uma seleção de cada confederação, à exceção da Europa. Ou seja, tirando a Uefa, 2 confederações poderão ter mais 1 vaga cada.

As demais confederações obtém menos vagas ainda:

A CAF reúne 57 seleções africanas, tinha 5 vagas e terá 9. Então, atualmente 8,7% de seus países se classificam; em 2026 serão mais de 15,7%.

Na Ásia, a AFC tem 47 membros. Tinha 4,5 vagas, e terá 8. Se hoje classifica 9,5% de suas equipes, em 2026 serão cerca de 17%.

A Concacaf tem 41 integrantes, tinha 3,5 vagas e terá 6. Pulará de 8,5% de equipes classificadas para 14,6%.

A OFC tem 11 membros da Oceania, tinha meia vaga e passa a ter 1.

 


À la Champions, Paulista pode ter teto de 25 inscritos, e uso livre da base
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Eduardo Ohata

A Federação Paulista de Futebol encaminhará aos clubes uma proposta que atende a uma de suas principais reivindicações: Condições para escalar atletas de suas bases no Paulista para propiciar experiência a eles.

Hoje, alegam cartolas de clubes que disputam o Paulista, incluindo os quatro grandes, o limite de 28 inscritos por time impede a inclusão de muitos garotos da base em suas equipes. Com tão poucas vagas na competição, têm que colocar suas fichas em profissionais tarimbados, e não apostar e jovens promessas.

A proposta para o Paulista-2018, segue o exemplo do que é feito na Champions e em algumas ligas da Europa: Diminuir o limite de 25 inscritos do profissional, porém permitir a inscrição de um número ilimitado de atletas da base.

Dentro da federação, há o entendimento de que limitar é importante para a saúde financeira dos clubes, que não podem contratar jogadores a qualquer custo.

A proposta tem como idealizadores o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, e o vice de integração com atletas, Mauro Silva, que ouviram os questionamentos dos clubes.

A ideia será apresentada e debatida com os clubes, que decidirão a forma adotada para o ano que vem.

Pelo menos um técnico de clube “grande” da capital já discutiu a ideia da redução de 28 para 25 inscritos e a liberação da base com Mauro Silva, o blog apurou.

Um ponto importante que precisa ser definido, caso a proposta seja aceita, é qual a definição de “base”. É necessário responder questões como “quantos anos cada jogador deve estar em seu clube para que possa ser inscrito como jogador de base daquele time”?

Uma das tendências mais fortes, adotada na Europa, é estabelecer 18 meses como período mínimo de permanência no clube para que o jogador seja considerado da sua “base”.

Essa exigência do período mínimo da ligação do atleta com o clube visa evitar que uma equipe adquira um jogador de outra equipe e o inscreva pouco tempo depois como se fosse um produto de sua própria categoria de “base”.

Além disso, será necessário definir qual é a idade limite para que o jogador seja considerado da “base”. A ideia mais forte, por enquanto, é que ele seja sub-20.


Globo transmitirá sozinha partidas do Paulista-2017 na TV aberta
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Eduardo Ohata

A Globo transmitirá o Campeonato Paulista de 2017 com exclusividade na TV aberta. A emissora chegou a colocar no mercado a proposta de sublicenciamento dos direitos, inclusive com a antiga parceira Band, porém esbarrou nos efeitos da crise financeira.

Apesar de a Band ter mantido os direitos da Liga dos Campeões, após inicialmente ter indicado que abriria mão deles, a transmissão do campeonato da Uefa implica em investimentos mais modestos do que o de um Paulista ou Brasileiro.

Enquanto um jogo da Liga pode ser realizado “off tube”, com narrador, comentarista, produtor e editor acomodados em um estúdio, um Paulista implica custo não apenas com os direitos, mas com logística, incluindo a presença de caminhões “in loco” para transmissão do sinal, deslocamento de repórter de campo, narrador, comentarista, técnicos etc, entre outros gastos.

Globo e a eventual sublicenciada dividiriam a transmissão do mesmo jogo, como já ocorria com a Band. Ou seria colocada à disposição uma partida de menor atratividade. A limitação acontece porque no planejamento da Globosat entram as grades de suas outras mídias, como o SporTV (TV por assinatura) e o Premiere (pay-per-view).

A redundância, em um período de crise, também é apontada como um dos “vilões” a afastar o Paulista-2017 de outras emissoras: Seria difícil para o departamento comercial de uma eventual emissora parceira procurar, no atual momento, patrocinadores para um produto que já estará na grade de outra emissora de TV aberta, e com maior potencial de audiência.

Este ano, em nota conjunta, Band e Globo anunciaram a poucos dias do início da competição, que “por motivos financeiros”, a emissora paulista não exibiria os jogos do Brasileiro. Sua equipe de esportes, posteriormente, sofreu importantes baixas, como a do ex-jogador Edmundo.


“Mundial de 51 do Palmeiras lavou a alma do Brasil”, diz emocionado Mustafá
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Eduardo Ohata

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Foi na última gestão de Mustafá Contursi, 76, à frente do Palmeiras que surgiu a ideia de buscar o reconhecimento, na Fifa, do Mundial de 51 do clube, conquistado na Copa Rio. A importância do título para o Brasil, e não apenas para torcida palmeirense, foi grande, já que o Brasil sofrera um ano antes o trauma do “maracanazo”.

Responsável pela campanha que foi até a entidade máxima do futebol em busca da oficialização, Mustafá emocionou-se fortemente durante entrevista ao blog ao falar sobre o assunto, ficou com os olhos marejados, a voz embargada, e irritou-se profundamente ao ser lembrado que muitos criticam a conquista palmeirense, afirmando que o Mundial do Palmeiras foi conquistado “no fax”, em função do pronunciamento da Fifa ter vindo muitos anos depois. “Só os medíocres dizem isso, não sabem o bem que fez à auto-estima do brasileiro e nem conhecem sua importância histórica”, argumenta, ao mesmo tempo em que eleva a voz.

Para o cartola, apenas o Mundial do Corinthians, conquistado em 2.000, é passível de comparação por ter o formato mais ou menos parecido com o do Mundial de 51. Os outros, segundo Mustafá, pode-se dizer que são Mundiais “de perfumaria”.

A conquista palmeirense completou 65 anos em julho e, mesmo sempre questionada por torcedores rivais, foi destacada e parabenizada pela Fifa.  A campanha de Mustafá foi encampada também pela CBF, que em 2007 enviou um documento ao clube do Palestra Itália afirmando que a Fifa reconhecia ali o clube como primeiro campeão mundial de clubes.

Em 2014, a campanha foi encampada também pelo Ministério do Esporte brasileiro, e após análise de seu comitê executivo, a Fifa enviou um documento para o Palmeiras e CBF sobre a conquista do Mundial. O procedimento é semelhante ao que a entidade máxima do futebol dá ao extinto Mundial Interclubes, em que ela reconhece como título de abrangência planetária sem conceder distinção ou honraria. Assim, diferencia os do seu campeonato mundial, inciado em 2000.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Como surgiu a ideia de buscar o reconhecimento do Mundial de 1951

Em primeiro lugar, nunca abrimos mão de considerar aquele o primeiro Mundial de clubes, pelas circunstâncias do momento, dificuldades de comunicação, precariedade dos transportes, pela derrota do Brasil na Copa de 50, que arrasou o futebol brasileiro. Contribuímos com o início da reabilitação do futebol brasileiro, que depois passou por uma seleção razoável em 54 e que culminou com a grande conquista de 58, repetida em 62. O Mundial de 51 foi uma competição que até hoje não há uma igual. Para se ter ideia da importância desse torneio, quero lembrar que nem a Uefa existia à época em que aconteceu. Para você ver a importância que teve esse torneio que reuniu equipes da Europa, equipes sulamericanas num torneio de 8 clubes, com 2 chaves e decisão de semifinal e final.

Arqueologia da Copa Rio

Começamos a trabalhar logo após comemorarmos o jubileu de ouro da Copa Rio, em 2001. Naquele momento começamos a colher depoimentos, resgatar fatos históricos nos países dos times que participaram, em bibliotecas, museus e dentro da Fifa.

Reação do então presidente da CBF Ricardo Teixeira

A ideia foi recebida com entusiasmo por todo mundo. Mas primeiro preparamos um dossiê bancado pelo Palmeiras, profissionalmente desenvolvido pela editora B2, que em dois anos de trabalho produziu uma monografia, um DVD e um vídeo-documentário com depoimentos de jogadores ainda vivos daqui e de fora. Eu era membro da Fifa na época, tinha os caminhos de encaminhamento ao comitê executivo. O Affonso Della Monica, que era o presidente da época, não pôde viajar e designou o diretor-administrativo Roberto Frizzo para entregar na Fifa esse dossiê. Até que em 2009 houve uma primeira correspondência na qual a Fifa reconhecia aquela competição como tendo os moldes de um Mundial e, em 2014, aí sim, a legitimidade foi concedida pelo comitê executivo da Fifa.

Processo difícil

Os dirigentes da Fifa da época não tinham a dimensão do que foi essa competição. Só depois de analisarem o dossiê e todo o material gravado, é que eles começaram a analisar a grandeza e importância dessa competição. Depois de 50 anos da conquista, esse material possibilitou o reconhecimento, então foi uma maneira de reconquistar o que o mundo todo reconheceu em 1951.

Precursor do Mundial do Corinthians

Aquela [o Mundial de 2.000] não era uma competição oficializada, mas experimental, promovida pela Fifa, e que com justiça foi oficializada depois. Os moldes da competição foram exatamente os mesmos: Duas chaves de quatro, uma no Rio e outra em São Paulo, classificava dois de cada chave, semifinal e final. Só que o de 51 aconteceu em uma época de muito mais dificuldade e muito menos recursos. O mundo ainda estava se recuperando de uma guerra mundial. Trazer quatro equipes da Europa, quatro da América do Sul, devia ser difícil chegar do Uruguai para cá, não é como hoje que em 1h45 minutos…

Qual foi melhor, o Mundial do Palmeiras ou o do Corinthians?

O formato foi exatamente o mesmo. Mas não vamos falar ‘Mundial do Palmeiras’, porque foi uma conquista do futebol brasileiro. Estávamos acima de paixões clubísticas. O Brasil todo torceu pelo Palmeiras, não era o Palmeiras que estava em campo. Era o Brasil, esse era o espírito do torcedor. Ou você acha que 116 mil pessoas no Maracanã, no Rio, eram todos palmeirenses? Eram os brasileiros torcendo. O título lavou a alma do Brasil. Mas em 2000 não tiveram duas finais. Semifinal foi um jogo e a final, outro jogo. Em 51, foram dois jogos semifinais e 2 jogos finais. Muito mais difícil de você ganhar. Você decidir em uma só partida, se terminar empatada vai para pênalti, é muito mais fácil do que disputar duas partidas e administrar o saldo de gols. Na final, ganhamos o primeiro jogo da Juventus e empatamos o segundo. E, se não me engano, nas semifinais também ganhamos um do Vasco e empatamos o outro.

Mundial do fax

Nós não ganhamos o Mundial pelo fax. A nosso conquista foi mundialmente reconhecida na época como um Mundial de clubes, só não teve a oficialização porque as organizações na época não tinham a dimensão que têm hoje. Mas a competição foi muito mais valorosa do que as competições de agora, nas quais alguns times são campeões em uma só partida final e outros entram jogando uma semifinal e final. Não disputam fase de classificação de quatro clubes, uma semifinal e final em jogos de ida e volta. [Ironizando] Naquele tempo pode ter sido uma conquista por telegrama, não por fax, que nem existia na época. Mas hoje talvez a conquista de um Mundial seja uma conquista de perfumaria, porque nem se compete entre os clubes classificados para chegar ao título. Não tenho dúvida de que aquela conquista teve mais valor. Se querem ironizar a maior conquista de clubes brasileiros… [51] foi muito mais importante tecnicamente do que qualquer outro Mundial, exceto 2000, que teve os mesmos moldes de organização, mas que não teve duas finais.

Como o futuro cartola acompanhou o Mundial

Eu tinha dez anos, estava de férias em Santos, em uma daquelas pensões na avenida Presidente Wilson. Naquela época você passava 30 dias de férias em uma pensão, com refeição completa. A praia de Santos, eu sinto emoção até hoje, a avenida da praia, foi um corso [Carnaval] só. Os carros todos com decorações referentes ao Palmeiras [olhos começam a marejar], é… A avenida inteirinha [voz fica embargada], naquela hora todos os brasileiros eram palmeirenses [silêncio]. [Elevando a voz] Os medíocres de hoje em dia não conseguem valorizar. Hoje, o que existe, é um monte de dinheiro, muitos caras que um dia estão aqui, amanhã estão lá, e não dão valor à emoção de uma conquista. É um negócio, estão torcendo para ver quanto vai entrar de dinheiro. O cara hoje em dia pensa, terceiro lugar, vou ganhar 5 milhões, vou para a Sul-Americana, e pegar TV de mais três jogos. Esses são os executivos, os CEOs, por isso eles não valorizam as competições daquela época.

Conquista subvalorizada?

O palmeirense nunca deixou de se orgulhar. É bom que os caras de marketing fiquem longe porque só fazem porcaria. Deixem a emoção com o torcedor, com os associados. [Os marqueteiros] gastam um monte de dinheiro, e não entra nada [nos cofres].


Globo está sem parceira para transmitir jogos do Paulista-2017 na TV aberta
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Eduardo Ohata

A Globo está sem parceira para transmitir os jogos do Paulista-2017 na TV aberta, assim como aconteceu com o Brasileiro-2016, o blog apurou. A Band foi a parceira da Globo na última edição do Estadual e do Brasileiro-2015.

Porém a emissora paulista deixou este ano de exibir partidas do Nacional em parceria com a Globo. À época do anúncio de que a Band deixaria de transmitir os jogos do Brasileiro, pouco antes do início da competição, a razão alegada foram “motivos financeiros”.

Fontes ligadas à negociação entre as emissoras confirmaram que elas, até o momento, tampouco chegaram a um acordo sobre o Estadual do ano que vem.

O fato de a Band ter os direitos de transmitir a Liga dos Campeões não pode ser usado como um parâmetro.

Primeiro, porque o desembolso com a competição da Uefa é bem mais modesto do que o que ocorre com o Brasileiro e o Paulista. No primeiro caso, o produto chega pronto, no segundo, há os custos com logística, por exemplo. Até a forma de transmissão é diferente: Enquanto a Globo não transmite as primeiras partidas da Champions, e para isso necessita que outro canal o faça, a emissora transmite os jogos do Paulista e do Brasileiro desde o início das competições.

Ou seja, Paulista e Brasileiro são bastante similares, bem diferentes da Liga dos Campeões.

Até mesmo no caso da Liga dos Campeões, pelo menos uma outra emissora de TV aberta baseada em São Paulo havia sido procurada pela Globo, até que a Band confirmasse os direitos desta edição da competição à última hora.

A necessidade da Globo por uma parceira não passa pelo Cade (Conselho de Administração de Defesa Econômica), mas pelo financeiro. Busca-se um parceiro para dividir os custos logísticos. Desde o início do ano, têm se buscado maior sinergia entre Globo e Globosat (SporTV), resultando em iniciativas como o compartilhamento do uso dos caminhões de transmissão de sinal. A proposta foi posteriormente estendida a emissoras parceiras, que também adotaram a prática.