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Arquivo : Wada

Sob ameaça de desfiliação, ministro viaja para falar com agência antidoping
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Eduardo Ohata

O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, viajou para o Canadá, onde fará uma visita à sede da Wada (agência mundial antidoping).

A visita é de cortesia, mas tem claramente um tom político, especialmente à luz da recente ameaça da Wada de desfiliar o Brasil caso não entre em conformidade com seu código emitida logo após a Rio-2016.

Picciani pretende argumentar que o ministério vem de um período de transição, logo seguido pela organização da Olimpíada e dos Jogos Paraolímpicos.

Para mostrar em que o setor como um todo fala a mesma língua no Brasil, Picciani viajou acompanhado de Rogerio Sampaio, secretário da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) e Eduardo de Rose, especialista em doping com forte presença no COB (Comitê Olímpico do Brasil).

Em meio aos Jogos Olímpicos do Rio, o setor enfrentou uma crise, quando o especialista em doping Luis Horta, ex-funcionário da ABCD acusou o COB de pedir para que o número de exames fora de competição diminuísse e o ministério de práticas que colocariam o sigilo dos testes em risco. COB e ministério negaram.

“[Nesta terça] haverá uma reunião na Wada em que eu e Rogério Sampaio vamos mostrar o esforço que o Brasil tem feito no controle de dopagem, nos mecanismos desenvolvidos para esse fim. Nós aprovamos recentemente uma legislação, com um processo para a instalação de um tribunal antidoping”, frisou Leonardo Picciani.

O tribunal independente, para evitar pressão de entidades esportivas, que julgará casos de doping no Brasil será formado por um número igual de homens e mulheres. No momento em que há protestos pela pouca representatividade da mulher em cargos de autoridade, o Conselho Nacional do Esporte (órgão do Ministério do Esporte) bateu na tecla da igualdade ao definir a composição do tribunal.

O CNE indicará os membros do tribunal, que não poderão estar no exercício de mandato em outros órgãos da justiça desportiva.


Comitê Olímpico Internacional pede cadeia para quem participar de doping
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Eduardo Ohata

O COI (Comitê Olímpico Internacional) sugeriu neste sábado, durante reunião em Lausanne, na Suíça, que membros da equipe de atletas que participarem de processo de dopagem sejam imputados criminalmente por seus atos. Entre os profissionais citados estão treinadores, médicos, fisioterapeutas etc.

A reunião contou com a presença do presidente da Wada (Agência Mundial Antidoping), Craig Reedie, além da cúpula do próprio COI.

Hoje, técnicos que participam de doping enfrentam punições esportivas, como suspensões, mas não sanções criminais.

Para que a meta do COI se torne realidade, porém, as legislações dos países membros teriam que ser ajustados para garantir uniformidade nas ações punitivas. O comitê também pediu aos governos de seus países-membros atuem em uníssono com suas orientações por meio de uma agência como a Unesco, braço da ONU que cuida de programas para a educação, ciência e cultura, por exemplo.

Um outro ponto que o COI abordou foi o aumento da proteção da confidencialidade de informações para evitar o vazamentos. Durante a Olimpíada Rio-2016, houve uma polêmica envolvendo ex-funcionário da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Luis Horta, Comitê Olímpico do Brasil e Ministério do Esporte.

Horta acusou o COB de pedir que a ABCD diminuísse o volume de testes-surpresa nos atletas e o ministério de requisitar de antemão informações sobre testes antidoping que teriam que ser mantidas em sigilo para impedir fraudes.

“O exames antidoping têm que ser independentes das entidades esportivas”, afirma documento do COI ao qual o blog teve acesso.

O escândalo de doping russo, que evitou que inúmeros atletas do país competissem na Rio-2016 foi um dos destaques negativos dos Jogos.

Resta saber se a Wada terá força política, fundos e pessoal suficientes para implementar uma ação dessas dimensões. Hoje, suas ações se concentram mais em países esportivamente relevantes ou compromissados em realizar grandes eventos, como os Jogos Olímpicos.


Agência mundial antidoping pede 4 anos de gancho para brasileira olímpica
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Eduardo Ohata

A Wada, agência mundial antidoping, entrará com recurso na Corte Arbitral do Esporte pedindo 4 anos de suspensão para a velocista brasileira Ana Claudia Lemos, já classificada à Olimpíada do Rio-2016, baseado no artigo 10.2.1, do Código Mundial Antidopagem, este blog apurou. A Wada pediu que a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem reúna a documentação necessária, que já está em fase de tradução.

Exame antidoping detectou no sistema de Ana Claudia traços do anabolizante oxandrolona, que causa melhora do desempenho atlético. Sua presença foi confirmada após a abertura da amostra “B”, requisitada pela atleta.

A ABCD classifica como “impossível” a hipótese de contaminação do suplemento utilizado pela atleta pelo hormônio oxandrolona durante sua produção em farmácia de manipulação. Essa foi justamente a tese apresentada pela defesa da atleta em julgamento em segunda instância no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, de que no mesmo dia e no mesmo laboratório em que foi produzido o suplemento de Ana Claudia, também foi manipulada certa quantidade de Oxandrolona.

Como resultado, Ana Claudia foi suspensa por um prazo de cinco meses, retroativo à data do flagrante. Na prática, a duração da punição deixa a atleta livre para competir nos Jogos Olímpicos do Rio, que acontecem no mês de agosto.

O recurso da Wada junto à CAS se baseará no fato de que o registro mantido pela farmácia, que não está sujeito a modificações a partir do momento em que é alimentado com os dados de cada fórmula produzida, informa que o suplemento de Ana Claudia foi preparado no período da manhã, enquanto o hormônio Oxandrolona foi manipulado à tarde, depois que a suplementação já estava pronta.

Ou seja, o documento argumenta que, em uma situação hipotética de contaminação, seria possível aparecer traços do suplemento na Oxandrolona, mas não traços de Oxandrolona no suplemento.

O documento também lança mão de uma uma segunda argumentação, que se baseia nos procedimentos exigidos e fiscalizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e seguidos pelos filiados da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais).

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Durante visita do blog a uma farmácia que segue esses padrões, representante da Anfarmag explicou que suplementos e anabolizantes, como é o caso da Oxandrolona, são produzidos por equipamentos diferentes, higienizados após cada operação, em locais diferentes, separados por corredores, ante-salas e portas, submetidos a pressões atmosféricas diferentes (o que dificulta a permanência de resquícios na roupa), e produzidos por profissionais distintos paramentados por indumentárias descartáveis.

O material produzido pela ABCD/Wada, que será encaminhado à CAS, inclui fotos como as que acompanham esse texto.

Na semana passada, Ana Claudia foi desligada do Clube de Atletismo BM&FBovespa sob a alegação de que a atleta violou o Código de Conduta e ao regulamento do clube.

 

Sala para manipulação de hormônios conta com ante-sala e pressão atmosférica diferente à dos demais ambientes

Bancada conta com dois exaustores

Bancada conta com dois exaustores


Após exigência, tribunal da CBF ataca criação de fórum único para o doping
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Eduardo Ohata

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBF criticou novamente a criação de um tribunal específico para o julgamento de casos de dopagem, mesmo após a Wada (Agência Mundial Antidoping) ter encaminhado uma carta ao Ministério do Esporte, publicada em seu site na internet, confirmando que trata-se de uma demanda da agência e cujo não-cumprimento põe em risco o credenciamento do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, no Rio, que deve fazer os exames antidoping da Olimpíada do Rio.

“O STJD  e a Procuradoria da Justiça Desportiva… deliberaram manifestar seu REPÚDIO à iniciativa da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem de criação de um Tribunal único para julgar doping no Brasil. A ideia da ABCD, apoia pelo Ministério do Esporte e sugerida à… Wada, não encontra respaldo nas normas nacionais ou internacionais aplicáveis à espécie”, critica nota assinada pelo presidente do STJD, Caio Cesar Rocha Vieira, e pelo procurador-geral Paulo Schmitt.

Procurado pelo blog, o secretário nacional da ABCD, Marco Aurelio Klein, reafirmou que a exigência partiu da Wada e informou que a ABCD não terá ingerência sobre o tribunal independente, já que nem sequer seus integrantes indicará.

“O diretor-geral da Wada já deixou claro ao ministro [do Esporte] George Hilton que essa é uma iniciativa da Agência Mundial Antidoping”, esclarece Klein. “A ABCD não irá interferir no tribunal, sequer indicará seus membros.”

O governo federal busca meios para alterar a legislação desportiva para a criação do tribunal independente e evitar assim o descredenciamento que impediria o país de realizar testes antidopagem da Olimpíada no Rio. O Brasil precisa aprovar até 18 de março sua criação.

 


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