O baiano, treinado por Luis Carlos Dórea, o mesmo que levou Popó a seu primeiro título mundial, muito à vontade, mostrou muitas qualidades contra um rival mais experiente, que entrou no ringue com 4 vitórias, 2 derrotas e 2 empates.
Nem a pressão e agressividade, mesmo que atabalhoada, do americano fez com Robson perdesse a tranquilidade, o que seria perdoável por se tratar de um estreante.
Mas não, Robson, paciente, lançou golpes em combinações, trabalhou bem a linha de cintura e soube administrar a energia para um número maior de assaltos, o que são características de um veterano de algumas lutas profissionais já.
O brasileiro, apelidado de “Nino”, tampouco se movimentou desnecessariamente, pecado de muito lutador que faz a transição de amador para profissional.
Além do trabalho do estafe do brasileiro, isso se deve também à aproximação das regras do amadorismo às do profissionalismo (ênfase na agressividade, aposentadoria do sistema computadorizado que privilegiava os “toques” em vez dos golpes contundentes, retirada do capacete protetor etc) e de sua participação na World Series of Boxing, liga semi-profissional da Aiba (entidade que controla o boxe olímpico).
Início promissor.
]]>A qualificatória aberta a atletas do WSB, liga semi-profissional da Aiba, APB, liga profissional da Aiba, e profissionais não-ligados à Aiba está prevista para acontecer entre 3 e 8 de julho em Vargas, na Venezuela, e distribuirá 26 vagas: 3 vagas para cada uma das categorias entre 49 quilos e 81 quilos, e uma vaga cada para a categoria pesado (até 91 quilos) e superpesado (acima de 91 quilos).
Nos últimos dias, o interesse de profissionais para participar dos Jogos não era grande, este blog apurou com fontes ligadas à Aiba.
Uma das possíveis causas da “falta de interesse” pode ser a ameaça da parte do Conselho Mundial de Boxe, mais importante entidade do boxe profissional, de banir de seus rankings por dois anos atletas classificados até o 15º posto que subirem nos ringues do Rio. Posteriormente, a Federação Internacional de Boxe seguiu seus passos e também anunciou punições.
Essas medidas afugentaram pugilistas interessados em participar da Olimpíada, que se assustaram com as ameaças de suspensão.
Um deles é o peso-pesado profissional Raphael Zumbano, último representante em atividade do clã Jofre-Zumbano, que gostaria de conquistar o último “troféu” que falta à galeria do clã: uma medalha olímpica.
A Confederação Brasileira de Boxe mostrou-se aberta à possibilidade de Zumbano participar de uma seletiva interna para o classificatório aberto apenas a profissionais, mas Zumbano desistiu da ideia.
“Queria muito participar de uma Olimpíada”, lamenta Zumbano, que quer evitar problemas com o CMB, que além dos mundiais, mantém títulos regionais, como o sul-americano e o norte-americano. “Mas quem sabe em 2020 [nos Jogos de Tóquio]?”
]]>Não caíram bem para Mateus as palavras de Maurício Sulaiman, presidente do Conselho Mundial de Boxe, mais importante entidade do boxe profissional, que afirmou a este blog que misturar profissionais e amadores era receita de “tragédia” na Olimpíada do Rio-16.
“Hoje, no boxe de nível olímpico, só tem lutador com 18 anos ou mais e geralmente com cem lutas. Na olimpíada [atualmente] só tem lutador rodado”, enumera Mateus, que acredita que o prazo de 60 dias até os Jogos afastará os grandes nomes da Rio-2016.
As regras diferentes do boxe amador também fazem Mateus acreditar que não haverá massacres.
“No boxe profissional, os atletas pesam no dia anterior e têm 24 horas para recuperar 10, 12, 14 quilos de peso até a hora da luta. No amadorismo, você pesa todos os dias, às 7h e se bobear às 11h já está lutando. Ou seja, não tem o tempo para recuperar tanto peso como no profissionalismo. Se o [russo campeão mundial] Sergey Kovalev vier mesmo para o Rio como saiu em um site, ele não poderá lutar na categoria dele no profissionalismo, mas em outra seis quilos acima, por conta de a pesagem ser no mesmo dia.”
“[Na olimpíada] as luvas são maiores [10 onças, ao invés de 8], as ataduras são feitas de modo diferente ao profissionalismo”, compara Mateus. “É possível que algum grande nome mantenha no amadorismo a pegada que tem no profissionalismo? Sim, mas acho difícil. Pode até acontecer, mas acho difícil acontecer uma tragédia nos ringues da Olimpíada do Rio.”
“Não vai ter nenhum menino contra assassino na Rio-2016”, resume Mateus.
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O dirigente mexicano alerta, em carta aberta enviada com exclusividade a esse blog, que essa é uma das “mais perigosas ações contra o esporte que foi um dos fundadores da Olimpíada” e refuta comparações com o que acontece no basquete com o Dream Team.
“O boxe não é [como o basquete] um jogo onde se anota pontos ou cestas, é um esporte de alta periculosidade à integridade física, especialmente quando há disparidade [de nível técnico] entre os competidores”.
“É altamente perigoso pensar que qualquer boxeador profissional, não importa seu nível, possa competir contra qualquer boxeador amador na Olimpíada”, afirma Sulaiman. “Fica nas mãos de todos aqueles que votaram a favor dessa medida a responsabilidade por uma possível tragédia que mancharia com sangue inocente suas mãos e sua moral, marcada exclusivamente pela marca do dinheiro”.
Segundo o dirigente, ele espera que os únicos boxeadores profissionais que participem dos Jogos do Rio sejam atletas do nível de principiantes acostumados a apenas lutas de quatro assaltos [lutas por título acontecem em 12 assaltos].
Confira a íntegra do documento abaixo:
“O Conselho Mundial Boxe, firme em sua oposição à participação de boxeadores profissionais nos Jogos Olímpicos do Rio-2016
O Conselho Mundial de Boxe tem expressado incansavelmente sua preocupação, a mesma de milhares de pessoas da comunidade do boxe mundial, em relação à proposta da Aiba de permitir que boxeadores profissionais lutem nos Jogos Olímpicos do Rio.
Essa decisão, que foi anunciada hoje [ontem], marca a história do boxe como uma das mais perigosas ações que alguém já cometeu contra o esporte que nasceu 8.000 anos A.C.; o esporte que foi um dos fundadores das olimpíadas originais e o esporte dos poucos que oferecem oportunidade a qualquer país de obter uma medalha olímpica sem importar sua economia, sua estrutura social ou cultural.
O boxe não é um jogo onde se anotam pontos ou cestas; é um esporte de alta periculosidade para a integridade física, especialmente quando há disparidade entre os competidores.
A Rio-2016 corre o risco de ficar marcada como uma olimpíada trágica se a Aiba não proceder com o máximo cuidado ao estabelecer seu plano de trabalho. É altamente perigoso pensar que qualquer boxeador profissional, não importa seu nível, possa competir com qualquer boxeador amador na Olimpíada.
No boxe profissional existem níveis, normalmente são estabelecidos por meio do número de assaltos que se compete, sejam quatro, seis, oito, dez, ou as lutas de título que são em 12 assaltos. Logicamente é impensável que um novato de quatro assaltos vá competir contra um campeão em 12 assaltos.
A objeção absoluta e total a esse assunto está baseada na preocupação com a segurança dos atletas, mas há outras graves incongruências na maneira de proceder da Aiba o que estão publicando hoje [ontem] em seu press release.
Um de seus comunicados fala de um estudo médico que determina a abolição do protetor de cabeça para as lutas [uma das novidades da Olimpíada do Rio], enquanto na realidade tal estudo carece absoluta e totalmente de uma interpretação médica e só engloba estatísticas com um alto grau de confusão e manipulação em sua interpretação.
Por outro lado reconhecem como “Boxeador Profissional Não-Aiba” qualquer boxeador profissional que deseje participar da Olimpíada. Há evidências intermináveis de práticas monopolísticas e de abuso de poder que a Aiba aplicou em muitos países, prejudicando no processo o boxe amador e acabando com estruturas e plataformas para a proteção desse esporte no mundo.
Há muitos outros assuntos para rebater e combater no que a Aiba faz, mas o assunto principal, sem dúvida alguma, é a grave preocupação do que pode acontecer nessa olimpíada quando acontecerem, se é que irão acontecer, lutas entre boxeadores novatos e jovens com boxeadores experientes no boxe profissional, com diferente estrutura física e mental.
O único motivo para a Aiba tomar essa decisão é evidentemente comercial, e se atreve a se comparar [o boxe] com outros esportes, como o basquete, o tênis etc.
Temos ainda a esperança de que qualquer boxeador profissional que for à Olimpíada do Rio-2016 seja de um nível básico e elementar, por exemplo boxeadores de quatro assaltos, e que não participem campeões mundiais ou boxeadores que pelos motivos explanados anteriormente possam chegar a causar danos permanentes a boxeadores amadores.
Fica na mão de todos aqueles que votaram a favor dessa medida a responsabilidade por uma possível tragédia que encheria de sangue inocente suas mãos e sua moral que está marcada exclusivamente pela marca do dinheiro”.
Além de manifestações de várias entidades do boxe como a União Europeia de Boxe, Federação Norte-Americana de Boxe e Federação do Oriente e Pacífico, o dirigente destacou manifestações de ex-campeões contra a decisão da Aiba. A seguir, o resumo de algumas delas:
“Permitir que profissionais lutem com amadores é um crime. Coloca em risco vidas e carreiras de jovens boxeadores” – Julio Cesar Chávez, ex-campeão em várias categorias de peso.
“De repente você poderia ter alguém como [o ex-campeão profissional dos pesados] Wladimir Klitschko, que foi ouro em Atlanta-96, e tem muito mais experiência, contra um garoto de 18 anos com apenas 10 lutas” – Lennox Lewis, ex-campeão mundial dos pesados e campeão olímpico super-pesado na olimpíada de Seul-88.
“Quando um garoto de 17 anos da Suécia enfrentar um americano campeão mundial de 30 anos e for colocado em coma, todos irão perguntar: “Por que permitiram que isso acontecesse?” David Haye, ex-campeão dos pesados
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Como parte da promoção dessa nova era, está quase acertada a participação do legendário “Sugar” Ray Leonard no sorteio das lutas dos Jogos Olímpicos do Rio.
A Aiba ainda enviará os critérios às confederações nacionais para que os profissionais possam participar. O que já está certo é que os profissionais poderão participar da última qualificatória olímpica apenas nas categorias em aberto, nas quais ninguém ainda se classificou. Ou seja, profissionais não tomarão as vagas de ninguém que já esteja classificado, que era um dos principais temores da parte de atletas e dirigentes.
A decisão da Aiba vale apenas para os Jogos Olímpicos. Competições como os mundiais, por exemplo, seguem fechados para boxeadores profissionais.
A idade para participação em Olimpíada segue com o teto de 40 anos.
As entidades do boxe profissional, como o Conselho Mundial de Boxe, têm criticado a decisão da Aiba, que inclusive mudou sua nomenclatura. Sob o comando do presidente CK Wu, retirou o “Amador” do antigo nome “Associação Internacional de Boxe Amador” e agora é apenas “Associação Internacional de Boxe”.
Campeões olímpicos do passado, como George Foreman, por exemplo, já se manifestaram contra profissionais na olimpíada.
Mas CK Wu defende a mudança, citando a participação do “Dream Team” nos Jogos.
Os Jogos do Rio terão outras duas novidades: a retirada do capacete protetor e a mudança no sistema de pontuação, que privilegiará mais a agressividade do que o simples toque das luvas no adversário.
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“Não vou mais buscar vaga na seleção brasileira, meu interesse era enfrentar o Pacquiao”, justificou Popó, ex-campeão dos superpenas e dos leves. “Minha participação nessa olimpíada será como comentarista de boxe da Globo [Sportv].”
A notícia de que Pacquiao desistiu de vez de participar da Olimpíada do Rio foi divulgada pelo jornalista Ryan Songalia, da versão online da tradicional publicação “The Ring”, que cita como fonte a federação filipina de boxe, que havia garantido uma vaga nos Jogos do Rio para Pacquiao. O filipino afirmou que prefere focar sua atenção em sua carreira como político.
A possibilidade de Pacquiao participar dos Jogos motivou Popó a pedir uma vaga na seleção brasileira. A confederação brasileira havia se mostrado aberta à possibilidade.
A Aiba (Associação Internacional de Boxe) define no próximo dia 1º se profissionais poderão ou não participar da Olimpíada do Rio.
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“Se o [ex-campeão profissional Manny “Pacman”] Pacquaio participar da Olimpíada, quero participar também. Ninguém da seleção brasileira teria chance com ele. Não quero desmerecer ninguém, mas essa é a verdade”, explicou Popó, que conduziu a tocha no início da noite desta terça-feira a convite da Coca-Cola.
“A confederação [brasileira de boxe] precisa dar o valor a um tetracampeão de boxe [como eu]. Tem gente na seleção que vai a uma, duas, três, quatro olimpíadas sem resultado nenhum e a confederação insiste nos mesmos”, complementa.
A confederação já se manifestou a favor de Popó participar de uma seletiva interna para garantir sua vaga na seleção, caso a Aiba permita, de fato, a presença de profissionais na Olimpíada.
Durante sua carreira amadora, Popó não chegou a disputar a Olimpíada, por motivos financeiros.
O lutador tem como grande incentivador neste nova empreitada pelo empresário Armando Fernandes, dono da Monumento Sports, que o apoiava desde a época do amadorismo.
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O ex-campeão mundial de boxe Acelino “Popó” Freitas, 40, se colocou à disposição da Confederação Brasileira de Boxe para representar o Brasil na Olimpíada do Rio-2016. A Aiba (Associação Internacional de Boxe) decide em assembleia no próximo dia 1º se permitirá ou não a participação de pugilistas profissionais na competição nos Jogos Olímpicos do Rio.
“Se a confederação permitir, quero participar da Olimpíada, seria uma honra, um sonho, poder representar o país”, afirmou Popó a este blog. “Tem gente que participou de três, quatro, cinco olimpíadas e nunca trouxe nada. Comigo, é resultado garantido.”
“Queria muito ter participado da Olimpíada de Atlanta [em 1996], mas por causa da minha situação financeira tive que passar para o profissionalismo antes [dos Jogos] para não passar fome”, complementa o boxeador, que tem como principal incentivador na empreitada olímpica Armando Fernandes, proprietário da Monumento Sports, que apoia Popó desde a época do amadorismo.
O baiano, que como profissional foi campeão mundial nas categorias superpena e leve, tem uma motivação especial para integrar a seleção olímpica. “Dizem que o [Manny “Pacman”] Pacquiao vai participar da Rio-2016, para mim seria uma honra enfrentá-lo.”
Há tempos Popó insiste em enfrentar o filipino. “Seria uma disputa entre dois boxeadores que se tornaram políticos”, não se cansa de repetir Popó, que ocupou uma cadeira no Congresso como deputado federal pela Bahia.
Popó, que pesa atualmente 78 quilos, afirma que poderia competir em qualquer categoria entre 64 quilos e 69 quilos, já que durante sua carreira conseguia perder vários quilos às vésperas de suas lutas. Se a Aiba aprovar a participação de profissionais e Pacquiao confirmar sua participação, o filipino deverá competir na categoria até 64 quilos (meio-médios).
“Já estou acertado como comentarista na Olimpíada do [canal] Sportv, mas abro mão disso se me derem a chance de competir na Olimpíada.”
Da parte da confederação, não haveria objeção, caso a Aiba aprove a participação de profissionais nos Jogos.
“É quase certo que a Aiba irá aprovar a mudança”, afirma Mauro Silva, presidente da CBBoxe. “Se o Popó quiser, ele pode disputar a vaga da categoria até 79 quilos [médios] com o Roberto Custódio. Eles fariam um confronto entre eles e o vencedor iria para o Azerbaijão, em julho, buscar a classificação olímpica.”
“Mas não sei se o Popó poderia participar por conta da idade”, aponta Silva. “O regulamento atual proíbe quem tem mais de 40 anos de participar de Olimpíada, e o Popó completará 41 anos em setembro [a Olimpíada acontece em agosto]. Mas isso pode mudar.”
]]>Primeiro, o que na minha opinião são as boas notícias.
Em entrevista a este blog, CK Wu, presidente da Aiba, entidade que controla o boxe na Olimpíada, garantiu que não haverá injustiças. Quem já garantiu sua vaga não corre mais o risco de perdê-la, ouviu, Robson Conceição? Como consequência direta dessa decisão, se o congresso da Aiba definir dia 1º de junho pela participação de boxeadores profissionais na Olimpíada do Rio, o que ainda é um grande SE, haverá um “teto” de no máximo 26 vagas para a participação de profissionais. É esse o número de vagas em jogo na última qualificatória, que será disputada entre o fim de junho e início de julho. E os profissionais selecionados por suas confederações nacionais para ir aos Jogos ainda terão de disputar essas 26 vagas com amadores. No total, haverá 250 boxeadores na Olimpíada.
As más notícias? Se os profissionais participarem dessa última seletiva, e se ela de fato ocorrer no começo de julho, os profissionais terão apenas um mês para se preparar para a Olimpíada.
À primeira vista, parece fácil. Afinal, profissionais estão preparados para lutar até 12 assaltos de 3 minutos cada, e os amadores lutam apenas 3 assaltos de três minutos cada, certo? Mas o ritmo é totalmente diferente. Enquanto o profissional é treinado para dosar sua performance, os amadores saem com tudo, já que estão acostumados com o pouco tempo para definir o vencedor de um combate.
Se a vantagem do profissional fosse tão automática, não teriam feito tanto esforço na década de 70 para tentar realizar a “luta dos sonhos” entre o tricampeão mundial profissional dos pesados Muhammad Ali e o cubano tricampeão olímpico Teófilo Stevenson.
É muito pouco tempo para um profissional se adaptar.
E nem adianta os profissionais começarem a treinar desde já, pois os critérios serão definidos após o congresso extraordinário. E nenhum promotor de boxe que se preze liberaria seu contratado a participar dos Jogos tão encima da hora.
Uma solução muito melhor seria aprovar a mudança, mas efetivá-la somente na Olimpíada de Tóquio, daqui a quatro anos, quando haveria tempo hábil para todos estarem plenamente adaptados à novidade.
E como fica o Comitê Olímpico Internacional nessa história? O COI, oficialmente, diz não saber sobre essa possível mudança de regras.
CK Wu, porém, diz que o COI tem ciência e apoia totalmente a novidade, que tornaria o boxe nos Jogos muito mais comercial. E aponta que vários outros esportes na Olimpíada tem a presença de profissionais. Verdade, o maior exemplo é o basquete, com as várias encarnações do “Dream Team”. Olhando para nosso próprio umbigo, o futebol olímpico também permite a participação de pros.
De novo, vou bater na tecla de que testar a novidade antes dos Jogos é uma necessidade. Por que não, perguntei a CK Wu, a introdução de profissionais não foi testada no Mundial do Qatar? A vantagem adicional é a implantação nem teria tido que passar pelo crivo do COI, já que a Aiba tem total autonomia no gerenciamento dos Mundiais.
“Essa é uma mudança histórica, então tínhamos que ter a família da Aiba inteira por trás da decisão antes de torná-la pública”, argumentou Wu. “Fizemos uma pesquisa e, em uma reunião em Manchester, os 110 delegados que participaram deram retornos positivos [à ideia de profissionais na Olimpíada]. O passo final acontecerá no congresso extraordinário no dia primeiro de junho.”
]]>Ex-campeão mundial dos pesos-pesados e ex-campeão olímpico, o americano George Foreman criticou a polêmica iniciativa de permitirem que lutadores profissionais participem dos Jogos Olímpicos divulgado recentemente pelo presidente da AIBA (Associação Internacional de Boxe), CK Wu.
“Sou contra profissionais na Olimpíada, nunca gostei dessa ideia”, posicionou-se Foreman, durante contato telefônico com este blog. “Os Jogos Olímpicos têm a ver com honra, não com dinheiro. Profissionalismo quer dizer ‘por dinheiro’. Quando fui campeão olímpico, lutei pela honra, não por dólares ou centavos. Ao abrir [a Olimpíada] para profissionais, tudo passa a ser em função do dinheiro.”
Durante a Olimpíada do México, Foreman festejou o ouro olímpico acenando do pódio para o público com uma bandeirinha norte-americana. Durante toda a carreira de “Big” George, a imagem foi usada na promoção de seus combates mais importantes. E é justamente esse momento que faz Foreman criticar a participação de profissionais na Olimpíada, ao ser questionado sobre o que acharia se a novidade estivesse em vigor em 1968.
“Ohhh, teria sido terrível. Eu não teria tido chance”, imagina o ex-campeão. “[Se implantarem essa regra] será o fim de uma coisa boa, o fim do amadorismo. Fim de jogo, sem chance. Não dá para um amador competir com um profissional. [A Olimpíada] passará a ser sobre o dinheiro, e eu acho que todos devem ter a oportunidade de ser felizes.”
Foreman, porém, nutre a esperança de que os dirigentes mudem de ideia e não coloquem em prática a ideia.
“Espero que eles [dirigentes da Aiba] mudem de ideia, senão será uma boa coisa que eles estarão estragando. Não dá para você falar para os profissionais não participarem, todos vão querer [lutar na Olimpíada].”
Após se tornar campeão olímpico, seguindo os passos de Joe Frazier e Muhammad Ali (este na categoria dos meio-pesados), só aí Foreman passou para o profissionalismo. Conquistou o título mundial dos pesos-pesados.
“Big” George participou da luta mais famosa da história do boxe, a “Rumble in the Jungle” (“Batalha na Selva”), que rendeu livro de Norman Mailer (“A Luta”) e o documentário ganhador do Oscar (“Quando Éramos Reis”). Tornou-se pastor, ficou fora dos ringues durante dez anos, voltou a lutar e recuperou o título mundial dos pesados aos 45 anos de idade.