Lars Grael já esteve à porta do outro mundo. Mas voltou. Ele conta como foi
Eduardo Ohata
Um dos episódios mais impressionantes da vida do (duas vezes) medalhista olímpico Lars Grael foi a experiência de ter estado fora do corpo, às portas que dão para o além-vida. O que viu, como foi, o que sentiu enquanto estava fora do corpo, e a torcida silenciosa para que depois de os médicos terem desistido de revivê-lo, algum deles continuasse a tentar é um dos saborosos relatos do livro “Lars Grael, Um Líder Para Nossos Tempos'', do qual tenho o prazer de ser o co-autor.
O livro terá lançamento HOJE à noite, a partir das 19h, na Livraria Saraiva do bairro de Botafogo, NO RIO, com presença do Lars. Infelizmente, por questões de agenda, não estarei presente neste e nem no lançamento de Brasília, marcado para esta quarta-feira. Mas aproveito para convidar os amigos e todos os interessados em esporte ou personagens com toques bastante humanos, para o lançamento em SÃO PAULO, na Livraria da Vila (Fradique Coutinho), NO PRÓXIMO DIA 8.
Bom, voltando à experiência espiritual de Lars, logo após perder a perna em um acidente com uma lancha em 1998, foi assim:
“De repente, estava na parte de cima da ambulância, olhando de cima para baixo para meu corpo, para o médico mexendo em mim, tentando freneticamente me reanimar. Não sentia dor, mas um grande bem-estar, uma sensação de conforto e paz. Era como se estivesse com um restinho pequeno de lucidez de paciente e com a sensação de uma pessoa morta. Fiquei observando tudo aquilo com distanciamento. Era como se eu nada pudesse fazer, não estava no controle de nada, já não pensava em minha família. Era apenas um espectador… [Mais tarde] Foi angustiante quando percebi que a equipe médica estava desistindo e já começava a se desmobilizar [após eu sofrer outra parada cardíaca]. 'Estou aqui, estou vivo ainda. Continuem, por favor. eles não podem desistir logo agora', era o que eu pensava''.
Outros momentos surpreendentes da autobiografia incluem, mas não se limitam a:
– No melhor estilo McGyver, como Lars transformou uma banana em um equipamento náutico.
– Os bastidores do pós-acidente de Lars, e como a recuperação foi totalmente diferente do conto de fadas divulgado pela mídia à época.
– O episódio de bullying que Lars sofreu no refeitório dos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, pós-acidente; como foi o insulto e a melancólica decisão que tomou, da qual Lars se arrepende até hoje.
– As jogadas políticas e a rasteira que impediu que Lars se tornasse vice-governador de São Paulo.