Oposição corintiana quer empregado de presidente fora de órgão fiscalizador
Eduardo Ohata
Um grupo de influentes conselheiros do Corinthians encaminharam ao conselho deliberativo do clube pedido para que um dos membros do conselho fiscal, identificado como funcionário de uma empresa do presidente, Roberto Andrade, abandone o órgão.
Os conselheiros alegam que há um conflito de interesse, pois segundo o documento, Marco Antonio Augustinelli é funcionário da concessionária Nova, da qual o presidente corintiano é um dos sócios-proprietários.
''Não se pode garantir a isenção e independência desse conselheiro fiscal, na medida em que vinculado ao presidente… mantendo com ele relação empregatícia e em clara posição comprometedora de sua atuação e fiscalização, até porque subalterno ao fiscalizado'', aponta o documento, que na sequência frisa a condição. ''Como se exigir independência necessária deste membro do Conselho Fiscal quando na realidade é ele empregado da pessoa a ser fiscalizada?''
''Importante lembrar, ainda, que o Estatuto de nosso clube estabelece que o membro do Conselho Fiscal tem a obrigatoriedade de verificar os balancetes mensais, verificar a escrituração, analisar a proposta orçamentária, fiscalizar a correção dos trabalhos contábeis, apontar as irregularidades, etc'', argumentam os conselheiros que assinam a carta.
O documento lembra que tal situação vai contra as regras do Profut, programa de saneamento fiscal ao qual o Corinthians aderiu, e que coloca em risco a participação do clube do Parque São Jorge no programa.
Ele aponta que ''a lei do Profut estabelece a obrigatoriedade da existência e autonomia do conselho fiscal''.
''O Conselho Fiscal, que nem criou regimento ainda, foi omisso ao esconder que exigências do Profut não estão sendo cumpridas, o que pode levar à desfiliação do Corinthians do programa. Denunciar erros administrativos ou violações da lei ou estatuto é uma das obrigações do conselho'', disparou o conselheiro Romeu Tuma Junior, ex-secretário nacional de segurança, que assina o documento ao lado de outros nomes expressivos no clube, como o ex-presidente do Cori Alexandre Husni, e juristas como Thales de Oliveira [promotor] e Leandro Jorge Cano [juiz].
No documento, porém, não é apontada qualquer forma de desvio de conduta de Augustinelli, apenas a suspeição por causa da relação empregatícia com o presidente.
Membros do conselho disseram que Augustinelli já teria sido substituído, pois o conselho teria se antecipado à reclamação oficial, mas a informação não foi confirmada pelo Corinthians.
Em nota, o Corinthians respondeu que ''O Sport Club Corinthians Paulista através de seu presidente, Roberto de Andrade, informa que todos os membros do conselho fiscal do clube foram eleitos, e não colocados pela diretoria. Márcio Antônio Augustinelli está de licença de suas atividades para que a comissão de ética dê um parecer para o conselho deliberativo do clube votar. O outro membro, Jonas Rabelo dos Santos, [que seria funcionário de um dos vice-presidentes] deixou o conselho fiscal''.