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Arquivo : Judô

Será que isso se repetirá com Ronda Rousey ao assinar seu contrato hoje?
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Eduardo Ohata

As imagens acima falam por si e representam uma típica assinatura de contrato na firma de telecatch WWE, com a qual a ex-campeã e estrela do UFC Ronda Rousey assina contrato de longa duração na noite deste domingo (25), durante o evento Elimination Chamber.

Todas as cerimônias de assinatura de contrato da empresa nas últimas décadas, sem exceção, terminaram em pancadaria, uma forma de atrair a atenção e promover futuros eventos especiais de telecatch disponíveis nos EUA exclusivamente para assinantes da WWE Network.

As mesas onde os contratos são assinados acabam se tornando “armas” ao ser arremessadas nos adversários, cadeiras “voam” e invariavelmente há confronto físico entre os atletas, que têm que ser separados por árbitros, seguranças e outros atletas. Foi assim, por exemplo, que em 2003, o público assistiu o dono da WWE, Vince McMahon, furar a canetadas o rosto do famoso grandalhão Hulk Hogan (que interpretou o lutador de telecatch “Thunderlips” em “Rocky 3”) e o forçar a assinar o contrato com seu próprio sangue.

(Alerta de spoiler): Claro que dá para entender porque ninguém foi preso pois sabemos que os resultados do telecatch são pré-determinados; as lutas, coreografadas; e que a ação e as falas dentro e fora do ringue seguem (literalmente) um script. Quando um atleta sangra, geralmente é porque ele mesmo provocou o corte em si mesmo com uma gilete que trazia escondida em seu uniforme.

Mas é fato que a cerimônia de assinatura de contrato de Ronda não será uma simples assinatura do contrato. A depender de quem aparecer no momento para confrontar Ronda, será possível ter uma ideia de quais serão as principais rivais de Ronda e o que planeja a WWE para seus primeiros meses na companhia. O fato é que os planos são de longo prazo, pois Ronda aparece em destaque nos ingressos que já começam a ser comercializados do evento especial Survivor Series, marcado para o dia 18 de novembro.

A companhia controlou as demonstrações públicas de ciúmes que partiram das futuras colegas de Ronda. A WWE chegou a divulgar um vídeo no qual uma de suas críticas nas mídias sociais, a ex-campeã Charlotte Flair, agora elogia feitos de Ronda dentro do esporte.


Racha no judô respinga em preparação para Jogos Olímpicos do Rio-2016
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Eduardo Ohata

Um racha entre o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley, e dirigentes da Confederação Pan-Americana de Judô, da qual o brasileiro foi obrigado a deixar  a presidência, respinga na preparação para os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

O efeito imediato foi a perda do Pan de judô para Cuba. A competição serviria para testar procedimentos de organização, além de servir de oportunidade para os atletas olímpicos brasileiros sentirem a pressão de participar  de uma competição no palco da Olimpíada e melhorar suas colocações no ranking da FIJ (Federação Internacional de Judô) para saírem como cabeças-de-chave.

O brasileiro foi destituído do cargo durante uma assembléia da CPJ realizada em Miami, no fim do ano passado, e que contou com a presença de um representante da FIJ, que supervisionou a reunião. Os países membros da confederação decidiram, por 18 votos a 1, destituir o brasileiro, o secretário-geral, Fernando Garcia, e também o tesoureiro-geral, Luis Cheves, que compunham o comitê executivo da CPJ. O relatório financeiro apresentado pelo comitê executivo tampouco foi aprovado.

Votação registrada em ata

Votação registrada em ata

“Fui eleito presidente da CPJ em 2009, reeleito em 2013 por unanimidade e me afastei em outubro de 2015 por decisão da assembleia. A prestação [de contas] foi aprovada no comitê executivo da CPJ e sequer analisada pela assembleia antes de ser reprovada”, defendeu-se Paulo Wanderley. Segundo a CPJ, o relatório foi rejeitado porque o comitê executivo não havia enviado a prestação de contas em tempo para ser examinado pelos membros da assembleia, apresentando o relatório de última hora.

Posteriormente à reunião, foi encaminhada uma apelação à Corte Arbitral do Esporte para recolocar o trio em seus cargos no comitê executivo, porém o tribunal manteve o resultado.

Corte Arbitral do Esporte não reverteu resultado

Corte Arbitral do Esporte não reverteu resultado

 

Os motivos elencados pelos dirigentes para a retirada de Paulo Wanderley incluem a “tentativa de concentração de poder, a tomada de decisões sem consulta prévia a países membros e destituição de dirigentes que se opunham a seus pontos de vista”.

“Ele [Paulo Wanderley] não entendeu que os países membros mandam todos juntos. Se alguém não o agradava ou não estava de acordo com suas decisões, [Paulo Wanderley] os destituía. Eu mesmo sou um exemplo”, argumentou Manuel Larrañaga, atual presidente da CPJ e da Federação Mexicana de Judô. “Houve um caso em que pedimos que não tirasse o diretor esportivo, pois havia recém-descoberto que estava com câncer, além de ter problemas sérios em sua vida pessoal e profissional. Pedimos que não o demitisse, mas ele [Paulo Wanderley] o tirou.”

A disputa política respingou na preparação de atletas para a Olimpíada do Rio e da própria cidade.

O Pan de judô, marcado para abril, no Rio, foi transferido do Rio para Cuba. O motivo apresentado em notificação pelos 22 países membros que assinaram documento no qual se recusaram a vir competir no Rio foi que “por conta do relacionamento [com a CBJ], não há garantia [de ambiente] de confraternização… onde pode estar em risco o desenvolvimento normal do evento… último classificatório para os Jogos Olímpicos para a maioria dos atleta do continente”.

Em documento da CPJ, membros pedem transferência do Pan de judô

Em documento da CPJ, membros pedem transferência do Pan de judô

“Desconheço essa alegação. A CBJ é uma instituição independente, estável e construiu ao longo dos anos uma relação de confiança com seus parceiros, já tendo inclusive renovado contratos de patrocínio com Bradesco e Cielo para o próximo ciclo olímpico”, diz Paulo Wanderley.

A CBJ também aponta que houve prejuízo para a organização da Olimpíada do Rio.

“O Pan serviria para testar procedimentos de organização para a Olimpíada, seria um ótimo laboratório para a Olimpíada o Rio, um treino para toda sua equipe de trabalho. Foi assim antes dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e de Toronto. E seria a mesma coisa para a Olimpíada [do Rio]”, aponta Ney Wilson, coordenador técnico da CBJ. Não havia sido definido em que ginásio seria realizado o Pan de judô.

“A organização do judô nos Jogos Olímpicos não terá uma segunda chance de treinar seus processos e pessoas envolvidas neles. E os atletas e comissões técnicas do continente perdem uma oportunidade de viver o clima olímpico numa data bem próxima ao início dos Jogos”, argumenta Paulo Wanderley.

“Os atletas [estrangeiros] perderam a chance de conhecer instalações olímpicas antes dos Jogos e os brasileiros, a oportunidade de lutar em uma situação de  pressão dentro de casa a poucos meses da Olimpíada e de buscar um melhor posicionamento no ranking da FIJ, já que todos buscam um melhor posicionamento para sair como cabeças-de-chave [o que na teoria propicia um caminho mais fácil até a medalha de ouro]”, complementa Wilson.

A CBJ programou um evento-teste para os Jogos do Rio para esta semana na Arena Carioca 1, dentro do Parque Olímpico, onde será realizada a disputa olímpica. Mas o evento-teste oficial não terá igual relevância do Pan, que contaria pontos para o ranking adulto da FIJ e que não reuniria atletas do adulto, e não apenas atletas de base, como será com o evento-teste.


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