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Arquivo : Sertão

Primeiro medalhista do boxe retoma carreira que produziu campeão mundial
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Eduardo Ohata

O primeiro brasileiro medalhista de boxe, Servílio de Oliveira, 69, retomará a carreira de manager em meio a coincidências e datas importantes em sua carreira. Após oito anos, ele repetirá parceria com o filho e técnico Ivan de Oliveira, o Pitu, ao lado de quem levou o baiano Valdemir Pereira, o Sertão, ao título de campeão dos penas da Federação Internacional de Boxe, em 20 de janeiro de 2006.

“Fiquei parado por causa da faculdade de direito”, justifica Servílio. “Mas terminei [o curso], e agora que estou voltando, vou me dedicar ao boxe até o fim da vida.”

A estreia do novo pupilo, o supergalo Rubens Diego dos Santos, o “Manchinha”, está prevista para o próximo dia 20, às 15h, no Teatro CEU de São Mateus. Trata-se do aniversário de 12 anos da data em que Sertão foi campeão da FIB, ao superar o tailandês Phafrakorb Rakkietgym. Neste ano também a medalha de bronze de Servílio, conquistada na Olimpíada do México, em 1968, completa 50 anos, e o próprio Servílio atingirá os 70 anos. E ele voltará a formar dupla com o filho Pitu, com quem trabalhou em dupla pela última vez em 2010, quando gerenciou a carreira de Jackson “Demolidor” Junior. Segundo Servílio, trata-se de uma série de coincidências.

“Nada foi planejado por causa das datas, as coisas foram acontecendo”, explica o ex-lutador, que teve a carreira interrompida por causa de um descolamento de retina sofrido na década de 70. “[Risos] Mas acho que [essas coincidências] são um bom presságio…”

O objetivo?

“Esse Manchinha, entre outros lutadores que nós temos, incluindo meu neto ‘Bolinha’ têm qualidade para chegar a um título mundial; se conseguimos uma vez, acho que podemos fazer outro campeão mundial…”, conclui Servílio.

 


À distância, ex-campeão Sertão orienta via WhatsApp conterrâneo no ringue
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Eduardo Ohata

De Cruz das Almas, na Bahia, Valdemir Pereira, o Sertão, ex-campeão pena da Federação Internacional de Boxe, troca mensagens via WhatsApp com Ruan Pablo, 14. O garoto acaba de se sagrar campeão paulista de sua categoria sobre o atual campeão brasileiro, Caique Santos.

Juan Pablo (à frente), com a medalha de campeão

“Sou da mesma cidade do Sertão, o pessoal apontava para ele na rua quando eu era criança e me diziam que ele tinha sido campeão mundial. Um dia fui falar com ele, fiquei animado porque um campeão mundial tinha saído da minha cidade”, relembra Ruan.

“Nos falamos pelo WhatsApp, ele pergunta como estou, me incentiva, me dá dicas, ou me orienta sobre como lidar com problemas, diz que um mau momento está aí para ser superado. Ele dá motivação”, conta o jovem pugilista, que espera seguir os passos do mentor.

Sertão retornou à sua cidade natal para viver com a família, onde trabalha como empacotador em uma loja, após se aposentar dos ringues por questão ligada à saúde. De lá, e com a ajuda de amigos, luta para não ser esquecido. No ano retrasado, foi inaugurado um busto com os rostos de Eder Jofre, Miguel de Oliveira e Popó, na cidade de Santos, porém Sertão foi deixado de lado, apesar de o título da FIB estar entre os três mais importantes.

Coincidentemente, ao migrar de Cruz das Almas para São Paulo, em busca de melhores condições de treinamento, Ruan se tornou pupilo de Ivan de Oliveira. Pitu, como também é conhecido o técnico, é nada mais, nada menos, do que o ex-treinador de Sertão, que o dirigiu na luta em que conquistou o título mundial, sobre o tailandês Fahprakorb Rakkiatgym, em 2006.

“Eu não sabia que o Pitu tinha sido técnico do Sertão. Mas como ele gosta de contar histórias, ele falou do Sertão algumas vezes. Foi aí que eu soube que o Pitu tinha sido treinador do Sertão”, explica Ruan, que vive com a família do treinador e mais três atletas, como parte de um projeto que o treinador mantém, que chegou a abrigar nove atletas antes da crise atingir o país (clique no link se desejar colaborar).

O filho mais novo de Pitu, Luiz Gabriel, o “Bolinha”, também foi campeão na última edição do Paulista, também sobre um campeão brasileiro.

“Essas vitórias, sobre campeões nacionais, nos deixaram muito animados para o Brasileiro, que acontece em julho”, festeja Pitu, que é filho de Servilio de Oliveira, primeiro medalhista olímpico do boxe brasileiro.


Técnico de brasileiro campeão mundial volta a se testar na elite do boxe
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Eduardo Ohata

Ivan de Oliveira, o Pitu, foi o técnico de Sertão quando ele conquistou o cinturão da Federação Internacional de Boxe, em 2006. O baiano sagrou-se o quarto brasileiro a conquistar um título mundial, juntando-se a Eder Jofre, Miguel de Oliveira e o conterrâneo Popó.

Em 2010, quando a A.D. São Caetano interrompeu os trabalhos com modalidades olímpicas, Pitu se viu forçado a buscar outras áreas de atuação fora do boxe para se sustentar (Pitu também é músico). Um dos atletas que, à época, ficaram “órfãos” de Pitu era o promissor Jackson Junior. Doeu para Pitu ter de deixá-lo partir, pois juntos construíram um cartel invicto em 10 lutas profissionais.

Pois bem. O mundo deu suas voltas, Pitu voltou a trabalhar com lutas, entrou no mundo do MMA, trabalha no córner do lutador do UFC Demian Maia, que aliás já passou da hora de ganhar uma nova oportunidade por um título, entre outros, com boxeadores amadores no projeto “Garimpando o Ouro Olímpico”, e também mantém parceria com seu irmão, Gabriel de Oliveira, na dupla Oliveira Brothers.

Jackson, por sua vez, sofreu sua primeira derrota em 2014, após somar 16 vitórias seguidas, e desde então vem alternando vitórias e derrotas (5 vitórias e 4 derrotas).

Mas desde 2010, Pitu tem uma sensação de “trabalho inacabado” em relação a Jackson, 30 anos. Então não foi surpresa quando um pedido para assumir o treinamento do ex-pupilo na preparação contra um adversário ranqueado despertou a curiosidade de Ivan.

O adversário é o turco Avni Yildirim, 9º do ranking do Conselho Mundial de Boxe, 24 anos, invicto em 9 lutas (5 nocautes), dono do cinturão de campeão “de prata” internacional do CMB. Apelidado de “Sr. Robô”, tem no cartel uma vitória sobre o ex-campeão mundial dos meio-pesados Glen Johnson (se bem que Johnson tem quase 50 anos). Yildirim está à frente no ranking, por exemplo, do ex-campeão Jean Pascal. A luta está prevista para o dia 6 de maio, em Berlin.

À primeira vista, parece um combate perigoso para o brasileiro, cujo cartel registra 20 vitórias (18 nocautes) e 5 derrotas. Mas para Pitu, que “viu algo”, a oportunidade não poderia ser melhor.

“O estilo dele [Yildirim] não ‘casa’ bem com o do Jackson”, explica Pitu. “O Jackson não se dá bem com quem boxeia e se movimenta muito. Mas o turco gosta é de bater, lutar parado. Ele jabeia [aplica golpe preparatório de esquerda], não se move e nem ‘pega’ tanto. Outra coisa é que logo depois de estrear ele [Yildirim] ficou um ano parado, então aí tem coisa. E ele tem poucas lutas.”

“Estou voltando porque acredito nele [Jackson], com uma vitória, quem sabe onde podemos chegar?”, pergunta, de forma retórica.

Quando Sertão foi campeão mundial com Pitu, poucos acreditavam. E fizeram história juntos.


Em aniversário de 10 anos de título mundial, Sertão vive com salário mínimo
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Eduardo Ohata

Sertão, ou melhor, o baiano Valdemir Pereira, era uma alegria só. Afinal, ele havia acabado de vencer, por pontos, o tailandês Phafrakorb Rakkietgym. Nome engraçado? É porque os boxeadores tailandeses adotam como sobrenome “artístico” o nome de sua academia. Pioneiros no “naming rights”.

Logo após ter seu braço erguido, Sertão ria à toa segurando o cinturão da Federação Internacional de Boxe, abraçado ao técnico Ivan de Oliveira. “Quem ele pensava que era, o Tarzan?”, perguntou para mim, enquanto ainda estávamos no ringue, em referência ao fato de o tailandês ter começado a bater com as duas mãos no próprio peito no décimo assalto, em uma tentativa (infrutífera) de intimidar o brasileiro. Não, nesse caso, nunca é demais descrever detalhes do combate ou do pós-luta, já que não foi transmitido na América do Sul. Os programadores da TV a cabo, apesar de ter os direitos da luta transmitiram para o Brasil partida da NBA, já que o mesmo sinal iria para toda América do Sul.

Poster da luta na qual Sertão sagrou-se campeão mundial pena há exatos 10 anos

Poster da luta na qual Sertão sagrou-se campeão mundial pena há exatos 10 anos

No aeroporto de Connecticut, quando se preparava para retornar ao Brasil, Sertão dizia, “baba aí, Ohata”, ao comprar um colar que trazia pendurado um aparelho de metal que programou para ficar exibindo, em movimentos ininterruptos, de cima para baixo, seu apelido: “Sertão”.

No aeroporto de Guarulhos, Sertão foi barrado na alfândega. Seu manager, Servílio de Oliveira, protestava, “mas ele é campeão mundial”. O fiscal respondeu, “é aí mesmo que a gente vai procurar”. Provavelmente os fiscais ainda se lembravam da polêmica quando os jogadores da seleção campeã da Copa de 94 entraram no Brasil com 15 toneladas a mais de bagagem do que a levada para a Copa dos EUA sem passar pela alfândega e pagar os impostos.

Isso tudo aconteceu há exatos 1o anos.

“Como você vai comemorar os 10 anos do título?”, perguntei nesta terça-feira (19) a Sertão, que voltou a morar na sua cidade natal de Cruz das Almas após perder o título na primeira defesa, para Eric Eiken, e que teve a carreira interrompida por conta de um problema de saúde.

“Vou trabalhar”, respondeu Sertão, que é empacotador em uma loja. “Para fazer festa, tem que ter dinheiro. Eu ganho um salário mínimo e tenho que pagar duas pensões para minhas ex-mulheres e filhos [que estão em São Paulo].”

“Mas me lembro que foi nesta data [hoje, dia 20] que fui campeão mundial, o que foi muito importante para minha vida, minha carreira, minha família”, ressalta Sertão.

Mas, nos 10 anos de seu título, Sertão revela que tem uma mágoa. Ele fala da homenagem feita na cidade de Santos com a inauguração no ano passado de bustos dos também campeões mundiais Eder Jofre, Miguel de Oliveira e Popó. Sertão, ao que tudo indica, foi esquecido. “Fiquei magoado, chateado. Fazer o quê? Vou colocar nas mãos de Deus. Se tiveram quatro campeões mundiais brasileiros, tem que ter quatro estátuas, e não três”, argumenta o ex-boxeador.

A correção dessa injustiça histórica seria um belo presente de aniversário nos dez anos de seu cinturão, não seria?

Sertão comemora em 15 de novembro passado com amigos seus 41 anos

Sertão comemora em 15 de novembro passado com amigos seus 41 anos


Aos 14, neto de 1º medalhista olímpico do boxe planeja luta nos EUA em 2016
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Eduardo Ohata

Neto de Servílio de Oliveira, primeiro brasileiro medalhista olímpico no boxe e filho de Ivan de Oliveira, técnico do ex-campeão pela Federação Internacional de Boxe Sertão, Luiz Gabriel, 14, planeja estrear em 2016 no Golden Gloves, mais prestigioso torneio americano de boxe amador. Ou melhor, seu pai, Ivan, subiu o sarrafo para o filho.

Não. A aventura nos EUA não seria produto de uma desilusão com o precário cenário do boxe brasileiro. Trata-se, na verdade, de um planejamento para completar a sala de troféus da família.

“Falta um campeão mundial [na família]”, diz, em tom reflexivo, Pitu. “Se o Bolinha [apelido de Luiz] ganhar o Golden Gloves, isso fará maravilhas para a carreira dele. O Golden Gloves revelou, por exemplo, o ex-campeão mundial dos pesados Muhammad Ali.

Luiz Gabriel, o Bolinha, durante competição

Luiz Gabriel, o Bolinha, durante competição

No fim de semana passado, Bolinha foi campeão do torneio Galo de Ouro, competição voltada à base do boxe, organizado pela Federação Paulista de Boxe. O título, conquistado na categoria até 48 quilos após duas vitórias por nocaute, fechou o ciclo de Bolinha no pugilismo infantil. Servílio acompanhou a luta do neto, posicionado em um córner neutro com uma câmera na  mão para registrar os golpes de Bolinha. Talvez para provar o que sempre fala quando é questionado sobre o neto: “este é um futuro campeão”.

Mas… Levá-lo para fazer campanha nos EUA? Não seria muito precoce?

“No Golden Gloves ele lutaria com garotos de sua idade, na categoria cadete [entre 15 e 16 anos]”, tranquiliza Pitu.”Acompanhei o Mundial de cadetes, os americanos lutam bem, mas acredito que meu menino pode competir com eles pau a pau.”

O desafio mais difícil, prevê, está mesmo fora do ringue. “É uma viagem com custo alto, passagem aérea, estadia…”

Após a eventual disputa do Golden Gloves Bolinha retornaria para o Brasil para seguir competindo em torneios como o Brasileiro, onde pretende baixar de peso para lutar: passaria para os 46 quilos.

Segundo Pitu, como o filho costuma treinar com atletas mais velhos, até 17 anos, ou mais pesados, consegue assimilar melhor os golpes que vêm em sua direção durante uma competição.

“Ele é um bezerro, mas estou treinando igual cavalo”, resume Pitu, cujo filho faz parte do programa Garimpando o Ouro Olímpico tocado por ele e pelo irmão Gabriel, os Oliveira Brothers, voltado majoritariamente a jovens carentes e para o qual, não esconde, são sempre bem-vindas colaborações de empresas ou mesmo pessoas físicas.


Brasileiro mostra boas perspectivas a médio prazo para o pugilismo nacional
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Eduardo Ohata

O Campeonato Brasileiro de boxe amador, aquele tipo que é disputado na Olimpíada,  aconteceu este ano em Sergipe. Pedi para o treinador Ivan de Oliveira, o Pitu, técnico que levou o brasileiro Sertão ao título mundial e que hoje treina Demian Maia no MMA, que além de orientar seus pupilos no torneio, atuasse como meu olheiro.

A análise, fria, da competição traz boas notícias para o pugilismo nacional a médio e longo prazos.

Pitu retornou animado de Sergipe com boas notícias, pois segundo ele, especialmente na categoria juvenil o Brasil está bem servido para no médio prazo substituir os destaques do amadorismo que migraram para o profissionalismo ou aqueles que não vem mais apresentando resultado no ringue. Houve também o caso de lutador da seleção principal sofrendo derrota, o que é bom sinal para o futuro do boxe brasileiro [O atleta pode até não ser substituído, mas na pior das hipóteses pelo menos ganhou um “coelho”. A preocupação dele é relevante, pois o Brasil perdeu os irmãos [Esquiva e Yamaguchi] Falcão para o profissionalismo, bem como o campeão mundial amador Everton Lopes, que pelo currículo certamente poderiam fazer a diferença nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 ano que vem.

Como vem ocorrendo nos últimos anos, a esquadra baiana dominou o Brasileiro amador.

Abaixo o relato de Pitu sobre o Brasileiro de boxe 2015:

“O 70º Campeonato Brasileiro de boxe AOB ( Aiba Open Boxing ) e o 7º Campeonato Brasileiro Juvenil ocorreram na cidade de Aracaju, em Sergipe, de 7 a 14 deste mês, envolvendo 20 federações do país.

Foram 420 atletas inscritos divididos em duas classes etárias e dez categorias de peso em cada.

Infelizmente, o público de Sergipe não era grande, mas a vontade dos atletas empolgava as delegações que preenchiam os espaços do ginásio do Sesc, no bairro São José, no centro de Aracaju.

O 70º campeonato brasileiro de boxe Juvenil mostrou que o Brasil está sim, muito bem servido de atletas para substituir os olímpicos que migraram ao profissionalismo ou aqueles que por qualquer motivo não vem obtendo mais os resultados de outrora. É óbvio que esta substituição se dará em médio/longo prazo.
As lutas disputadas nesta faixa etária foram de melhor nível técnico do que as realizadas na classe elite, isso no meu modo de ver. Observei a “garotada” jogando um boxe clássico e efetivo, enquanto os lutadores da elite buscavam basicamente o nocaute.

Destaque para a equipe baiana que conquistou o título coletivo na classe juvenil com 4 ouros, 3 pratas e 3 bronzes, garantindo medalha em TODAS as categorias.
Destaque também para a equipe do Rio de Janeiro. A seleção carioca foi a segunda colocada no coletivo garantindo 3 ouros, 1 prata e 1 bronze, seguida por São Paulo que ficou com o 3º lugar coletivo conquistando 1 ouro, 1 prata e 2 bronze.

No âmbito Elite ou AOB, a Bahia também merece destaque.
Conquistou o título coletivo com folga fazendo 6 campeões nacionais em 6 disputas de finais utilizando a sua mescla de atletas jovens com alguns de maior experiência.

O ponto negativo do Campeonato Brasileiro 2015 foi a arbitragem. Árbitros confusos, atuando sobre o tablado sem critério definido e principalmente, julgando de maneira equivocada. Segundo o presidente da CBBoxe, Mauro Silva, talvez a opinião de Pitu seja fruto da falta do entendimento sobre como se julga uma luta atualmente.

É bem verdade que tivemos algumas lutas equilibradas, o que dificulta o julgamento, porém, tivemos muitos outros combates aonde o que aconteceu foi “um batendo e o outro apanhando” e no final do duelo o vitorioso não era o atleta que bateu mas sim o que estava apanhando.

Outro ponto que me chamou a atenção é que a arbitragem, principalmente os árbitros com menor experiência, fizeram muita questão de descontar ponto dos atletas, sendo assim determinantes no resultado dos combates. Como dizem popularmente, árbitro bom é aquele que não é notado, e o que deu pra perceber, é que muitos árbitros que estavam neste campeonato brasileiro estavam buscando o seu espaço, sendo avaliados, e isso acabou atrapalhando o desempenho dos menos experientes.

Outro ponto negativo foi a falta de organização em relação aos horários da competição.
Marcado para ter início às 14:30hs, as rodadas sempre tinham um atraso de 50 minutos a 1h30, por conta da falta da ambulância.
Em uma das 7 rodadas, a competição começou sem ambulância no local, o que é um erro grotesco. A CBBoxe nega a informação, afirmando que chegou a atrasar em 1h30 uma das programações até a ambulância chegar. [Porém, após a resposta da CBBoxe, foi encaminhado a este blog um vídeo no qual é mostrada uma luta em andamento no momento em que uma ambulância chega ao local].

Destaques do Campeonato.

A comissão técnica da Cbboxe escolheu no final do campeonato os melhores atletas.
Na classe juvenil, o destaque foi Paulo Ferreira, campeão dos 56kg. Conhecido como Santo Amaro, o atleta da Bahia mostrou muita habilidade e controle de distância. Paulo, atleta que completa 17 anos em dezembro é treinado pelo elogiável treinador Zinho da cidade de Camaçari que tem um excelente trabalho nas categorias de base e já contribuiu muito com a seleção brasileira com as suas revelações. Paulo é mais uma delas.

Vale destaque também para o atleta da categoria 69kg Gabriel Bomfim do DF que fez um campeonato impecável desbancando as maiores potências do País.

Entre os atletas Elite ou AOB, destaque para o atleta Abner Junior de São Paulo. O peso pesado sorocabano deu um show de técnica frente aos mais experientes atletas do Brasil, vencendo um atleta recém convocado para a seleção brasileira Eduardo Pereira, o popular B.A e outro que tem história no boxe mundial tendo sido inclusive campeão mundial militar Gidelson Oliveira. O feito de Abner merece atenção principalmente por sua pouca idade, 19 anos.

Sem duvida, Abner tem todo o potencial para ser o nosso representante nos jogos olímpicos do próximo ciclo.
Outro atleta que merece destaque entre os adultos é Malvedil Neto, campeão na categoria 60kg.
Neto é produto da academia Champion do renomado treinador Luiz Dorea. É o tipo de lutador que se desloca muito bem sobre o tablado, aplica com maestria a mão esquerda e não desperdiça o direto. Atleta alto e de boa envergadura, Neto sabe muito dessa modalidade.

Destaque que a Cbboxe não dá, mas que na minha opinião deveria.

Melhor treinador. Antônio Cruz de Jesus, o popular Gibi, treinador do estado do Rio de Janeiro. Gibi vem a nove anos desenvolvendo um trabalho fantástico no bairro Nova Holanda, mais precisamente no projeto Luta Pela Paz e desde então, os resultados do Rio de Janeiro vem merecendo destaque. Das quatro finais disputadas pelos cariocas, Gibi e seus pupilos ganharam três e duas delas sobre atletas da Bahia, o que demonstra a força da nova escola carioca.”


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