Opinião: Ronda Rousey será campeã de firma de telecatch que a contratou
Eduardo Ohata
Vamos deixar uma coisa clara logo para começo de conversa: As lutas de telecatch, inclusive da WWE, principal promotora do ocidente e com quem a ex-estrela do UFC Ronda Rousey assinou um contrato, são coreografadas e os resultados, combinados. A ação dentro e fora do ringue segue uma trama detalhada (literalmente) em script.
Mas a WWE tem um histórico de colocar em posições de destaque os ex-lutadores do UFC que já teve sob contrato. A partir da década de 90, a empresa passou a investir em enredos mais realistas (para o telecatch), mirando um público com poder aquisitivo, ao invés de pôr no ringue palhaços (literalmente), cobradores de impostos, índios, lixeiros etc, personagens dirigidos a um público infantil.
Ken Shamrock, que perdeu para Royce Gracie na edição inaugural do UFC, conquistou sob o apelido de “O Homem Mais Perigoso do Mundo” o título intercontinental, à época segundo cinturão em ordem de importância da promoção.
Dan Severn, campeão do UFC 5, reviveu na WWF a rivalidade com Ken Shamrock, para quem perdeu no UFC 6 e a quem derrotou no UFC 9. Em um episódio, subiu ao ringue de terno, gravata e sapatos, para confrontar um lutador e torturá-lo ao aplicar uma chave.
Brock Lesnar foi campeão da WWE antes de conquistar o cinturão dos pesados do UFC, e posteriormente retornou à WWE, onde é o atual campeão universal.
No caso de Ronda, há razões adicionais para acreditar que no futuro ela disputará a conquistará um cinturão feminino da promoção: a WWE tem investido em consolidar uma robusta divisão feminina, dado maior ênfase das mulheres na programação, permitindo inclusive que façam a luta principal do principal programa semanal da franquia, e a reação empolgada do público à entrada de Ronda na arena na Filadélfia no último domingo. Ajudou a “ganhar” o público Ronda ter entrado com uma camisa que trazia o apelido de um dos maiores ídolos do telecatch, “Rowdy” Roddy Piper (para quem ela pediu permissão para emprestar o apelido para usar no UFC).
Os programas semanais da WWE são um tipo de novela na qual a resolução das questões são quase sempre resolvidos no ringue. É aí que mora o calcanhar de Aquiles de Ronda, já que apesar de ela ter experiência como atriz (“Os Mercenários 3”, “Velozes e Furiosos 7” etc), a ex-campeã do UFC não chega nem perto de um Conor McGregor ou um Chael Sonnen no trash talking (provocações).
Mas há soluções para isso. No caso de Shamrock foi criar um personagem meio louco, que falava pouco e entrava meio que em transe. No caso de Lesnar, arrumaram para ele um manager, que é seu porta-voz e fala, lança desafios e provoca os futuros rivais por ele.
No Brasil, os programas semanais da WWE (mas não os especiais vendidos nos EUA em pay-per-view) são exibidos pelo canal Fox Sports 2.