Neto de ex-jogador da seleção brasileira lança ‘Bom Senso dos torcedores’
Eduardo Ohata
Neto de Tite, não, não o técnico, mas o ponta-esquerda da seleção brasileira, que atuou também pelo Santos, Corinthians e Fluminense, Lucas Rios, 32, se lembra de quando o avô convidava ex-jogadores para assistir jogos da seleção em sua casa no Campo Grande, bairro vizinho à Vila Belmiro. Tite, que morreu em 2004, e os amigos como Zito e Coutinho, entre outros, repetiam quase que em coro, ''futebol hoje é muito fraco'', e complementavam com uma ponta de saudosismo, ''na nossa época não era assim…'' E começavam a contar como era desde a época de Pelé – Tite teve o privilégio de acompanhar a primeira partida pela seleção do ''Rei do Futebol'', a quem inclusive ensinou a tocar violão.
''Fiquei com aquela frase, 'na nossa época era diferente' na cabeça. Vi que com o movimento do Bom Senso FC os jogadores, que são os principais atores do futebol, ganharam voz. Aquilo me inspirou'', explica Rios, que trabalha na área de marketing. ''Pensei, sem a torcida não há porquê [de o futebol existir].''
Essa foi a semente do movimento Independência Futebol Clube, cujo Manifesto do Torcedor, um abaixo-assinado, já conta com mais de dez mil assinaturas físicas colhidas em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Santos. Representantes em outros estados estão sendo recrutados. ''Já temos uma pessoa em Manaus que colheu mais de 250 assinaturas, por exemplo'', diz Rios.
O manifesto apresenta várias ideias para a melhoria do futebol brasileiro. Entre elas estão eleições diretas na CBF e nos clubes de futebol, criação de uma liga independente da CBF, gerida pelos próprios clubes, mecanismos que dificultem o êxodo de jogadores para o exterior, maior transparência nas negociações que envolvem os clubes com seus fornecedores, patrocinadores e TVs, a separação entre um técnico para a seleção principal e outra para a equipe olímpica, ações voltadas ao futebol feminino, entre outras ações.
''Queremos ser ouvidos, ter uma voz na agência reguladora do futebol do governo federal [prevista pela MP do Futebol, ou Profut]'', argumenta.
''Cresci com meu avô recebendo amigos para assistir os jogos da seleção em clima festivo. Hoje em dia, ninguém mais tem prazer em assistir os jogos da seleção, ela virou um peso. O que mais se ouve são críticas dirigidas aos técnicos, ao 7 a 1. Estádios vazios, falta de interesse pelos jogos e queda da audiência. E os cartolas mais importantes do país, um teve que se afastar, outro anda nos EUA com uma tornozeleira'', aponta Rios.
''Estamos vivendo uma janela de oportunidades no futebol. Em parte pelo que aconteceu com a Fifa e sua repercussão aqui no Brasil, criou-se uma janela de oportunidades para mudanças.''
Mas há espaço para temas leves mais na agenda do movimento. ''Planejamos criar um prêmio 'Mané Garrincha' para o drible mais bonito do ano, montar um museu itinerante do futebol que leve referências nacionais aos meninos que crescem por esses rincões. Hoje, por esse Brasil, tem mais garotos com camisas da Inter de Milão, Real Madrid, Barcelona, do que de times do nosso país.''
O movimento pretende, agora, colher assinaturas online. É possível conferir as propostas do Manifesto do Torcedor na internet por meio do link:
http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=futebolparaotorcedor
O movimento Independência Futebol Clube também tem uma página no Facebook:
http://www.facebook.com/ifutebolclube