Blog do Ohata

Detalhes de contrato da Crefisa embolam polêmica de Leila no Palmeiras

Eduardo Ohata

A polêmica em torno da candidatura de Leila Pereira, dona da Crefisa, patrocinadora do Palmeiras, a uma cadeira no conselho do clube se tornou quase que um jogo de xadrez humano, com consequências em mais níveis do que parece à primeira vista.

O contrato de patrocínio da Crefisa, que junto com a Faculdade das Américas injetou no ano cerca de R$ 100 milhões no Palmeiras, vence no dia 21 de janeiro, o blog apurou.

A eleição do conselho deliberativo está prevista para o dia 11 de fevereiro.

Ou seja, quando a eleição acontecer, o contrato de patrocínio já estará renovado, certo?

Errado.

Há no documento uma cláusula que prevê um prazo adicional de 30 dias para a assinatura da renovação do contrato.

Ou seja, se Leila decidir invocar a cláusula, a decisão de renovar o contrato de patrocínio acontecerá após o pleito, à luz de seu resultado.

Uma pessoa próxima a Leila e com trânsito no clube indicou que uma eventual impugnação poderá respingar na renovação.

Mas, mesmo eventualmente eleita, a legalidade da situação de Leila correrá risco, pois o conselho poderá questioná-la.

Outro complicador é o fato de a eleição para conselheiros ser proporcional (como na eleição para vereadores, quando um nome forte ''elege'' outros que vêm na cola).

Uma eventual impugnação da candidatura de Leila, se acontecer após o pleito, pode derrubar os conselheiros eleitos na chapa de Mustafá, uma das mais fortes hoje no conselho deliberativo.

Por isso mesmo o grupo de Mustafá defende não apenas a candidatura de Leila, mas também a de seu marido, José Roberto Lamachia. Como sócio desde 1955, Lamachia não corre risco de sofrer impugnação, como pediu o ex-presidente Paulo Nobre em relação a Leila, como último ato na presidência.

Porém Leila já se manifestou contrária à ideia.

Uma posição de Galiotte sobre a validade, ou não, da candidatura de Leila deixará mais claro os cenários. Se for a favor, esvaziará, e muito, futuros questionamentos no conselho. Se for contra, será a deixa para Mustafá bater o pé em favor do ''Plano B''.

Galiotte terá de pesar também em sua decisão a opinião de Nobre, que apadrinhou sua candidatura e esta semana está de volta de viagem e com quem o clube tem uma dívida de cerca de R$ 100 milhões, corrigidos mensalmente, a serem pagos em até 12 anos.

E, para contextualizar a dimensão que essa polêmica já tomou, a candidatura de Leila, oficialmente, ainda nem existe.