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São Silvestre desclassifica atleta de 56 anos que fez tempo incomum
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Eduardo Ohata

A organização da São Silvestre retirou o corredor José Aparecido Gonçalves, 56, da equipe Porta da Esperança Loterias, de Minas, da classificação da última edição da tradicional corrida de rua. A lista originalmente divulgada apontava que Gonçalves cruzara a linha de chegada em 22º lugar, apesar de não ter largado do pelotão de elite.

A título de comparação, o fundista Solonei Rocha da Silva, primeiro brasileiro a se garantir no atletismo do Rio-2016, chegou só um pouco à frente, em 14º, com o tempo de 46min42s.

Ou seja, Gonçalves largou junto com o povão e terminou a prova em 48min24s, menos de dois minutos depois de nosso representante na Olimpíada do Rio.

Classificação corrigida da São Silvestre, sem o nome do corredor de 56 anos cuja lista original informava que havia terminado em 22º

Classificação corrigida da São Silvestre, sem o nome do corredor de 56 anos que na lista original aparecia como o 22º colocado

“Ele furou o caminho. Não há como ‘enganar’ a tecnologia. Temos quatro ‘tapetes’ [equipamentos eletrônicos] que indicam se ele passou por todos os pontos do percurso”, explicou a este blog Julio Deodoro, da Fundação Cásper Líbero, e diretor-geral da prova. “Trabalhamos com um consultor que há mais de 20 anos está na Confederação Brasileira de Atletismo que já havia cantado a bola de que esse resultado era muito suspeito. Era só uma questão de tempo até confirmar. Ele já está fora [da classificação].”

“Nem o [queniano pentacampeão da São Silvestre] Paul Tergat chegaria nessa colocação aos 56 anos”, argumentou a este blog Julio Deodoro, da Fundação Cásper Líbero, e diretor-geral da prova.

Na nova lista, o 22º lugar é ocupado agora pelo etíope Hailu Beyecha Dibaba, 23, que cumpriu a prova em 48min33s.

À “Folha de S.Paulo”, Gonçalves havia mantido que não cortou caminho e que inclusive achou que “poderia ter ido melhor”. “Não houve furo, cumpri todo o trajeto”, disse.

A performance de Gonçalves, porém, levantou suspeitas. Nas mídias sociais, surgiram insinuações de que o veterano teria “cortado caminho”.

Segundo Deodoro, todos os anos há fraude nas inscrições, mas por outro motivo. “Muita gente diz que tem mais de 60 anos para pegar meia na inscrição”, diz. “Todos eles são desclassificados.”


Cortou caminho? Corredor de 56 anos faz tempo fora do comum na S. Silvestre
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Eduardo Ohata

Na lista de classificação da última edição da São Silvestre, a colocação de um atleta de 56 anos chama a atenção. Apesar de não ter largado do pelotão de elite e da idade, cruzou a linha de chegada em 22º lugar.

A título de comparação, o fundista Solonei Rocha da Silva, primeiro brasileiro a se garantir no atletismo do Rio-2016, chegou só um pouco à frente, em 14º, com o tempo de 46min42s.

Ou seja, José Aparecido Gonçalves, 56, da equipe Porta da Esperança Loterias, de MG, largou junto com o povão e terminou a prova em 48min24s, menos de dois minutos depois de nosso representante na Olimpíada do Rio.

Classificação da São Silvestre, diz que atleta de 56 anos ficou a menos de 2 minutos de representante olímpico

Classificação da São Silvestre, diz que atleta de 56 anos ficou a menos de 2 minutos de representante olímpico

A performance de Gonçalves, porém, levantou suspeitas. Nas mídias sociais, surgiram insinuações de que o veterano teria “cortado caminho”. A organização da São Silvestre, mais tradicional corrida de rua da América do Sul, afirma que investigará o caso e que toda a classificação da prova deve sofrer alterações em relação à que já foi divulgada.

“Nem o [queniano pentacampeão da São Silvestre] Paul Tergat chegaria nessa colocação aos 56 anos”, argumentou a este blog Julio Deodoro, da Fundação Cásper Líbero, e diretor-geral da prova. “Ele furou o caminho. Nossa equipe investigará as imagens para identificar essa pessoa, ele será desclassificado e a classificação da prova sofrerá uma revisão.”

Segundo Deodoro, todos os anos há fraude nas inscrições, mas por outro motivo. “Muita gente diz que tem mais de 60 anos para pegar meia na inscrição”, diz. “Todos eles são desclassificados.”

Harry Thomas, jornalista especializado em corridas de rua, também acredita em fraude.

“Cortadores de caminho é praga que começa a tomar força no running brasileiro, aliás, é algo que acontece no mundo inteiro, talvez motivados pela egolatria e exposição que as Redes Sociais propiciam neste mundo virtual.  Nesta São Silvestre tivemos alguns casos, como a do corredor José Aparecido Gonçalves com um pace de corredor profissional, 3:14 min/km”, aponta Thomas Jr.

“É nítido observando o  vídeo de chegada que o corredor não tem biotipo e nem condições de sustentar um pace desta proporção. Fizemos uma pesquisa em sites de venda de fotos, e vemos esse corredor veterano andando durante o percurso. Portanto, para completar a prova neste tempo só há duas hipóteses: Ter largado junto aos demais e cortado caminho e/ou ter largado horas antes e andar/correr para chegar a Paulista, mas neste caso, sua passagem no tapete de largada não seria computada”, complementa.

“Para finalizar: não há veteranos no Brasil desta faixa etária que correm com essa marca”.

Este blog tentou contato com a unidade da Porta da Esperança Loterias do município de Bicas, onde Gonçalves trabalha, mas ninguém atendeu o telefone.


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