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Globo cede a clubes inédito direito de negociar com emissoras estrangeiras

Eduardo Ohata

A disputa entre Globo e Esporte Interativo pelos direitos do Brasileirão de 2019 a 2024 rendeu aos clubes uma vantagem inédita em sua história: agora eles têm o controle para negociar os direitos internacionais da venda da competição, que foi cedido por ambas emissoras durante as negociações. Atualmente, são adquiridos por cerca de uma centena de países, segundo informou uma pessoa que participou das negociações.

Nos moldes atuais, o dinheiro pago por emissoras de fora para transmitir o Brasileirão entra diretamente para a Globo, responsável pela negociação. A partir de 2019, os clubes receberão o proporcional de cada um nessa venda. Para isso, porém, eles que terão que fazer a negociação, se organizar e se unir, de certa forma.

A adesão dos clubes em bloco como uma organização para negociações comerciais já ocorria nos tempos de Clube dos 13, que teve seu fim no ano de 2011. Porém, até o momento, não há sinalização alguma que aponte para a ressurreição da entidade. Segundo especialistas da área, seria necessário que, no mínimo, dez cartolas dos clubes mais representativos se mobilizassem nessa direção.

''O problema é [os clubes] nos organizarmos para vender os direitos lá fora em conjunto'', argumenta o presidente santista, Modesto Roma. ''Os clubes estão desarticulados desde 2011, mas vamos trabalhar nisso.''

No caso da Globo, foi definido apenas, que ela mantém o direito para transmissão do Brasileiro nos países onde há a Globo Internacional, como os EUA. De toda a forma, mesmo nesses países, a transmissão seria feita em português. Ou seja, haveria espaço para alguma emissora local adquirir os direitos para exibir na língua nativa com narrador e comentarista próprios.

Entre os obstáculos no caminho da atratividade do Brasileiro como atração internacional estão o êxodo das estrelas brasileiras e estádios vazios. Um ex-executivo da emissora se queixava que a Globo tinha que ''fazer mágica'' na edição para diminuir a entrada de cenas de arquibancadas vazias durante as transmissões das partidas.

Caso os clubes de futebol não consigam formar um grupo para negociar os direitos, uma saída que já é contemplada é os clubes entregarem os direitos para a própria Globo, que já tem o know-how na área, negociar fora do país. Obviamente, eles dividiriam com a Globo um valor por negócio fechado, mas que representaria um ''dinheiro novo'' em relação ao contrato que vem sendo praticado até agora.