Odebrecht acusa Corinthians de omissão na manutenção de estádio
Eduardo Ohata
O Corinthians é acusado pela Odebrecht de ficar de braços cruzados em relação a um problema identificado pela auditoria do clube e também de impedir o acesso de integrantes de sua equipe à Arena Corinthians para realizar atividades de prevenção e manutenção, segundo documentação encaminhada ao clube à qual o blog teve acesso.
A nota enviada ao Corinthians reclama que técnicos da Odebrecht identificaram na última sexta-feira [dia 18/11] grande quantidade de lama no reservatório de amortecimento de água de chuvas, um piscinão, como o que existe nas imediações do estádio do Pacaembu. A situação aumenta o risco de acontecer uma enchente nas imediações do estádio.
''Esse material se acumulou ao longo de vários meses e hoje [23 de novembro] tivemos a confirmação de que esta ocorrência já havia sido anteriormente identificada pela auditoria contratada pelo Clube, sem que fosse tomada qualquer providência anterior a esse respeito'', acusa a nota, ao apontar que o Corinthians não segue ações preventivas que constam no manual de uso e operação.
O comunicado à presidência do Corinthians ressalta que a manutenção da arena é de responsabilidade do clube e ressalta que se essa tivesse sido mais eficaz, o problema identificado ''teria sido solucionado há mais tempo, pois não restam dúvidas de que o fato não é recente''.
''Em função do início do período chuvoso, decidimos por precaução, pela imediata mobilização de recursos para a limpeza do local, remoção do material e avaliação das causas. Após análise técnica, identificou-se o desacoplamento de parte das tubulações de águas pluviais na chegada ao piscinão, ocasionando o carreamento do material [lama] no local.''
As chuvas de verão, diz a nota, aumentam o risco de enchentes caso o piscinão siga sem a devida manutenção.
A Construtora relata ter mobilizado um especialista em geotecnia, que esteve na arena na segunda [21/11/2016] para orientar tecnicamente as soluções e ajustes e verificar eventual comprometimento estrutural, o que foi imediatamente descartado.
''Os trabalhos são necessários em função da proximidade do período de chuvas e já estavam em andamento desde a segunda-feira [dia 21/11/2016], até que hoje [23/11/2016] o clube, em conjunto com seu escritório de advocacia, Molina & Reis, de forma unilateral, suspendeu as atividades e ordenou a desmobilização imediata das equipes, inclusive com proibição de acesso de funcionários da Odebrecht na arena.''
Ao finalizar, a Odebrecht alerta que os trabalhos de limpeza devem ocorrer o quanto antes e lava as mãos no caso de continuar sendo impedida de vistoriar o local e fazer os ajustes que acredita serem necessários.
''A construtora se exime de responsabilidade pelas consequências de sua paralisação [da fiscalização e manutenção], bem como dos impactos decorrentes da falta de inspeções de rotina ou manutenção do estádio.''
O Corinthians se pronunciou oficialmente sobre a ''guerra'' com a empreiteira em nota assinada pelo presidente Roberto de Andrade.
O Sport Club Corinthians Paulista não pode permitir que, após as declarações do funcionário e engenheiro da Odebrecht, Ricardo Corregio, na própria mídia e por e-mail ao Clube, afirmando, que a obra ''está concluída'' (sem a concordância/aceite do Clube), que não há riscos ao público e que não entregará mais documentos/Contratos com Terceiros para a auditoria da obra, dentre outras, venha a fazer ''reparos'', que, na realidade, parecem verdadeiras obras, mais precisamente desde o último final de semana, sem que cumpra regras básicas, sob pena de comprometer a referida auditoria que está sendo realizada, bem como impedir que o Clube tenha real conhecimento do que efetivamente ''é'' a obra da Arena Corinthians.
O que fiz, na qualidade de Presidente do Clube, foi disciplinar trabalhos que estavam sendo realizados pela construtora, mesmo após determinação desta Presidência quanto às regras e cautelas necessárias, sendo algumas: apresentação da causa, local exato, empresa que trabalhará, projeto e registros necessários (ART/CREA/Prefeitura/…), quando for o caso, além dos efeitos da não realização dos trabalhos em questão.
Engenheiros da CNO nos enviaram e-mail afirmando que estariam fazendo ''visitas'' nas redes de drenagem e, posteriormente, foi constatado que, na realidade, trata-se de uma ''obra'' bem significativa, com concretagem de mais de 1,5m de altura, o que confirma a necessidade de regras a serem seguidas.
O Sport Club Corinthians Paulista, independente das pessoas que o dirijam, a qualquer época, deve ser preservado como instituição, assim como seu torcedor e público na Arena, sendo exatamente este o motivo da exigência de se cumprir as etapas que devem ser seguidas para tais intervenções. A ausência de respeito a isto, pode nos dar a entender que algo possa estar sendo omitido pela equipe da construtora e, que poderia vir a prejudicar os levantamentos da Auditoria da Obra e ao próprio conhecimento do Clube a respeito de fatos relevantes quanto ao estádio.
Roberto de Andrade