Ex-líder do conselho do Santos pede apuração de suposto desvio de ingressos
Eduardo Ohata
Uma discrepância entre o público pagante anunciado pelo Santos e o apurado após a partida entre Santos e Nacional, no último dia 15, no Pacaembu, gerou suspeita de desvio de ingressos e pedido oficial de apuração protocolado no conselho deliberativo do clube pelo ex-presidente do órgão Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Neto.
O requerimento de Tarquínio, acompanhado com os respectivos prints de tela, aponta que o clube divulgou às 17h59 da tarde da partida válida pela Libertadores, por meio de mídias sociais, que àquela altura o público pagante no Pacaembu já era de 22 mil pessoas, e convocava o torcedor a prestigiar o primeiro jogo do ano na Libertadores no qual o clube tinha o mando de campo. O público pagante oficial da partida, segundo cópia do borderô anexado ao requerimento, foi de 18.077.
Por meio do documento, o conselheiro questiona a discrepância entre os números anunciados pelo clube e os divulgados oficialmente, o ''sumiço'' de 3.927 ingressos, e levanta a possibilidade de desvio de ingressos e eventual prejuízo financeiro ao clube. Ele requisitou que o comitê de gestão do clube instaure uma sindicância para apuração do episódio, e sugere que deva ser acompanhada pela comissão de inquérito e sindicância, composta por integrantes do conselho deliberativo do clube.
Já são mais de 22 mil ingressos vendidos! Só vem, nação santista! #VemProPaca #VamosSerTetraSantos #SANxNAC pic.twitter.com/zcxkUhLb24
— Santos Futebol Clube (@SantosFC) 15 de maço de 2018
Ao ser consultado pelo blog, o ex-presidente do conselho confirmou a autoria do requerimento e criticou falta de transparência e o movimento #VemproPaca.
''Não se pode culpar o mordomo da vez, ou o estagiário do Facebook, alguém deu a informação errada a ele, mandou que aumentasse o público, ou houve devolução irregular de ingressos'', disparou Tarquínio. ''É verdade que assistir os jogos no Pacaembu é gostoso, mas os resultados financeiros verificados nos jogos lá apontam queda de público e arrecadação, e é preciso que os reais motivos que determinaram essa divulgação atabalhoada sejam esclarecidos, se é que foi o ocorrido, ou outra coisa que a investigação trará à tona.''
O episódio foi levantado durante a reunião do conselho deliberativo nesta segunda-feira (26) por Campos Neto, e foi justificado pelo presidente José Carlos Peres, que explicou que o problema se devia à falta de energia recorrente nos jogos do Pacaembu. Segundo conselheiros presentes, ele explicou algo na linha de que como poderia faltar energia no estádio, foram emitidos 4.000 ingressos a mais em caráter de emergência, caso o problema do ''apagão'' voltasse a ocorrer.
''Não entendi, e não concordo com a frágil explicação, talvez ele pudesse explicar como é feita a tal 'produção de emergência de ingressos''', rebateu Tarquínio. ''O requerimento está protocolado, espero que o presidente [do conselho deliberativo], Marcelo Teixeira, faça o devido encaminhamento.''
Procurada pelo blog, a assessoria do Santos explicou que houve uma falha na passagem de dados entre o operacional e a comunicação do clube. Um lote de cerca de 4 mil ingressos físicos, cota de segurança, para ser vendida caso voltasse a acontecer um ''apagão'' foi produzido. Porém, no comunicado do Twitter, os 4 mil foram somados, por engano, aos 18 mil que haviam sido comercializados. A assessoria alega que a maior prova de que não houve irregularidade é o fato de o borderô apontar apenas 18 mil ingressos vendidos.