Queda de braço entre Leila e Mustafá ameaça intensificar racha no Palmeiras
Eduardo Ohata
O primeiro embate direto na queda de braço entre Leila Pereira, dona da patrocinadora Crefisa, e o ex-presidente Mustafá Contursi, com a aprovação da reforma do estatuto nesta segunda-feira (21), expôs um racha interno no Palmeiras, e o risco de ele aumentar. O conselheiro Genaro Marino, do grupo do ex-presidente Paulo Nobre, deixou a votação ladeado por aliados de Mustafá, que discutem com ele a possibilidade de se lançar candidato à presidência do clube.
Mustafá e o presidente Mauricio Galiotte, oficialmente, continuam aliados. Mas companheiros do ex-presidente apontam que Galiotte se posicionou a favor da mudança do mandato de dois para três anos, o que indiretamente facilita uma eventual candidatura de Leila à presidência. Eles alegam que o atual presidente teria feito uso da máquina, oferecendo cargos por votos. Por meio de sua assessoria, Galiotte negou que tenha oferecido cargos em troca de votos, e acrescentou que ninguém estava autorizado a fazê-lo em seu nome.
Logo após a votação, o grupo de Mustafá, capitaneado pelo próprio, se reuniu em uma pizzaria da região para discutir suas próximas estratégias. Pelas contas do grupo, a vitória de Leila aconteceu por uma margem de apenas três votos, o que daria fôlego para futuros enfrentamentos. Mas como, se a aprovação da mudança aconteceu por 143 votos favoráveis à alteração (eram necessários 141), 79 contra e 2 abstenções? O grupo contabilizou como ''contra'' os 79 contra, as duas abstenções e mais os 56 conselheiros que não compareceram. De fato, como o blog havia revelado, uma estratégia de Mustafá foi convencer quem não estivesse à vontade para votar contra a mudança a não aparecer, dificultando que o quórum fosse alcançado.
O fato é que que houve surpresas de ambos os lados, com votos com os quais se contava indo para o lado adversário, conselheiros que deixaram seus grupos porque foram contra a posição adotada por eles, e até pai votando por uma opção e o filho o contrariando, entre outros casos de divisão interna no clube.
A decisão do conselho deliberativo vai, agora, provavelmente em julho, passar pelo crivo do associado, o que promete um novo embate entre Leila e Mustafá.
Paulo Nobre, cujo nome sempre surge quando se fala em eleição no clube, não mostra interesse em retornar, ao menos por hora, como o blog apontou.
Na reunião do conselho também foi aprovada a adequação do estatuto à Lei de Incentivo Fiscal, por meio da qual Leila acenou com mais aportes financeiros.
Por outro lado, Mustafá comemorou o veto à diminuição do número de conselheiros vitalícios, pois trabalhou contra essa mudança nas últimas semanas.