Blog do Ohata

Arquivo : Holly Holm

Veja o que diz agora a revista de boxe que estampou Ronda Rousey na capa
Comentários Comente

Eduardo Ohata

A tradicionalíssima revista de boxe “The Ring”, a mesma que estampou Ronda Rousey na capa em sua última edição, agora diz que a ex-campeã do UFC “não conseguiria enfrentar nenhuma boxeadora que valha algo”. A publicação afirma que “mesmo antes da brutal derrota para a ex-campeã de boxe Holly Holm no mês passado, ninguém deveria ter esperado que seu sonho se tornasse realidade”.

“Além de todo o dinheiro que o UFC lhe oferece, Rousey também tem várias propostas para atuar em filmes quando ela não está treinando para suas lutas no octógono”, argumenta a publicação na seção intitulada “O que não veremos acontecer em 2016”, que inclui “a estreia de Ronda Rousey no boxe profissional”.

O que a “The Ring” não explica, porém, é o porquê de colocar Ronda em sua capa, e não alguma boxeadora.

Foto em artigo que, agora, diz que Ronda não irá estrear no boxe profissional

Foto em artigo que, agora, diz que Ronda não irá estrear no boxe profissional

Em outra parte da publicação, o colunista Thomas Hauser fez críticas a Ronda mesmo antes de a luta começar. “O corpo dela pareceu um pouco flácido quando ela entrou no ringue”, apontou Hauser.

“Ela pareceu exausta ao fim do primeiro assalto. Luta é uma profissão de tempo integral. Neste ano, [Ronda] fez bicos como modelo, atuou em filmes e viveu a vida de uma celebridade, além dos dramas com o namorado do momento e com sua mãe. É uma velha história, o campeão popular fica um pouco preguiçoso na academia, a intensidade de antigamente não está mais lá”, disparou Hauser.

Porém Hauser também elogiou a estratégia de Holly. “Ela pareceu mais forte do que Ronda. Ela controlou a distância entre ela e Ronda com um belo jogo de pernas e um bom jab [golpe preparatório]. Isso, e sua postura canhota [com o braço direito à frente, o que confunde o adversário], permitiram que golpeasse com eficiência enquanto a luta se desenrolava com as duas em pé”.

A última palavra, porém, ficou com os leitores, que ironizaram a decisão da revista de colocar Ronda na capa, a segunda vez na história da publicação que uma mulher ocupou com destaque a frente da publicação.

“É irônico que sua garota da capa, que teve um texto de 8 páginas, foi derrotada por uma ex-boxeadora para quem vocês dedicaram um parágrafo. Com tantas boxeadoras do passado e do presente que vocês poderiam ter colocado na capa, vocês escolheram uma lutadora de MMA”, disparou o leitor Walter Zabicki.

 

 

 

 


Algoz de Ronda, Holly Holm está mais para Buster Douglas ou Chris Weidman?
Comentários Comente

Eduardo Ohata

Que a zebra imposta por Holly Holm sobre Ronda Rousey teve proporções semelhantes à de James “Buster” Douglas sobre Mike Tyson ou Chris Weidman sobre o “Spider” Anderson Silva é indiscutível. Mas com quem a “Filha do Pastor” Holm se parece mais? Com Douglas, o campeão “fogo de palha”, que perdeu os cinturões logo na primeira defesa de título, ou com Weidman, que vem batendo o que de melhor a categoria dos médios do UFC tem a oferecer?

received_991824067526301

Montagem ironizando a revista “The Ring”, que publicou a foto de Ronda Rousey na capa, mas não a de Holly Holm

Definitivamente, Holly NÃO é Buster Douglas, que até o desafio a Tyson, em 1990, não tinha mostrado aquele “algo a mais” que define campeões. Pior, antes de bater Tyson, todas as vezes em que Douglas se viu cara a cara com uma adversidade, perdeu. Como quando foi derrotado na luta que estava vencendo pelo título da FIB, mais pelo cansaço do que por Tony “TNT” Tucker, ou quando foi batido por Mike “The Giant” White, um peso-pesado que após enfrentar Maguila no Brasil ficou mais um tempo aqui para fazer um “bico” como jogador de basquete.

Ao enfrentar Tyson, Douglas tirou forças de uma série de notícias ruins (a morte da mãe, separação da mulher, a notícia de que a mãe de seu filho estava com câncer e uma rusga com o pai) para bloquear o fator intimidatório de Tyson. Motivado, Douglas sobreviveu uma visita à lona no oitavo assalto para tirar a invencibilidade e a coroa de Tyson, mas perdeu logo em sua primeira defesa de título, quando apareceu para a luta BEM acima do peso.

Um ponto em comum de Holly com a trajetória de Weidman, é o histórico de consistência. Assim como Weidman se destacou no wrestling antes de entrar para o MMA, Holly foi campeã nacional de kickboxing e mundial de boxe, tanto que é considerada uma das CINCO melhores boxeadoras femininas da história. Nos ringues, sempre procurou o que havia de melhor em termos de adversárias para se provar. Foi assim que enfrentou Christy Martin, a lutadoras que frequentemente roubava a cena nas preliminares de Tyson na década de 90. Ou seja, o desejo de ser a melhor não foi algo que aconteceu durante um combate apenas.

Apesar de ter poucas lutas no MMA antes de enfrentar o Spider (assim como Holly ainda tem poucas lutas no MMA) e de sua origem no wrestling, Weidman não apenas “mostrou serviço” nesses combates, como a capacidade de adaptação, como quando venceu Demian Maia, que é um baita de um lutador de jiu-jitsu.

Da mesma forma, Holly conseguiu realizar a transição dos ringues para o octógono. Um exemplo? Na luta com Marion “The Bruiser” Reneau, mostrou que era mais do que uma boxeadora que lutava MMA ao conseguir se livrar da mesma chave-de-braço que a compatriota aplicara com efeitos devastadores na brasileira Jessica Andrade.

Outro ponto em comum com Weidman é a força mental, de não permitir que o adversário já suba no octógono com a luta ganha. Certamente a fama do “Spider” e de Ronda derrotaram rivais antes de subirem ao octógono.

Sim, os críticos podem apontar que na luta com Ronda, Holly preferiu voltar a lutar em pé, no boxe, quando as duas foram para o chão. Mas qual o mal nisso? Isso é lutar de forma esperta. Holly não precisa virar a melhor lutadora “de chão”, do dia para a noite para construir uma trajetória vitoriosa. Conhecer o suficiente para se defender bem quando for para o solo, sim.

Para ilustrar essa lógica é só ver o trabalho de boxe que o técnico de boxe e MMA Pitu faz com Demian Maia. Seu objetivo não é transformar um lutador oriundo do jiu-jitsu em um nocauteador, agredindo sua natureza. Pitu ensina Maia a como lidar com um striker, como se defender dos ataques e a capitalizar as melhores oportunidades para levar a luta para o chão.

Vale o que o técnico que está com Holly desde o início, Mike Winkeljohn, diz, “Holly não é mais uma boxeadora, ela é uma lutadora de MMA”. Holly não vai entregar o título de graça para ninguém. E nisso ela está mais para Chris Weidman do que para James “Buster” Douglas.


Algoz de Ronda Rousey não gostava de lutas, mas trocou aeróbica por luvas
Comentários Comente

Eduardo Ohata

Foi por um mero acaso que a americana Holly Holm resolveu começar a lutar, decisão que a levou na madrugada deste domingo (15) a impor uma das maiores zebras do UFC, ao nocautear a badalada “Rowdy” Ronda Rousey.

Holly reconhece que nunca foi fã de lutas enquanto crescia e tampouco havia algo no histórico de sua família que indicasse alguma futura ligação com as lutas. Holm preferiu bicicletas, ginástica olímpica, futebol e natação antes de, aos 16 anos, entrar na academia do técnico Mike Winkeljohn para praticar… Aeróbica! Na academia, havia também aulas de  kickboxing, modalidade que mistura boxe com caratê, que atraiu a atenção de Holly.

“Eu pensei, cara, você entra lá [no ringue] e começa realmente a dar socos na cara um do ouro. Hmmmm, parece legal. Um dia desses vou experimentar para ver se gosto. Jamais pensei que se tornaria minha profissão. [Lutar] se tornou minha paixão”, revelou Holly à publicação “The Ring”.

Holly Holm, quando era campeã mundial de boxe

Holly Holm, quando era campeã mundial de boxe

Menos de um ano após entrar pela primeira vez na academia para fazer aulas de aeróbica, Holly já participava  de suas primeiras sessões de sparring [treino com luvas]. Pouco depois Holly já fazia sua primeira, de oito, lutas amadoras de kickboxing. Depois de conquistar o título nacional em 2001, passou a lutar boxe profissional.

Seu amor pelo boxe a fez, inclusive, abandonar a Universidade do Novo México após frequentá-la por um ano.

Foi campeã de boxe nos anos 2000, quando venceu, inclusive, a mais famosa boxeadora feminina da história, Christy Martin, que roubava a cena nas preliminares das lutas do então campeão dos pesos-pesados Mike Tyson.

O desafio a Christy Martin lembra muito o raciocínio por trás da negociação para a luta com Ronda. Assim como muitos a criticaram ao dizer que era muito cedo para enfrentar Ronda, Christy era um ícone do boxe feminino com 51 combates, enquanto Holly tinha apenas 13. “Aquele luta me empurrou para onde eu precisava ir. Sem ela, sabe Deus onde minha carreira estaria hoje…”, analisou Holly.

Àquela época, Holly já fortalecia, de novo sem querer, sua conexão com o mundo do MMA, quando namorou o futuro lutador do Strikeforce Joey Villasenor.

Hoje, Holly é considerada uma das cinco melhores lutadoras de boxe da história, atrás apenas de Lucia Rijker, Regina Halmich, Ann Wolfe e Laila Ali. Em 24 combates válidos por título, Holly perdeu apenas um.

Como chegou ao ponto que chegou? Filha de um pastor, Holly repete algo que seus pais ensinaram a ela desde pequena.

“Meus pais sempre ensinaram os filhos a fazer tudo com paixão, não desistir, e focar no que você quer. Não fazer algo por fazer. Escolher o que você gosta e ame. Assim, você vai querer fazer bem e trabalhará duro.”

 


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>