Mustafá se esquiva de elo com sócia que causou apuração de cambismo
Eduardo Ohata
O ex-presidente do Palmeiras Mustafá Contursi depôs nesta quinta-feira (21) à polícia sobre o suposto caso de cambismo de ingressos fornecidos como cortesia pela Crefisa, patrocinadora do Palmeiras. Em sua fala, o cartola buscou se esquivar de relação com Eliane, personagem central no caso. Sócia do clube e amiga de Leila Pereira, presidente da Crefisa, foi ela quem tornou o assunto público ao denunciar que estava sofrendo ameaças de torcedores após a interrupção do fluxo de ingressos.
Em um depoimento que durou cerca de duas horas, Mustafá evitou abordar questões da política interna do clube e informou ao delegado que recebia da Crefisa um lote de 50 ingressos, que distribuía gratuitamente a conselheiros e pessoas ligadas ao clube. Segundo ele, Eliane recebia outros 20 ingressos, entregues em um envelope separado sobre o qual ele não tinha ingerência.
Mustafá alega ter uma relação com os nomes para quem era distribuída sua cota de ingressos e que tem testemunha de que eles vinham em dois envelopes separados. Eliane ainda não depôs à polícia.
O caso está sendo investigado internamente e pela polícia por suspeita de prática de cambismo. A suspeita é que os 70 ingressos fornecidos pela Crefisa tenham sido revendidos a torcedores organizados, o que configuraria uma prática ilegal por se tratarem de entradas promocionais e gratuitas.
O episódio de suposto cambismo está ligado ao rompimento entre Mustafá e Leila, de quem era padrinho político. Com seu apoio, Leila e o marido, Roberto Lamacchia, se elegeram ao Conselho Deliberativo do Palmeiras. Leila recentemente reconheceu que futuramente pretende disputar a presidência do clube do Parque Antarctica.
Advogado é candidato a vice de Andrés
Mustafá estava acompanhado por Alexandre Husni, um de seus advogados e candidato a vice na chapa do ex-presidente corintiano Andres Sanchez na próxima eleição do clube do Parque São Jorge. Embora curiosa, a presença de Husni na defesa de Mustafá é justificada porque o cartola corintiano, durante um bom tempo, foi diretor-jurídico do Sindicato do Futebol, entidade presidida por Mustafá.
Durante o depoimento, Mustafá foi assessorado também por representantes de um segundo escritório de advocacia, os advogados Marco Aurélio Toscano e Julia Moretti, que acompanham o caso.