Leila x Mustafá: Palmeiras quer que diretores da FPF se licenciem do clube
Eduardo Ohata
O Conselho Deliberativo do Palmeiras recebeu um pedido de conselheiros para abertura de sindicância para apurar se houve pressão da Federação Paulista de Futebol sobre três de seus diretores, que também são conselheiros do clube, para faltarem à votação da reforma do estatuto do clube semana passada.
O presidente do conselho, Seraphim del Grande, após examinar o pedido, agendou reuniões entre esta terça (29) e sexta (dia 1º) com os conselheiros Américo Calandriello (vice de relações institucionais da FPF), Domingos Cangiano (ouvidor de competições) e Luis Antonio Vidal (vice do Tribunal de Justiça Desportiva). O cartola conversará com o trio e sugerirá que se licenciem do Palmeiras enquanto ocuparem seus cargos na federação para evitar mais desgastes.
O motivo apontado para justificar o pedido de sindicância foi um possível conflito de interesse entre os cargos de direção na federação e a posição de conselheiros do clube, já que a direção do Palmeiras e a FPF estão em guerra desde a final do Paulista. Desde então, o presidente Mauricio Galiotte chamou o Estadual de “Paulistinha”, tentou impugnar o resultado no TJD, e foi suspenso pelo tribunal pelo ataque ao Estadual. Informalmente, conselheiros perguntam de que lado o trio ficaria se acontecesse uma nova polêmica envolvendo o clube e a federação. A ausência de quórum poderia ter inviabilizado a votação e, consequentemente, o aumento de mandato que já tem efeito na atual gestão de Galiotte. A mudança terá de passar agora pelo crivo dos associados do clube.
A votação aumentou o tempo de mandato do presidente de 2 para 3 anos, o que facilita os planos de Leila Pereira, dona da patrocinadora Crefisa, de disputar em 2021 a presidência do Palmeiras e que encontrou oposição especialmente, mas não exclusivamente, do grupo de Mustafá. Desde a votação, conforme o UOL Esporte revelou, a direção do clube começou a dispensar de cargos diretivos conselheiros ligados ao ex-presidente Mustafá Contursi e até de outros grupos que votaram contra a alteração ou que faltaram à sessão.
Há quem não concorde com a iniciativa de uma sindicância, como o ex-vice de futebol, Roberto Frizzo. que votou contra a proposta de aumento do mandato e, especialmente, que ela afetasse a gestão de Galiotte.
“Conceitualmente, nada há de errado em conselheiros do Palmeiras fazerem parte da federação, mesmo em um momento no qual o presidente do clube tem divergências em relação ao presidente da federação”, diz Frizzo. “Outras agremiações têm conselheiros em cargos na federação, é um prestígio para um clube ter um representante eleito por seus associados trabalhando na entidade responsável por organizar o futebol no estado.”
Calandriello justificou ao blog sua ausência na votação sob o argumento de que passou por uma cirurgia na segunda-feira, o que afastaria o argumento de “pressão”. Mas, na própria segunda-feira, a cerca de uma hora do início da votação, havia afirmado que ainda não sabia se iria votar ou não.
Vidal explicou que estava em viagem de trabalho na segunda-feira (21), além de argumentar que o voto na reforma do estatuto não era obrigatório, deixar claro que não pertence a nenhum grupo político no Palmeiras, e afastar que houve pressão da FPF, da qual o TJD é independente.
Cangiano não retornou as ligações do blog. Procurada pela blog, a FPF afirmou que “a Federação Paulista de Futebol não se envolve em assuntos internos de seus clubes filiados”.