Blog do Ohata

Arquivo : José Aldo

Por que julho já é o mês mais importante para o MMA brasileiro
Comentários Comente

Eduardo Ohata

O MMA no Brasil precisa de um “puxador de audiência”. Por isso, desde essa madrugada, com a perda do título de Rafael dos Anjos, julho já é um mês decisivo para o MMA brasileiro. Com a derrota do brasileiro para Eddie Alvarez, o Brasil ficou sem nenhum cinturão do UFC. Mas até o dia 30, quatro outros brasileiros disputarão cinturões no UFC.

Porém, mais importante até que essas disputas de título, será o retorno de Anderson “Spider” Silva ao octógono, no UFC 200, na madrugada deste domingo.

Não importa que o título do atual campeão dos meio-pesados Daniel Cormier não esteja em jogo e que a luta esteja prevista para apenas três assatos, uma vitória do “Spider” fará maravilhas pelo status da modalidade no Brasil.

Quão importante é um Spider no topo do esporte?

Ao ser questionado sobre o MMA na TV durante congresso da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), na semana passada, o diretor de direitos esportivos da Globo e Globosat, Pedro Garcia, começou falando animado sobre a modalidade, mas terminou com um “mas o Anderson Silva acabou perdendo…”

O recado estava dado. Anderson é um produto único, capaz de unir as vitórias dentro do octógono e, fora dele, o carisma. Quem poderia ser um melhor “puxador de audiência” do que o “Spider”? Se vencer Cormier, se posiciona para uma revanche com o título em jogo, ou, (alguém duvida?), ganhará a oportunidade de recuperar o cinturão dos médios.

Na eventual derrota do “Spider”, que contra Cormier será o azarão, qual seria o próximo melhor cenário?

Claro, quatro brasileiros campeões do UFC simultaneamente, igualando o melhor momento do Brasil dentro da promoção.

A este blog, um executivo do UFC confidenciou ter ouvido muito por aqui que “brasileiro não gosta de esporte, brasileiro gosta é de brasileiro campeão e vencedor”.

De certa forma, foi o que se observou na época de Ayrton Senna e Guga, por exemplo.

Claro, há exceções, como o falastrão Conor McGregor, que apesar de não ser brasileiro registra bons índices de audiência. Mas, novamente, lutadores como o irlandês ou Ronda Rousey são as exceções.

Agora, imagine o efeito de quatro brasileiros campeões do UFC E uma vitória do “Spider” sobre um campeão do UFC?

“Sem dúvida, [julho] é um mês decisivo. O primeiro semestre dos brasileiros deixou a desejar, o canal sofre com isso, são coisas que não podemos controlar”, explica Daniel Quiroga, gerente de negócios do canal Combate. “Estamos otimistas com o segundo semestre, especialmente com o mês de julho.”

E, não, o sucesso dos brasileiros não serviria apenas para alavancar as vendas do canal e garantir bons números até o fim de 2016.

Por exemplo, a nova estrutura do contrato da Globo com o UFC prevê que o canal promova durante sua programação eventos sem transmissão na TV aberta. Mais campeões significa mais exposição. Além disso, um número maior de brasileiros campeões possivelmente abriria oportunidades para uma maior quantidade de eventos no Brasil.

Além da luta de Rafael dos Anjos e o retorno de Anderson Silva, José Aldo, Claudia Gadelha, Amanda Nunes e Wilson Reis disputam cinturões frente Frankie Edgar (UFC 200), Joanna Jedrzejczyk (TUF Finale, hoje), Miesha Tate (UFC 200) e Demetrius Johnson (UFC 201, 30 de julho), respectivamente.


Odiado, McGregor impulsiona crescimento de vendas de pay-per-view no Brasil
Comentários Comente

Eduardo Ohata

Odiado pelo público que o vê como um falastrão, além de uma pedra no sapato do ídolo José Aldo, o irlandês Conor McGregor, ironicamente, foi um dos ingredientes que permitiu que o canal do UFC no Brasil não apenas passasse batido à crise financeira que atinge o país, mas apresentasse crescimento robusto nesse período, na casa dos dois dígitos.

Na contramão do que aconteceu no mercado de canais pagos, o UFC Combate cresceu 13% de 2014 para 2015, e a luta entre McGregor e José Aldo foi uma das grandes vendas do canal em 2015. Mesmo a derrota dele para Nate Diaz, que não repetiu a performance de vendas do duelo com o brasileiro (claro!), indicou que tem potencial no Brasil, independente de quem seja o seu oponente.

O público brasileiro virou a casaca e passou para o lado do irlandês?

Muito pelo contrário!

Se repete com ele o fenômeno que aconteceu na década de 60, quando muita gente assistia as lutas do campeão dos pesos-pesados Muhammad Ali torcendo para que alguém calasse a boca daquele (não coincidentemente) falastrão.

Também pudera, ao contrário de Joe Louis, que foi um grande campeão que media as palavras, Ali desafiava a tudo e a todos. Não tinha medo de se auto-declarar o “maior de todos”, fez campanha contra a Guerra do Vietnã, que não pegou bem em um país extremamente patriótico, e aderiu ao movimento negro. Não. Nem de longe McGregor é o Muhammad Ali do MMA, mas segue sua escola de auto-promoção.

“Percebemos que muitas pessoas querem assisti-lo, pois querem vê-lo [McGregor] perder”, comenta Daniel Quiroga, gerente geral do UFC Combate. “Mas já existe uma legião grande de fãs do McGregor no Brasil. Não há como negar, é um fenômeno. Lutadores como ele são importantes para o negócio, pois inflamam os fãs, geram interesse e atraem o público periférico [que não acompanha o MMA].”

Apesar dos bons números, o canal enfrenta o desafio da crise dos brasileiros dentro dos octógonos e pela crise financeira do país.

“O consumo do MMA está muito relacionado aos ídolos brasileiros. Apesar dos atletas estrangeiros que caíram nas graças do público brasileiro, como [o ex-campeão meio-pesado] Jon Jones, [a ex-campeã] Ronda Rousey e McGregor, sabemos que dependemos muito dos ídolos para manter uma curva positiva nos negócios”, admite Quiroga.

“Não queremos deixar que aconteça com o MMA o que aconteceu com a F-1 e o tênis, que tiveram grandes ídolos brasileiros como Ayrton Senna e Guga, mas cujo encerramento de seu ciclo também levaram junto o interesse do esporte pela população brasileira.”

Segundo o executivo, para evitar que isso aconteça, estão em andamento uma série de iniciativas para a renovação dos ídolos brasileiros, desenvolvimento de novos talentos e fomento da prática dos esportes de luta.

Daniel Quiroga, executivo do canal UFC Combate

Daniel Quiroga, executivo do canal Combate

Quiroga não afasta os efeitos da crise econômica, mas crê que o canal poderá repetir a performance do ano passado e continuar apresentando crescimento.

“A crise é para todos os segmentos, todas as marcas que possuem algum tipo de operação e negócio no Brasil estão sendo afetadas pela crise. Claro que poderíamos ter tido um crescimento maior caso o poder aquisitivo da população estivesse mais estável, mas nossa base de assinantes vem crescendo. Temos uma oferta de lutas muito boa no primeiro semestre e a previsão é que o segundo semestre também acompanhe o primeiro.”

Além disso, cita também investimentos em novas plataformas, como os aplicativos abertos (voltados ao público em geral) e fechados (exclusivos para assinantes), redes sociais e no Combate Play, por meio do qual o assinante pode assistir ou rever lutas onde estiver.


Prejudica Zé Aldo quem diz que McGregor venceu com ‘golpe de sorte’
Comentários Comente

Eduardo Ohata

Imagino que é com a melhor das intenções que as pessoas dizem que o nocaute sofrido por José Aldo para o falastrão Conor McGregor no UFC foi produto de um “golpe de sorte”. Mas será que isso realmente fará bem ao brasileiro?

A pior coisa para um lutador é voltar para outro assalto após sofrer uma queda [ou ir para uma revanche após ser nocauteado] sem saber por que foi parar na lona ou foi nocauteado. É como mandá-lo para um quarto escuro. Ele não sabe o que o espera ali. Por isso que é preciso explicar para um lutador porque ele caiu, qual erro cometeu, para que ele se sinta confiante para voltar para o assalto seguinte ou subir ao ringue ou ao octógono para uma revanche.

Palavras minhas? Não. Trata-se do pensamento (com pequenas adaptações para este post sobre MMA) de um dos técnicos de boxe que mais entende de psicologia, Teddy Atlas, que guiou os campeões Michael Moorer, Timothy Bradley e que dirigiu no amadorismo um jovem Mike Tyson.

Não vou ser aqui mais um a defender minha própria teoria sobre o motivo por o nocaute ter acontecido. Certamente sua equipe analisará a luta, apontará para José Aldo os motivos para o nocaute ter acontecido e realizará correções. Mas concordo com Teddy Atlas quando ele diz que vitórias e derrotas têm explicações.

Engrossar o coro de que “foi sorte” é desejar que o mesmo resultado se repita em uma revanche. É acreditar que nada pode ser feito para José Aldo se aprimorar para evitar um golpe semelhante.

Aproveitando que estou nesse tópico e ainda por cima remando contra a maré, ou pelo menos contra a opinião pública, posso muito bem afirmar também que o UFC fez um favor a José Aldo ao negar uma revanche imediata.

Se Ronda Rousey receberá uma revanche imediata contra Holly Holm, problema dela. Ela está tão bem psicologicamente que já fala em aposentadoria em caso de nova derrota. Belo estado de espírito para se preparar para enfrentar a única mulher a tê-la batido.

Em um caso como o de José Aldo, que passou tanto tempo sem derrota e não apenas com um cinturão de campeão, mas no topo dos melhores peso-por-peso, um combate com outro adversário antes de uma eventual revanche pode fazer maravilhas por ele. Com a cabeça fria, poderá analisar melhor a situação.

Finalmente, tenho uma teoria sobre o porquê de parte da opinião pública ter “esquecido” as conquistas de José Aldo.

Foi um caso de mau “timing”: Sua derrota aconteceu na hora errada. Tivesse perdido para qualquer outro adversário, exatamente da mesma forma que perdeu, provavelmente não teria sido criticado como foi por parte do público. Certamente Anderson Silva teria sido alvo dos mesmos comentários tivesse perdido para o falastrão Chael Sonnen. McGregor era o Sonnen de José Aldo.

Mas a derrota não apaga as conquistas, ao longo dos anos, de José Aldo.

 


José Aldo planeja trocar octógono do UFC por ringues de boxe
Comentários Comente

Eduardo Ohata

O campeão dos penas do UFC, José Aldo, quer trocar o octógono do UFC pelos ringues de boxe. É fato. Quem disse isso? O próprio manauara, que neste fim de semana põe em jogo seu cinturão frente ao falastrão Conor McGregor, dono do título interino dos penas do UFC.

“Ohata, daqui a três anos vou para o boxe profissional”, afirmou, sem ser provocado, José Aldo ao fechar uma entrevista exclusiva antes de uma lesão nas costelas adiar o duelo com McGregor.

Agradeci a entrevista, virei de costas, acreditando ser uma brincadeira, dei alguns passos em direção à saída da sala, mas dada a forma enfática com que falou, acabei retornando.

“Escuta… Isso é sério?!!”, perguntei.

“É. Daqui a três anos vou lutar boxe profissional”, repetiu Aldo, sorrindo.

Existem razões para acreditar nisso. Certa vez, sem que Aldo soubesse que estava no mesmo aposento que ele, ele comentou, com extremo entusiasmo, com Renan Barão e Junior Cigano sobre seu amor pelo boxe. Fez diversos elogios e mostrou que segue com interesse as principais estrelas e lutas do pugilismo.

Quem acredita na possibilidade de Aldo migrar para o boxe é o técnico de Aldo, Dedé Pederneiras.

O campeão do UFC José Aldo

O campeão do UFC José Aldo

“Há chance. O Zé gosta muito de boxe. E ele tem boxe para brilhar no cenário internacional”, reconhece Pederneiras. “Mas tem uma série de questões contratuais com o UFC, por exemplo, que teriam que ser resolvidas primeiro. Mas existe, sim, essa chance que você fala, de ele trocar o MMA pelo boxe. Gostaria muito de estar no córner do Zé se ele for para o boxe, mas não sei se tenho capacidade técnica [no boxe] para isso.”

Dedé gostou da ideia de ser como um Lou Duva, um técnico cuja principal função no córner é ser um motivador, que saiba trabalhar o lado psicológico do boxeador.

Aldo ganhou mais intimidade com o boxe nos últimos meses, quando reforçou os treinos de boxe com o técnico cubano Isidoro Nicolas, responsável pelo boxe na academia Delfim, justamente por conta das característica de striker (golpeador) de McGregor.

Recorde

O duelo de Aldo com McGregor, que será transmitido pelo canal UFC Combate, abre uma sequência no mês que representa um recorde de brasileiros em cards internacionais do UFC no período: 17. Confira a lista: José Aldo, Rafael dos Anjos, Junior Cigano, Charles do Bronx, Vicente Luque, Luiz Henrique KLB, Ronaldo Jacaré, Demian Maia, Warlley Alves, Léo Santos, Márcio Lyoto, Edson Barboza, Gabriel Napão, Thiago Marreta, Serginho Moraes, Antonio Cara de Sapato e Johnny Eduardo.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>