Preocupado com atletas da base, Unicef lança convênio no Brasil
Eduardo Ohata
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e a Universidade do futebol, motivados pela evidência de recorrentes casos de abuso sexual no futebol de base, e com o objetivo de promover a responsabilidade social no esporte, produziram o programa “Jogue Limpo, Jogue Bem”.
Pelo menos um clube brasileiro, o Bahia, já aderiu ao programa com foco na proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes na formação esportiva.
Apesar do foco em medidas preventivas à exploração e abuso sexual, o programa mira também no afastamento da escola, ruptura do convívio familiar e comunitário, comprometimento da integridade física, exploração financeira e profissionalização precoce.
“Só um a cada 3.000 jovens que tentam ser jogador profissional de futebol consegue”, calcula Eduardo Tega, CEO da Universidade do Futebol. “No caso do Bahia, o programa visa auxiliar e dar suporte para o clube melhorar ainda mais o processo formativo, que permita formar não só atletas, mas cidadãos de bem, preparados para solucionar problemas não só dentro de campo, como fora”.
O programa se baseia em 10 compromissos voltados para a proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes no contexto da formação esportiva. Ao aderir, os clubes recebem orientação técnica da Universidade do Futebol e do Unicef, e se comprometem a adotar e implementar ações específicas em áreas como proteção, saúde e educação, entre outras.
A iniciativa contará com uma plataforma virtual, disponível ao grande público a partir deste mês. Ela conterá, além de informações sobre o programa, uma ferramenta de autodiagnóstico para os clubes identificarem o status de suas práticas em relação aos atletas de futebol de base, e obterem recomendações sobre como avançar na responsabilidade social.
O próprio formulário de diagnóstico a ser preenchido pelo clube em si funciona como um manual sobre como tornar mais seguro o ambiente para crianças e adolescentes que praticam futebol pelo clube.
“Nós já fazemos um trabalho da porta para fora com as Obras Sociais Irmã Dulce, então esse convênio com o Unicef e a Universidade do Futebol será um trabalho da porta para dentro, porque os beneficiados diretos serão os funcionários e os atletas do Bahia”, diz Marcelo Santana, presidente do Bahia. “A preocupação é formar um atleta melhor, um cidadão melhor.”