Técnico de seleção brasileira de boxe afasta risco de tragédia na Rio-2016
Eduardo Ohata
“Não digo que é impossível, mas acho muito difícil [acontecer uma morte no boxe da Rio-2016].” O autor da frase é Mateus Alves, técnico da seleção brasileira olímpica de boxe. Ele é membro da Confederação Americana de Boxe, entidade ligada à Aiba (Associação Internacional de Boxe), que controla o boxe na Olimpíada e que definiu que profissionais competirão ao lado de amadores na Rio-16.
Não caíram bem para Mateus as palavras de Maurício Sulaiman, presidente do Conselho Mundial de Boxe, mais importante entidade do boxe profissional, que afirmou a este blog que misturar profissionais e amadores era receita de “tragédia” na Olimpíada do Rio-16.
“Hoje, no boxe de nível olímpico, só tem lutador com 18 anos ou mais e geralmente com cem lutas. Na olimpíada [atualmente] só tem lutador rodado”, enumera Mateus, que acredita que o prazo de 60 dias até os Jogos afastará os grandes nomes da Rio-2016.
As regras diferentes do boxe amador também fazem Mateus acreditar que não haverá massacres.
“No boxe profissional, os atletas pesam no dia anterior e têm 24 horas para recuperar 10, 12, 14 quilos de peso até a hora da luta. No amadorismo, você pesa todos os dias, às 7h e se bobear às 11h já está lutando. Ou seja, não tem o tempo para recuperar tanto peso como no profissionalismo. Se o [russo campeão mundial] Sergey Kovalev vier mesmo para o Rio como saiu em um site, ele não poderá lutar na categoria dele no profissionalismo, mas em outra seis quilos acima, por conta de a pesagem ser no mesmo dia.”
“[Na olimpíada] as luvas são maiores [10 onças, ao invés de 8], as ataduras são feitas de modo diferente ao profissionalismo”, compara Mateus. “É possível que algum grande nome mantenha no amadorismo a pegada que tem no profissionalismo? Sim, mas acho difícil. Pode até acontecer, mas acho difícil acontecer uma tragédia nos ringues da Olimpíada do Rio.”
“Não vai ter nenhum menino contra assassino na Rio-2016”, resume Mateus.