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Arquivo : Ministério do Esporte

Romário e Zico acionam governo por risco de estrangeiros perderem cidadania
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Eduardo Ohata

O senador Romário (Podemos-RJ) e a Comissão Nacional do Esporte, órgão vinculado à pasta do Esporte liderado por Zico e que reúne desportistas representativos, questionaram o Ministério da Justiça sobre o risco de jogadores brasileiros naturalizados estrangeiros perderem a cidadania brasileira. Até a seleção do técnico Tite que disputa a Copa do Mundo foi utilizada como “provocação” no esforço dos esportistas em sensibilizar o governo brasileiro.

A portaria 172/1995 do Ministro da Justiça prevê a manutenção da nacionalidade brasileira quando a nacionalidade estrangeira for adquirida por naturalização voluntária. Mas os desportistas viram risco aos “estrangeiros” ao identificar que houve mudança na forma de aplicar o artigo 12 da Constituição, com chancela do Supremo Tribunal Federal, às decisões que decretaram as perdas de cidadania de Claudia Cristina Hoerig, extraditada para os EUA em janeiro, que se repetiu na portaria 90/2018 do Ministro da Justiça, que cassou a de Carlos Wanzeler, também naturalizado nos EUA, facilitando a extradição.

Foram apontados outros sinais de mudança de política do governo, como a inclusão de questionamento sobre outras nacionalidades no formulário de renovação de passaporte do brasileiro no exterior, e a atualização do site do Ministério das Relações Exteriores com um alerta para o risco de perda de nacionalidade do brasileiro que “voluntariamente adotar outra nacionalidade, ou seja, em desacordo com as exceções previstas no texto constitucional”.

Em sua carta, Romário explica que é frequente a necessidade da naturalização de jogadores de futebol que atuam no exterior para não estourar a cota de estrangeiros. Ele lembra que havia, no ano passado, 1.630 brasileiros nessa situação, mas que isso não significa renúncia ou perda voluntária da nacionalidade. Segundo seu relato, brasileiros residentes em outros países ficaram aflitos diante da possibilidade da perda de nacionalidade, que afetaria não apenas a eles, mas também as seus filhos nascidos no exterior, que também perderiam o direito à cidadania brasileira.

Romário e Zico ressaltaram a inexistência de um procedimento administrativo claro, que permita aos atletas explicar sua situação à Secretaria Nacional de Justiça ou pedir um análise ou emissão de um ato declaratório que os deixasse imunes à perda da cidadania brasileira.

Por fim, em tempos de Copa do Mundo, Zico ressaltou que o Barcelona trabalhou pela naturalização de Neymar na Espanha, Coutinho é naturalizado em Portugal e Marcelo já tem passaporte espanhol, e fez uma provocação: “Tite pode escalar, e o ministro da Justiça, por meio de portaria, pode desescalar”.

O Ministério da Justiça, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou o recebimento da carta de Romário e a do CNE, subscrita por Zico, mas afastou a possibilidade dos “estrangeiros” que atuam no exterior sob dupla nacionalidade correrem o risco de perder automaticamente suas cidadanias brasileiras.

Após citar os artigos 5, 12, 26, 27, 249 e 250 da Constituição Federal, a pasta argumentou que “verifica-se, pois, que o procedimento previsto na referida portaria para a perda de nacionalidade brasileira de ofício respeita os princípios do contraditório e da ampla defesa, por meio do qual o interessado poderá apresentar sua defesa, e, se for o seu caso, demonstrar se a sua situação se trata das exceções constitucionais previstas no artigo 12. Assim, reforça-se que processo administrativo será decidido individualmente, buscando, inclusive, verificar a eventual presença de uma das exceções constitucionais citadas que evitam a decretação de perda da nacionalidade brasileira de ofício”.

 

 


Confederação terá de devolver R$ 2,3 mi de verba de preparação para Rio-16
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Eduardo Ohata

O “mau uso da verba pública” na preparação de atletas para a Rio-2016 fez a Secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte pedir à Confederação Brasileira de Tênis de Mesa a devolução de R$ 2,3 milhões, segundo informação da pasta, e a cancelar repasse da quarta parcela no valor de R$ 606 mil de um convênio com a pasta. As irregularidades foram detectadas pela CGU (Controladoria Geral da União) e CGPCO (Coordenação Geral de Prestação de Contas) do ministério após visitas in loco e auditoria.

O valor superior a R$ 3 milhões se referia a convênio que visava a preparação de atletas olímpicos de tênis de mesa de alto rendimento para a participação nos Jogos Olímpicos Rio 2016. A decisão aconteceu após a CGU concluir que a aplicação dos recursos federais não estava adequada e exigir providências de regularização da parte dos gestores federais que não foram consideradas suficientes.

A confederação foi notificada várias vezes por meio de ofícios emitidos pela Secretaria Nacional de Alto Rendimento, por meios das quais foram solicitado o cumprimento das pendências encontradas na execução da parceria, segundo o ministério. Entre as irregularidades estão a ausência de comprovação de documentos que comprovem a cotação de preços de materiais esportivos no mercado, a realização de licitação para a sua aquisição, indícios de que o processo foi direcionado de modo a favorecer a empresa fornecedora vencedora, ausência de comprovação de aquisição de material esportivo e de pagamento de técnicos brasileiros e estrangeiros e atletas.

A assessoria de imprensa da confederação não foi localizada e dirigentes não retornaram ligações do blog.

 


Novo estatuto do COB terá de passar pelo crivo do Ministério do Esporte
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Eduardo Ohata

As alterações no estatuto do Comitê Olímpico do Brasil, que deve enxugar gastos administrativos, mudar a composição do seu colégio eleitoral, prever definição de metas e a prestação contas dos objetivos alcançados, terão de passar pelo crivo do Ministério do Esporte.

O COB e o Ministério do Esporte assinarão nesta semana, provavelmente na quinta-feira (16), um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), que prevê mudanças no estatuto. Há o risco de os repasses da verba da Lei Piva, oriundos das loterias, serem paralisados se o governo entender que o comitê descumpriu o acertado, confirmou ao blog o ministro do Esporte Leonardo Picciani.

A redação fica a cargo do COB, porém o Ministério do Esporte analisará se o texto está adequado ao que exige a legislação.

A comissão interna do COB responsável por sugerir alterações no seu estatuto apresentará na manhã desta segunda-feira (13) à imprensa uma minuta com as propostas de mudanças que serão levadas à assembleia da entidade.

Após ser encaminhado pelo comitê ao Ministério do Esporte, o documento será analisado pelo CNE (Conselho Nacional do Esporte), órgão de assessoria vinculado à pasta e que é integrado por figuras notáveis do desporto nacional, entre cartolas e ex-atletas.

Entre os pontos principais exigidos estão a democratização real do colégio eleitoral do COB, a apresentação de relatórios com as projeções e resultados esportivos do comitê e a redução escalonada do limite de gastos administrativos do COB, hoje em 30%, para o que estabelece a legislação dos convênios, 15%.

O ministério já vinha pressionando o COB para a realização de alterações em seu estatuto desde a época em que Carlos Arthur Nuzman ainda ocupava a presidência, mas o comitê não se mostrava aberto a mudanças, o blog apurou. A pasta chegou a dar ultimato, mas antes que a situação pudesse alcançar uma resolução Nuzman foi preso e posteriormente renunciou à presidência do comitê.

No Congresso nacional também há movimentos pela democratização do colégio eleitoral do COB e até das confederações. Há projetos de lei nesse sentido de autoria do deputado Delei (PTB-RJ) e do senador José Antonio Reguffe (Sem partido-DF).

Nomes de representatividade, como Zico, apoiam a participação de atletas, técnicos e outros desportistas nas eleições das entidades que regem o esporte no Brasil. ONGs, como a Atletas pelo Brasil e a Sou do Esporte também têm pedido a democracia no desporto.

A pedido dos deputados João Derly (Rede-RS) e Helio Leite (DEM-PA), a câmara dos deputados convocou uma mesa-redonda para o próximo dia 21 para discutir a situação do COB, o que inclui a alteração de seu colégio eleitoral. O atual presidente do comitê, Paulo Wanderley Teixeira, ex-vice de Carlos Arthur Nuzman, que renunciou ao cargo, pediu que os presidentes das confederações esportivas nacionais, que compõem o grosso do colégio eleitoral do COB, compareçam em massa a Brasília para participar dessa discussão.

 

 


Zico encabeça desejo de atletas por eleições diretas em confederações
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Eduardo Ohata

Elo entre os atletas brasileiros e o governo federal, no papel de presidente da Comissão Nacional dos Atletas (CNA), o ex-jogador Zico defende a participação em massa de atletas, técnicos, entre outros funcionários da área, no colégio eleitoral das confederações esportivas nacionais.

Não é à toa que Zico foi um dos primeiros a ligar para Guy Peixoto, da Confederação Brasileira de Basquete por conta da iniciativa da CBB em lançar proposta para democratizar as eleições da entidade, cuja participação hoje está limitada quase somente às federações.

“Liguei para o Peixoto para dar os parabéns, foi um momento histórico e um grande exemplo”, explicou Zico ao blog por meio de ligação telefônica. “Hoje em cada confederação apenas um em cada dez mil, cem mil atletas tem direito a voto. Não tem sentido, atletas, técnicos, árbitros têm o direito de participar das eleições diretas, que seriam uma demonstração de transparência e dou meu apoio.”

Ao ser questionado se em seu papel como presidente da CNA faria gestões com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, pela mudança na lei em prol de eleições diretas nas confederações, o “Galinho de Quintino” informou que Picianni já tem conhecimento.

“Antes de eu assumir a comissão, na gestão anterior já haviam passado para o ministro que esse é o desejo dos atletas”, informou Zico.

O presidente anterior da CNA era o iatista e medalhista olímpico Lars Grael. Não foi mera coincidência que a primeira confederação a adotar eleições diretas foi a de vela.

A eventual obrigatoriedade da implantação de eleições diretas nas confederações e eventualmente até no Comitê Olímpico do Brasil passaria por uma nova alteração na lei, tarefa que está fora do âmbito da CNA, mas que poderia que ser proposta pelo ministério.

“A comissão é independente. Nós, representantes dos atletas, 7170


Jogadores suspendem protesto no Brasileiro à espera de reunião com ministro
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Eduardo Ohata

Jogadores de futebol e a Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol), que organizaram na rodada de abertura das Séries A e B do Brasileiro-2017 protesto contra a precarização da profissão, não repetirão o ato na segunda rodada das duas competições.

Jogadores de diversos times das séries A e B entraram em campo no fim de semana passada com faixas negras nas mangas das camisas como sinal de protesto às possíveis alterações na Lei Pelé, conforme o blog antecipou.

“Não vai haver protesto na segunda rodada”, disse o presidente da Fenapaf, Felipe Augusto Leite. “O que aconteceu é que encaminhamos à Presidência da República na semana passada um pedido de audiência, e responderam que seremos recebidos no Ministério do Esporte. Fomos informados por uma pessoa do ministério que esse encontro deve acontecer em poucos dias.”

O protesto dos jogadores tem como alvos dois projetos de lei, a Lei Geral do Futebol e a Lei Geral do Desporto que transitam na Câmara dos Deputados e no Senado.

Entre as mudanças propostas em relação à Lei Pelé estão o fim do direito de arena e a contratação de jogadores como prestador de serviço, sem direito a férias, 13º salário e FGTS, entre outras medidas de precarização da profissão de jogador de futebol. Os projetos começaram a ser produzidos durante o governo de Dilma Rousseff, e tiveram continuidade durante o governo de Michel Temer.

Segundo Leite, ele planeja ir a Brasília acompanhado de capitães de alguns times representativos do futebol, o que dificulta o planejamento, já que a data teria de coincidir com uma folga na agenda dos atletas.

Se por um lado os atletas decretaram uma pausa nos protestos, existe a possibilidade de manifestações mais contundentes no futuro.

“Se o quadro não mudar, os protestos não ficarão só nas faixas negras. Será bem mais contundente”, argumenta o dirigente, que conta com o apoio de líderes do extinto movimento de jogadores Bom Senso FC.

Antes de apoiar o protesto, essas lideranças se certificaram que Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo, não participaria da organização dos protestos, segundo o blog apurou com um líder do extinto movimento.

Foram tranquilizados por Leite, que informou que o dirigente foi afastado definitivamente da Fenapaf e o sindicato, suspenso da Fenapaf, por não seguir as orientações da entidade. Martorelli reconheceu que não pertence mais à Fenapaf e que não participou da organização do protesto e reclama que sua retirada teve causas políticas.

 


Sob ameaça de desfiliação, ministro viaja para falar com agência antidoping
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Eduardo Ohata

O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, viajou para o Canadá, onde fará uma visita à sede da Wada (agência mundial antidoping).

A visita é de cortesia, mas tem claramente um tom político, especialmente à luz da recente ameaça da Wada de desfiliar o Brasil caso não entre em conformidade com seu código emitida logo após a Rio-2016.

Picciani pretende argumentar que o ministério vem de um período de transição, logo seguido pela organização da Olimpíada e dos Jogos Paraolímpicos.

Para mostrar em que o setor como um todo fala a mesma língua no Brasil, Picciani viajou acompanhado de Rogerio Sampaio, secretário da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) e Eduardo de Rose, especialista em doping com forte presença no COB (Comitê Olímpico do Brasil).

Em meio aos Jogos Olímpicos do Rio, o setor enfrentou uma crise, quando o especialista em doping Luis Horta, ex-funcionário da ABCD acusou o COB de pedir para que o número de exames fora de competição diminuísse e o ministério de práticas que colocariam o sigilo dos testes em risco. COB e ministério negaram.

“[Nesta terça] haverá uma reunião na Wada em que eu e Rogério Sampaio vamos mostrar o esforço que o Brasil tem feito no controle de dopagem, nos mecanismos desenvolvidos para esse fim. Nós aprovamos recentemente uma legislação, com um processo para a instalação de um tribunal antidoping”, frisou Leonardo Picciani.

O tribunal independente, para evitar pressão de entidades esportivas, que julgará casos de doping no Brasil será formado por um número igual de homens e mulheres. No momento em que há protestos pela pouca representatividade da mulher em cargos de autoridade, o Conselho Nacional do Esporte (órgão do Ministério do Esporte) bateu na tecla da igualdade ao definir a composição do tribunal.

O CNE indicará os membros do tribunal, que não poderão estar no exercício de mandato em outros órgãos da justiça desportiva.


Comitê Olímpico Internacional pede cadeia para quem participar de doping
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Eduardo Ohata

O COI (Comitê Olímpico Internacional) sugeriu neste sábado, durante reunião em Lausanne, na Suíça, que membros da equipe de atletas que participarem de processo de dopagem sejam imputados criminalmente por seus atos. Entre os profissionais citados estão treinadores, médicos, fisioterapeutas etc.

A reunião contou com a presença do presidente da Wada (Agência Mundial Antidoping), Craig Reedie, além da cúpula do próprio COI.

Hoje, técnicos que participam de doping enfrentam punições esportivas, como suspensões, mas não sanções criminais.

Para que a meta do COI se torne realidade, porém, as legislações dos países membros teriam que ser ajustados para garantir uniformidade nas ações punitivas. O comitê também pediu aos governos de seus países-membros atuem em uníssono com suas orientações por meio de uma agência como a Unesco, braço da ONU que cuida de programas para a educação, ciência e cultura, por exemplo.

Um outro ponto que o COI abordou foi o aumento da proteção da confidencialidade de informações para evitar o vazamentos. Durante a Olimpíada Rio-2016, houve uma polêmica envolvendo ex-funcionário da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Luis Horta, Comitê Olímpico do Brasil e Ministério do Esporte.

Horta acusou o COB de pedir que a ABCD diminuísse o volume de testes-surpresa nos atletas e o ministério de requisitar de antemão informações sobre testes antidoping que teriam que ser mantidas em sigilo para impedir fraudes.

“O exames antidoping têm que ser independentes das entidades esportivas”, afirma documento do COI ao qual o blog teve acesso.

O escândalo de doping russo, que evitou que inúmeros atletas do país competissem na Rio-2016 foi um dos destaques negativos dos Jogos.

Resta saber se a Wada terá força política, fundos e pessoal suficientes para implementar uma ação dessas dimensões. Hoje, suas ações se concentram mais em países esportivamente relevantes ou compromissados em realizar grandes eventos, como os Jogos Olímpicos.


“Loucura eu não faço, ou pode não haver amanhã”, diz presidente corintiano
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Eduardo Ohata

O presidente corintiano, Roberto de Andrade, reiterou diversas vezes em entrevista exclusiva ao blog, realizada na semana passada: “Nomes” para reforçar a equipe, loucura de contratar estrelas, apenas quando o caixa permitir. “É como você faz na sua casa: Se entram dez, gastamos dez; quando começar a entrar quinze, aí sim, começamos a gastar quinze”. A filosofia é refletida no atual momento do time no Brasileiro e explica a decisão de contratar um técnico de peso para assumir a equipe apenas no ano que vem.

O cartola discutiu ainda a Arena do clube, contou que não aceitou ligação de Marco Polo Del Nero, após a saída de Tite para a seleção, analisou o cenário para sua sucessão, a razão de as milionárias contratações dos “chineses” não ter revertido para o caixa do clube e quem, em sua opinião, foi a pior contratação, André ou Pato.

Blog do Ohata:  Quanto o Corinthians ganhou com a negociação de jogadores em 2016 e o que foi feito deste dinheiro?

Roberto de Andrade: Todas as negociações de jogadores no ano nos rendeu em torno de R$ 117 milhões. Gastamos R$ 65 milhões na recomposição do grupo, e o resto foi usado no dia-a-dia. Fechamos o balanço de 2015 com um passivo de, mais ou menos, R$ 490 milhões. No balancete que lançaremos agora, estamos com um passivo de R$ 350 milhões. Estou sendo muito contestado, principalmente pela torcida. Até entendo, também sou torcedor. Falando como torcedor, quero um time forte, quero que se f… as finanças do clube. Se eu tivesse pensando só no meu mandato, esse número estaria R$ 490 milhões, ou R$ 550 milhões, e eu teria 11 p… jogadores ganhando R$ 1 milhão por mês. Estaria sendo carregado por aí, seria lembrado como o presidente que ganhou isso, ganhou aquilo, levantariam um pedestal, e eu deixaria a bomba para depois quem chegasse. Não vou fazer isso. Prefiro ser criticado durante minha gestão do que depois que acabar meu mandato. Hoje a política é uma só: se tem, gasta, se não tem, não gasta. Ganho 10? Nós vamos viver com 10. Amanhã tem 15? Vamos viver com 15. Isso significa o quê? Um time melhor, tudo melhor. O que não pode é você ganhar 10, assumir compromisso de 15, e dizer, ‘esses 5 nós vamos empurrar’. Antigamente você falava para um jogador, vem trabalhar aqui [no Corinthians]. O cara queria tudo à vista, tudo adiantado, porque não tinha confiança que iria receber. Sempre foi assim no Corinthians. O que mais o nosso grupo de 2007 para cá resgatou foi a credibilidade. Hoje as pessoas ouvem falar em trabalhar no Corinthians e vêm correndo porque sabem que não tem problema. O mês aqui, agora, tem 30 dias.

O time, então, se tornou refém do orçamento?

O Corinthians não é refém, enquadramos as despesas dentro das receitas. Se você gasta mais do que tem, corre o risco de ter que vender o carro, a casa, para saldar suas dívidas.

Quando se falou nos valores dos jogadores negociados com os chineses, era uma chuva de dinheiro. Mas o clube não lucrou tanto. São Paulo e Palmeiras lucram mais do que Corinthians nas negociações. O clube pretende mudar a estrutura de seus contratos?

[Enfático] Desculpa, você está completamente enganado. Nossos contratos não são mal feitos, com multas baixas, o que tem são cláusulas contratuais. Vou dar um exemplo: O Renato Augusto estava no Bayer Leverkusen. Eles queriam vender 100% dele por 6, 7, 8 milhões. Não tínhamos isso para pagar. Demos metade para liberarem o jogador. Mas nos impuseram uma cláusula que se viesse uma oferta de 8 milhões, teríamos que vender. Não é questão de multa, mas de cláusula acordada entre as partes, senão não me cederiam o jogador. Quando veio a oferta de 8 [da China], ou eu pagava os 4, que eu não tinha, ou eu vendia o jogador. O Vágner Love veio de graça, nós só pagávamos o salário. ‘Só que coloca aí, Roberto, que se vier uma oferta de 1 milhão de euros, você o libera e ainda recebe uma multa de 1 milhão’. Vou falar não, se quero o jogador de graça? Não é que o jogador dos outros saem mais caro, é oportunidade. Especialmente se você não tem um caixa suficiente para mandar na negociação. Quando trouxeram o Elias, compramos 50%, também com cláusula de venda. Quando veio a oferta, ou você paga, ou você entrega para o cara para pegar a sua parte. O Gil, por exemplo, não tinha cláusula, éramos donos de 90%, vendeu por 9,7 milhões de euros e ficamos com quase tudo. Mas onde tem cláusula, você tem que cumprir.

Até que ponto o clube vai continuar vendendo 4 ou 5 jogadores para trazer apenas 2?

A vinda do jogador é por necessidade. Primeiro, que você não consegue trocar Renato Augusto por Renato Augusto. Se no grupo você tem um jogador com a característica [do que saiu], você tem que trazer um jogador com outra característica. Isso é a comissão técnica que me fala. Eles me dizem, preciso de um meia, me dão três nomes e dizem, qualquer um que você trouxer, eu tô feliz. Aí vamos atrás.

Mas isso não é uma deixa para aproveitar mais a base, que tem sido desperdiçada?

Criticaram quando a gente emprestou o Maycon para a Ponte Preta. Emprestamos porque ele queria jogar, mas no nosso grupo ele não ia ter chance porque tínhamos o Elias, seleção brasileira, dono da camisa. Se ele não vai ser usado, vai ficar aqui sentado no banco, é melhor por ele para jogar, mandamos ele para a Ponte para ser titular, ganhar rodagem. A saída do Elias foi uma coisa pontual, não tava programado, e em dezembro o Maycon volta. O Marciel, mesma coisa. Na época o Tite falou, o Maycon está mais pronto que o Marciel, pode emprestar para o Cruzeiro. Agora pedimos de volta, e o Marciel está de volta. Quero deixar claro que foi nós que pedimos, não o Cruzeiro que o dispensou.

Qual a maior crise de vestiário que você como presidente enfrentou e resolveu?

Nenhuma. Crise de vestiário? Zero. Posso falar de boca cheia que só trabalhei com grupo nota mil em quatro anos como diretor de futebol e agora como presidente. Nesses seis anos trabalhei com o Tite e, com ele, não tem confusão. Não tem o que falar de ninguém.

Você atacou a CBF após a saída de Tite. Como está a relação entre você e o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, agora?

Fiquei chateado e continuo achando que o presidente da CBF errou, não vou mudar minha opinião. Um erro não se apaga, ele pode pedir desculpa que a gente vai aceitar. Ele errou de não ter me contatado. Eu não tive mais contato com ele porque não fui mais à CBF. Se tiver, vou à CBF e falo para ele que ele errou. Ele tentou [pedir desculpas], me ligou no dia seguinte, eu que não atendi. Acho que era isso que ele queria falar, eu que não atendi. Mas não quero empurrar isso para o resto da vida. Ah, você abriu o CT para a seleção treinar. Queriam o quê, que montasse uma barricada? A seleção não é minha, não é dele, é do país. Não vou deixar de atender a seleção porque ele errou comigo. Mas desde que o Marin assumiu, está melhor do que a gestão anterior.

Ao substituir o Tite, por que optaram pelo Cristóvão, se havia “nomes” no mercado, como Fernando Diniz e Abel Braga? Fizeram essa opção por que o time era modesto?

A gente não entende isso. Quem montou o time foi o Tite e o Edu Gaspar. O Cristóvão tinha o perfil que a gente buscava: Perfil agregador, de relacionamento bom com o grupo, que foi o que a gente aprendeu com o Tite, com resultados bons dentro e fora de campo. Ah, mas ele não tem nenhum título. Mas o Tite, quando chegou no Corinthians, também não tinha. No caso de qualquer treinador que viesse trabalhar pós-Tite, as comparações seriam difíceis.

Ainda acredita em titulo ou o alvo é uma vaga na Libertadores?

Acredito, porquê não? Estamos vivos. Dois tropeços de alguém, nós chegamos.

Quando o time terá um grande jogador, como um Ronaldo, por exemplo, à sua frente? Quem será?

Quando a gente tiver condições financeiras de trazer um jogador. Um jogador nesse perfil que você falou, custa caro. Não precisa ter o nome do Ronaldo, mas a gente sempre sonha em trazer um grande jogador. O Corinthians precisa de qualidade, pode ser um, em quatro, em cinco, ou nos 11. O Corinthians não tinha ninguém de expressão e no ano passado e fomos campeões [do Brasileiro]. O objetivo é ser campeão, não ter um jogador de referência. Temos que ter um conjunto de qualidade, que era o que tínhamos no ano passado. Talvez não tenhamos o mesmo conjunto, mas ainda temos muita qualidade. Melhor do que muitos clubes.

Mas como se manter líder de público com o time caindo de produção?

Se você for ver nos últimos anos, mesmo nos anos em que a gente não ganhou título, o time era forte. O objetivo não é encher a arena, é ganhar. Não adianta encher estádio e não ganhar título. Lógico que jogar com a arena lotada é bacana, e para isso é preciso ter um time competitivo.

Pensa em estratégias de marketing como na época do Luis Paulo Rosenberg, que aproximava o clube à torcida?

Pelo contrário, nós temos hoje um recorde, 146 mil sócios-torcedores. Camisa, uma das mais valorizadas do país [R$ 60 milhões], mesmo nessa crise financeira.

Pretende rever para baixo os preços de ingressos?

Não tem como diminuir. Temos o lado oeste do estádio, que quanto mais rápido lotar aquele setor, mais rápido consigo viabilizar que [os preços dos ingressos de] outro setor sejam menores. Senão a conta não fecha.

Nos últimos tempos, todos os presidentes vieram do departamento de futebol. Há algum candidato da situação que preencha esse requisito?

Não é pré-requisito para ser presidente. Mas o futebol é o carro-chefe, o departamento mais preocupante, mais delicado, é legal que o presidente conheça vestiário, como funcionam as coisas, para na hora que tiver que decidir, ter uma decisão mais clara.

Na situação, qual é o nome que tem esse perfil [para concorrer à próxima eleição]?

Hoje não tem, mas vai ter que ter. Acho muito cedo. Pode ser que surjam [alguns cenários] um pouco mais para a frente.

O Andres já terá condições para concorrer à presidência na próxima eleição. É um bom nome?

Ele fala que não quer, não sei.

Fora ele, tem algum nome disponível que tenha essa experiência de departamento de futebol?

Aí [um eventual nome] vai ter que passar ainda, né? Que tenha passado, não tem. Eu não vejo. Mas não precisa ficar no departamento de futebol 3, 4 anos como eu fiquei, pode ficar um pouco para ter noção de como as coisas funcionam.

Qual a situaçã0 do estádio?

Estamos com os pagamentos rigorosamente em dia. Fizemos um pleito à Caixa Econômica Federal, pagamos a última prestação em abril. De abril para cá [pelo acordo], a gente só vem pagando os juros. Mas os juros são 87% do valor da prestação, é quase igual. Eles têm até outubro para decidir sobre nosso pleito.

E os naming rights?

Está andando. Não dá para afirmar que vai sair daqui a uma semana, um mês. Como é uma coisa longa, de 20 anos, quero ter todas as garantias para assinar um contrato longo. O valor que estamos trabalhando é em torno de US$ 100 milhões.

Aceita fazer show no estadio para diminuir a divida?

Dentro do estádio, não. Queremos fazer show na área externa.

Quanto o Corinthians deixou de ganhar por ter emprestado o estádio para a Rio-2016?

Não deixou de ganhar. Pagaram e ainda deram um [dinheiro] para o fundo da arena. A arena foi vista no mundo inteiro, o Corinthians participou da Olimpíada, entrou para a história, isso ajuda na venda do naming rights.

Qual, na sua opiniao, foi o pior negocio para o Corinthians? André ou Pato?
Não vejo o André como um negócio ruim. Se você for falar negócio financeiro, não foi ruim porque peguei o dinheiro de volta, até um pouco a mais. Acho que ele deu mais retorno técnico do que o Pato, até porque jogou um pouco mais. E, financeiramente, o Pato deu um prejuízo maior.

Acha que o São Paulo se tornou o Corinthians em termos de cenário político conturbado?

Acho que o Corinthians, na pior de suas crises, fosse política ou financeira, sempre foi maior do que o São Paulo. São crises diferentes, mas o Corinthians, no meio de um monte de crises, só cresceu. O Corinthians vem juntando títulos e patrimônio. Em 9 anos, criamos o CT, o estádio e conquistamos um monte de título que ninguém ganhou. A torcida não quer saber se tem conta para pagar, se o cara pediu 500 mil por mês… ‘Paga esse FDP e põe ele para jogar’, ela diz. Só que isso tem um limite, o dinheiro para de entrar. Aí você vai para o plano B, e a qualidade cai um pouco. E tem clube no plano C e plano D…

Que clubes são esses?

Prefiro não quero falar.

Pelo que quer que sua gestão seja lembrada? Pelo título do Brasileiro? Pelo trabalho do Tite? Pela transparência?

Primeiro, se eu puder ganhar mais um título, seria legal. Segundo, não quero ser criticado porque deixei contas, porque deixei isso ou aquilo. A gente está fazendo muita coisa aqui que não aparece, regularizando muita coisa. Nunca tivemos uma negativa de impostos, o Corinthians passou a gozar do dinheiro da CBC [Confederação Brasileira de Clubes] para ser investido em esportes olímpicos. Isso tudo é trabalho, que passa pelo Ministério do Esporte. No Profut [Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileira], ao qual aderimos, você tem obrigações a cumprir, ou pode cair da Série A para a B por uma questão administrativa. Cobram um dirigente que aja com responsabilidade, e aí você é criticado porque age com responsabilidade. Quem critica tem zero conhecimento, não sabe o que acontece. Loucura eu não faço, se eu não agir dessa forma, talvez [o Corinthians] não tenha um amanhã.


Agência Mundial antidoping diz que Brasil descumpre regras de seu código
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Eduardo Ohata

A Wada (Agência Mundial Antidoping) afirma, por meio de nota, que o Brasil não cumpre o código antidoping da entidade, que pedirá que o país se adeque a seu regulamento, e informou que se o Brasil não o fizer, receberá uma declaração de “fora de conformidade” em novembro. Tal fato, segundo especialistas, leva ao risco de o país deixar de ser credenciado pela agência mundial.

O alerta foi feito por um comitê independente da Wada que verifica o cumprimento do código mundial antidoping por seus países membros.

Segundo a Wada, Além do Brasil, que é representado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Azerbaijão e Guatemala também correm o risco de serem considerados em definitivo países que não seguem o regulamento, caso não se adequem até novembro.

O comitê chegou a tal conclusão durante reunião no último dia 3.

Durante a Olimpíada do Rio-2016, um ex-funcionário da ABCD, o português Luis Horta, acusou o Ministério do Esporte, ao qual a ABCD estava submetida, de procurar diminuir o número de testes surpresa, ou fora de competição, em atletas brasileiros após reclamações do Comitê Olímpico Brasileiro. A pasta negou as acusações.

A Wada não listou quais seriam os itens do código mundial que o Brasil estaria desrespeitando.

Não havia ninguém na noite desta terça-feira no ministério para comentar a informação.