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Agência Mundial antidoping diz que Brasil descumpre regras de seu código
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Eduardo Ohata

A Wada (Agência Mundial Antidoping) afirma, por meio de nota, que o Brasil não cumpre o código antidoping da entidade, que pedirá que o país se adeque a seu regulamento, e informou que se o Brasil não o fizer, receberá uma declaração de “fora de conformidade” em novembro. Tal fato, segundo especialistas, leva ao risco de o país deixar de ser credenciado pela agência mundial.

O alerta foi feito por um comitê independente da Wada que verifica o cumprimento do código mundial antidoping por seus países membros.

Segundo a Wada, Além do Brasil, que é representado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Azerbaijão e Guatemala também correm o risco de serem considerados em definitivo países que não seguem o regulamento, caso não se adequem até novembro.

O comitê chegou a tal conclusão durante reunião no último dia 3.

Durante a Olimpíada do Rio-2016, um ex-funcionário da ABCD, o português Luis Horta, acusou o Ministério do Esporte, ao qual a ABCD estava submetida, de procurar diminuir o número de testes surpresa, ou fora de competição, em atletas brasileiros após reclamações do Comitê Olímpico Brasileiro. A pasta negou as acusações.

A Wada não listou quais seriam os itens do código mundial que o Brasil estaria desrespeitando.

Não havia ninguém na noite desta terça-feira no ministério para comentar a informação.

 


‘Orçamento mostrará importância do esporte para o governo’, diz ex-ministro
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Eduardo Ohata

“Muita gente do mundo do desporto tem expressado, de forma velada, apreensão em relação a um possível fim dos investimentos no esporte”.

É assim que o ex-ministro do Esporte Ricardo Leyser define o momento atual, que pode ser classificado como a ressaca pós-olímpica (ou, mais especificamente, pós-Rio-2016).

Mais do que cerimônias em que atletas são recebidos e homenageados pelas mais diversas autoridades, a medida do status dos desportistas brasileiros será conhecida, isso sim, quando elas tiverem que “colocar as mãos nos bolsos”.

“Logo teremos essa resposta”, argumenta Leyser, tido por muitos com o o homem que tinha a Rio-2016 na cabeça, já que mesmo antes do início do atual ciclo olímpico que se encerrou agora cuidou do alto rendimento na pasta. “O governo federal apresentará nos próximos dias a lei orçamentária para 2017, o que dará uma ideia sobre o que realmente a atual gestão pensa em termos de política esportiva. Então, vai aprimorar, investir, ou fechar? É importante ficar de olho.”

Segundo o dirigente, o Brasil finalmente descobriu a receita para desenvolver o esporte. Ele defende sua continuidade para o próximo ciclo olímpico, mirando Tóquio-2020, e as próximas edições dos Jogos.

“O modelo do COB [Comitê Olímpico do Brasil] é muito concentrador, precisa mudar”, apont0u Leyser. “As confederações ficam um pouco distantes, frágeis. Em um primeiro momento o modelo atual foi necessário, mas agora a verba da lei Piva poderia ser mais utilizada com qualificação técnica e profissional das confederações do que com gastos administrativos do COB.”

“O que o governo fez quando estive lá, foi desconcentrar investimentos e pulverizá-lo em modalidades em que poucos apostavam que renderiam medalhas, como a canoagem do Isaquias [Queiroz, que conquistou três medalhas], o tiro, ou a ginástica”, diz o dirigente, acrescentando que pode-se fazer mais. “Um exemplo é a luta olímpica, que em um primeiro momento não pediu um centro de treinamento dentro da rede nacional de treinamento, mas manifestou interesse depois.”

No caso do investimento em atletas, a Rio-2016 também mostrou, segundo Leyser, que a desconcentração é o caminho. “No caso da ginástica, onde vários atletas tinham condições de brigar por medalha [na Rio-2016], dá para ver que o investimento não precisa ser focado em apenas um atleta especificamente.”

Leyser pôs em perspectiva o fato de a delegação brasileira não ter atingido a meta de ficar entre os top ten em número de medalhas, objetivo fixado pelo governo federal lá atrás e adotado pelo COB. “Poderíamos ter alcançado a meta, contávamos com algumas medalhas que não vieram. Poderia ter sido melhor, ou pior, mas o bom de fixar uma meta é que ela nos serviu como parâmetro.”

É importante levar em consideração os resultados inéditos, que não necessariamente valeram medalhas, alcançados por várias modalidades na Rio-2016, e que podem se converter em ouro, prata ou bronze, em mais um ou dois ciclos olímpicos, acredita o dirigente. “Foi o caso do atletismo, por exemplo, com finais inéditas.”

A receita da campanha da delegação brasileira, que considera positiva, segundo Leyser, é que ela teve vários “pais”, que foram do governo federal até o COB, passando pelas confederações, Exército, clubes formadores e patrocinadores estatais e particulares.


Rio-16 veta atleta-repórter, palavrões e marketing pirata em mídias sociais
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Eduardo Ohata

Sob o risco de perder suas credenciais ou até ser alvo de ação  na Justiça, desportistas que participarão dos Jogos do Rio-2016 terão de ser extremamente cuidadosos ao compartilhar suas experiências olímpicas por meio das mídias sociais.

As orientações, contidas em um “manual” produzido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), ao qual este blog teve acesso, vão do “formato” por meio do qual o atleta descreverá suas experiências, à sua conduta na Vila Olímpica, passando pelo veto da divulgação de vídeos e áudios de instalações olímpicas e ao chamado “marketing de emboscada” por meio de suas mídias sociais.

Para impedir que competidores ou cartolas façam “reportagens”, eles são orientados a contar sobre suas experiências na Vila Olímpica, arenas de competição ou locais de treinamento “em primeira pessoa, em formato de diário”. Eles são alertados de que só pessoas credenciadas como mídia poderão atuar como jornalistas, repórteres ou outra forma de imprensa durante a Olimpíada.

Além disso, atletas e cartolas estão proibidos de fazer qualquer forma de “propagandas política, religiosa ou racial” ou de fazer uso de palavras de “palavras ou imagens vulgares ou obscenas”, ou a postar algo que expresse ofensa, ódio ou discriminação ou que seja difamatório.

Na Olimpíada de Londres, há quatro anos, ganhou repercussão o episódio no qual a judoca brasileira Rafaela Silva, após ser eliminada, acessou sua conta no Twitter e, de cabeça quente, ao receber críticas e ofensas em tons racistas de internautas, respondeu com palavrões.

Já na Vila Olímpica, em respeito à privacidade dos demais atletas, haverá áreas demarcadas com placas de “proibido fotografar”.

Marketing de emboscada

Embora seja permitidas fotos e gravação de vídeos e áudios na Vila Olímpica, Parque Olímpico, ou outras instalações olímpicas, o COI proíbe a comercialização desse material das fotos e a divulgação por meio de postagem ou streaming dos vídeos ou áudios, sem expressa autorização do COI.

Também está proibidos o uso do emblema olímpico e mascotes olímpicos nas mídias sociais, a associação da Olimpíada, Jogos ou movimento olímpico a “terceiros ou produtos de terceiros”, a não ser com aprovação prévia por escrito do respectivo comitê olímpico nacional ou do Comitê Rio-2016.

Punições

Quem violar as orientações do COI estará sujeito à exigência de remoção de conteúdo, descredenciamento e pode até ser alvo de uma ação na Justiça. Além disso, o COI se reserva o direito de fazer emendas às orientações, “como considerar apropriado”.


Cartolas fazem lobby e sonham com dinheiro dos bingos após Olimpíada Rio-16
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Eduardo Ohata

Pressionados pela notícia de que o governo diminuirá drasticamente o investimento em esportes após a Rio-2016, cartolas de modalidades olímpicas redigiram e apresentam a políticos com os quais têm interlocução um modelo de projeto de lei que garante às confederações nacionais e ao Comitê Olímpico Brasileiro um percentual do que for arrecadado pelos bingos e outros jogos de azar após sua eventual legalização.

Não apenas isso, planejam uma peregrinação em grupo a Brasília, até o Ministério do Esporte, em uma tentativa de reverter a decisão do governo. Alguns alimentam a expectativa de reação positiva de estatais que patrocinam o esporte após bons resultados nos Jogos.

Trata-se de um pacote de ações com o objetivo de manter, ou até melhorar, a estrutura esportiva no país.

“Não há lógica em o Brasil terminar a Rio-2016 entre os dez maiores medalhistas [meta do COB] e, passada a Olimpíada, regredir para o que éramos há dez, vinte anos atrás”, argumenta João Tomasini, presidente da Confederação Brasileira de Canoagem. “Queremos uma audiência com o ministro Leonardo Picciani e, no cenário ideal, o dinheiro dos bingos não substituirá a verba [que corre o risco de deixar de ser aplicada no alto rendimento], mas aplicado na formação da base, que precisa de investimentos.”

Este blog obteve o texto do projeto de lei formatado pelos presidentes de confederação (veja íntegra ao fim deste texto), que foram orientados a apresentá-lo a deputados com os quais mantêm interlocução.

O texto prevê que as confederações esportivas nacionais fiquem com 5% do total arrecadado em estabelecimentos físicos, como bingos e cassinos, e que 5% do que for arrecadado pela exploração de jogos online, como as apostas esportivas que estão à margem da lei e que movimentam por ano R$ 2 bilhões, segundo estudo da FGV produzida para o governo federal, seja direcionado a um fundo do esporte olímpico, gerenciado pelo COB, Comitê Paraolímpico Brasileiro e talvez até pela Confederação Brasileira de Clubes.

A inclusão do COB no projeto desenhado pelas confederações demonstra maior harmonia entre presidentes de confederações esportivas e o comitê, algo que nem sempre aconteceu em um passado não tão distante.

A legalização dos jogos de azar vem ganhando fôlego nos últimos meses. Há poucas semanas foi organizada em Brasília um encontro, com participação de representantes do governo federal, que reuniu cerca de 30 entidades ligadas ao jogo, inclusive de um grupo de cassinos da capital do jogo, Las Vegas, com interesse em entrar com força no Brasil.

Para que não se repita o cenário do passado, no qual entidades esportivas foram penalizadas por irregularidades cometidas por proprietários de bingos, as confederações planejam incluir na lei um artigo especificando que a responsabilidade do gerenciamento dos estabelecimentos ou sites de apostas será exclusiva de seus proprietários.

A informação de que presidentes de confederações se mobilizam para viajar para o Distrito Federal para um encontro com o ministro foi confirmada por alguns deles ao blog. Eles não souberam dizer exatamente quando isso aconteceria, mas provavelmente será após a Olimpíada do Rio-2016, já que o foco agora está na preparação dos atletas para a competição.

Há, ainda, presidentes que acreditam que só o resultado na Olimpíada do Rio será o suficiente para manter o apoio estatal. “Acho natural que com bons resultados na Olimpíada o apoio seja mantido”, diz Mauro Silva, presidente da Confederação Brasileira de Boxe, patrocinada pela Petrobras.

 

A proposta das confederações em relação aos bingos, cassinos e apostas esportivas online, seria incluir no item “arrecadação” (art. 19 e 20) do projeto de lei os seguintes itens:
“Art. 20 – Fica instituída a Contribuição para o Esporte Olímpico

​e Paralímpico ​

Brasileiro sobre a receita de a receita de concursos de prognósticos devida por aqueles que explorarem os jogos previstos nesta Lei.

§ 1º A alíquota da contribuição será de:

I – 5% (cinco por cento) sobre a receita bruta auferida em decorrência da exploração de jogos em estabelecimentos físicos credenciados destinados à uma entidade credenciada pelo CNE / Ministério do Esporte;

II – 5% (cinco por cento) sobre a receita bruta decorrente da exploração de jogos on-line, destinados ao Fundo do Esporte Olímpico e Paralímpico ​Brasileiro administrado pelo Comitê Olímpico do Brasil e Comitê Paralímpico Brasileiro, destinado à projetos de desenvolvimento e universalização das modalidades olímpicas.”

Há espaço para incluir outros itens sugeridos pelos presidentes de confederações já abordadas nesse post.


COB usa mesma ‘arma tecnológica’ que inspirou filme de Brad Pitt
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Eduardo Ohata

No filme “Jogada de Risco”, baseado em uma história real, Brad Pitt interpreta Billy Beane, gerente-geral da equipe de beisebol do Oakland, arma um time competitivo na temporada 2002, apesar de restrições financeiras, ao lançar mão de um sofisticado programa de análise estatística dos jogadores. Não importava a cor do jogador, se era bonito, feito, alto, baixo, ou se tinha cacoete. O programa escalou de acordo com habilidades individuais que, somadas, representariam o sucesso do time. Ele eliminou o fator emocional e o substituiu por uma lógica fria, mas eficiente.

Mas, isso é cinema. O que tem a ver, por exemplo, com a meta de medalhas do Comitê Olímpico Brasileiro e do governo federal para os Jogos Olímpicos do Rio-2016?

O escritório de projetos do COB adotou uma metodologia conhecida como AHP (Analytic Hierarchy Process, ou Processo de Análise Hierárquica), que defende que todas as decisões dentro de uma empresa ou entidade devem ser tomadas em prol de um objetivo final. O escritório implantou um programa de informática, em parceria com a Cisco, patrocinadora dos Jogos, que foi alimentado com dados de 250 mil atletas, tanto do Brasil quanto seus possíveis rivais na Olimpíada do Rio-2016, de instalações e centros esportivos, de projetos, entre outras informações, que calcula a contribuição de cada atleta, projeto ou ação para o objetivo final do COB, que é tornar o Brasil uma potência esportiva.

“O programa elimina o fator emocional da tomada de decisões, o que importa é o ROI [sigla para “Retorno do Investimento]”, explica o gerente geral de gestão, estratégia e marketing do COB, Helbert Costa, que como seu vocabulário indica, é oriundo do mercado financeiro e fica cercado por monitores que trazem dezenas de gráficos.

“Por meio de equações matemáticas definimos o peso das ações e se valem a pena ser feitas. Quando um dirigente bate na porta do COB pedindo R$ 5 mil para uma ação, o programa pesa o quanto ele colabora para o objetivo final. Vale mais a pena investir no hóquei sobre a grama, ou em ações de mídia social para atingir nosso objetivo?”, pergunta Costa, de forma retórica, para logo responder. “Por exemplo, nosso objetivo final representa 100%. Desse 100% total, 70% é desenvolvimento esportivo e 30%, imagem. Mas se o hóquei na grama representa 2% daqueles 70% e a mídia social representa 90% dos 30%, o investimento na mídia social vence, pois trará mais benefícios.”

Ou seja, segundo Costa, o programa funcionada como um filtro cibernético para quem vai pedir dinheiro.

O “objetivo final” a que tanto o executivo se refere passa, claro, pelo resultado na Olimpíada do Rio-2016. Segundo ele, um programa chamado “Cristall Ball”, que integra o programa-mãe, prevê que o Brasil conquistará entre 27 e 31 medalhas nos Jogos do Rio-2016, o suficiente para cumprir a meta de o país ficar entre os 10 melhores no quadro de medalhas. Costa lembra que vibrou muito quando Yane Marques, do pentatlo moderno, subiu ao pódio no último dia de competição nos Jogos de Londres, quando o completou o número de medalhas previsto por ele: 17.

Previsões à parte, Costa admite que não consegue prever com exatidão quem ganhará medalha no Rio. “As informações funcionam em forma conjunta. Por exemplo, se o atleta “A” tem 33% de chance de medalha, o atleta “B” tem 33% e o atleta “C” tem 33%, não sei quem vai ganhar, mas a soma da probabilidade dos três, 100%, aponta que um desses três vai medalhar.

A ideia é que esse recurso tecnológico seja repassado às confederações esportivas nacionais. O COB, conta Costa, está distribuindo R$ 4 milhões em equipamento a elas. Por meio desse equipamento, será possível contato em tempo real com cartolas e o monitoramento ao vivo dos treinamentos, como um tipo de “Big Brother”. Por isso mesmo, Costa e sua equipe ficam cercados por monitores com imagens de ginásios e gráficos de performance.

EUA, Canadá e Holanda foram alguns dos países que já procuraram o COB, interessados no sistema. O escritório de planejamento do COB recebeu há algumas semanas de uma publicação especializada o prêmio do melhor do país em 2015, superando Embraer e Telefônica na final. “Até mesmo o Comitê Olímpico Internacional já demonstrou interesse”, diz Costa. “Se é difícil convencer as pessoas a mudar a forma de tomar decisões, muda-se o ambiente de tomadas de decisões. O programa representa 100% de lógica”.

Porém, o próprio Costa reconhece que a palavra final nem sempre sairá das equações matemáticas e as decisões sairão em conjunto com seus pares, como Jorge Bichara, gerente geral de performance esportiva do COB, e Adriana Behar, gerente de planejamento esportivo do COB.

“Meu programa mostra que o atleta “X” está fazendo em  11 segundos o que fazia em 10, aponta essa queda. Mas, se me disseram que a queda de rendimento foi proposital para o atleta entregar mais nos Jogos, claro que estará tudo certo”, finaliza Costa.


CBF domina grupo que dará pontapé inicial em modernização de lei do esporte
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Eduardo Ohata

A CBF é a entidade esportiva com o maior número de juristas ligados a ela na lista de notáveis convocados pelo Senado que trabalham em uma comissão, que tem como missão formatar uma Lei Geral do Desporto Brasileiro. A chamativa foi assinada por Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado.

Além de a CBF ter a maioria numérica de representantes de qualquer outro setor, o grupo será presidido pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBF, Caio César Vieira Rocha. O objetivo é produzir um documento que sirva de ponto de partida para a modernização da legislação desportiva brasileira.

Do total de 11 juristas que formam a comissão, 6 são ligados à CBF: Além de Vieira Rocha, Carlos Eugênio Lopes é diretor-jurídico da CBF, Alvaro Melo Filho é consultor da CBF, e Flávio Zveiter e Luiz Felipe Alves Ferreira são membros do STJD. A entidade que comanda o futebol no Brasil tem maioria numérica no grupo, se for considerado que o advogado Roberto de Acioli Roma integra o TJD da Federação Pernambucana de Futebol, que por sua vez é subordinada à CBF.

O Comitê Olímpico Brasileiro tem uma representante no grupo: sua gerente-jurídica, Ana Paula Terra. Outra entidade ligada ao esporte amador, a Confederação Brasileira de Clubes, que recebe verba federal para distribuir aos clubes sociais para que fomentem o esporte, tem um jurista ligado a ela, Wladimyr Vinicius de Moraes Camargos, ex-Ministério do Esporte.

Pedro Trengrouse, coordenador de curso na FGV e professor convidado de Harvard, integra a lista.

Os clubes, de certa forma, têm sua visão representada na comissão com Luiz Felipe Santoro, advogado do Corinthians.

Completa os 11 do time Alexandre Sidney Guimarães, que é consultor legislativo do Senado.


Perto de Rio-16, mais de R$ 170 milhões para atletas olímpicos ficam presos
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Eduardo Ohata

Uma verba federal cujo montante já ultrapassou os R$ 170 milhões, carimbada para a formação de atletas olímpicos, está presa em uma conta bancária da Confederação Brasileira de Clubes nos últimos três anos e meio, rendendo juros ao invés de alavancar o esporte brasileiro. Isso, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Há até poucos meses não havia sequer sido formulada uma maneira para distribuir esse dinheiro. Era impossível qualquer clube ter acesso a ele.

Os clubes passaram a ter direito a essa verba quando um grupo de agremiações, intitulado Confao (Clubes Formadores de Atletas Olímpicos), capitaneados por Pinheiros e Minas Tênis, entraram em choque com o Comitê Olímpico Brasileiro a partir de 2009, ao argumentar que eles, e não o COB, produziam atletas que representavam o Brasil nos Jogos Olímpicos, Mundiais e Pans.
Para apaziguar os ânimos, o Ministério do Esporte resolveu destinar parte de seu próprio orçamento aos clubes, via Confederação Brasileira de Clubes. A CBC, por sua vez, ficou incumbida de repassar esse dinheiro para os clubes. Mensalmente recebe 0,5% das loterias federais.

O dinheiro passou a ser depositado na conta da CBC desde 2012, quando a presidente Dilma Rousseff sancionou mudanças na Lei Pelé, pouco antes da Olimpíada de Londres. O primeiro depósito foi retroativo a março de 2011. O Ministério do Esporte, dirigentes de clubes e advogados especialistas em direito desportivo argumentaram à época que o dinheiro poderia ser utilizado a partir daquele momento.

A CBC, porém, se recusou a usar o dinheiro, temerosa em utilizar o dinheiro e cair nas malhas do Tribunal de Contas da União.
Repassou a responsabilidade para o não-uso do dinheiro para o governo federal ao justificar que não usou o dinheiro por a lei não ter sido regulamentada. Trocando em miúdos, justificou a permanência do dinheiro em uma conta corrente ao fato de o governo não ter definido os procedimentos de como lidar com o dinheiro. Preferiu que uma portaria para tal fim fosse baixada, o que ocorreu em janeiro do ano passado.

“Nunca imaginamos que o governo federal levaria tanto tempo para regulamentar a lei”, argumenta Edson Garcia, diretor-executivo da CBC.

Porém, o Ministério do Esporte explicou que em seu entendimento “o dinheiro poderia ter começado a ser utilizado a partir do momento em que caiu na conta da CBC”. A tese é corroborada por advogados especialistas em direito desportivo ouvidos pelo blog.

Garcia argumenta que os R$ 184,3 milhões que já foram depositados até o último mês de julho não é um valor que terá tanto impacto para a formação de atletas olímpicos. O balanço da entidade mostra que R$ 170 milhões estavam parados na conta até o fim do ano passado.

Ele explicou que do total do dinheiro depositado na conta da CBC, “só metade será investido em esportes olímpicos”. “Temos o direito de destinar cerca de 20% desse valor a gastos administrativos [foram usados para este fim até julho passado R$ 8 milhões], 15% serão direcionados ao desporto paraolímpico, 10% ao escolar e 5% ao universitário”, justifica o dirigente.

Colocados em perspectiva, os números não são tão insignificantes assim. Para efeito de comparação, nos últimos quatro anos cheios, o Esporte Clube Pinheiros, uma potência esportiva entre os clubes, captou, para formação de atletas e alto rendimento, R$ 71,3 milhões em projetos pelas leis de incentivo ao esporte. Ou seja, o valor que a CBC já recebeu seria mais que o suficiente para manter o esporte do Pinheiros durante um ciclo olímpico e ainda sobraria algum dinheiro.

Segundo Edson, a CBC está correndo para colocar em uso a verba para formar atletas olímpicos. “Lançamos três editais, que são a forma mais transparente e democrática de transferência de dinheiro público, para aquisição de materiais e equipamentos esportivos e mais dois para participação [de atletas] em competições e devemos lançar mais. Portanto, verifica-se que até o fim de 2015 temos previsão de comprometer todos os recursos acumulados para a formação de atletas”. O montante somado dos cinco editais já lançados é de R$ 108,5 milhões.

No passado, porém, previsões da CBC deixaram de se tornar realidade. Em 2012, o então presidente da CBC, Arialdo Boscolo, havia dito que até o fim daquele ano o dinheiro estaria sendo usado na formação de atletas. Ele alegou que estava esperando só passar a Olimpíada de Londres-12. Porém a verba continuou na conta da CBC.

Anualmente, está previsto que a confederação receba exclusivamente para o fomento de atletas um montante de cerca de R$ 50 milhões.

A verba do Confao não é a única direcionada pelo governo federal à CBC. A entidade recebeu, em 2014, um montante de R$ 4,9 milhões, referentes à loteria Timemania/Ministério do Esporte, conforme aparece no balanço da entidade. Mas o dinheiro tampouco foi direcionado à formação de atletas, mas investidos aproximadamente R$ 3 milhões na organização de três convenções de clubes para cobrir gastos que incluíaram, por exemplo, estadia e alimentação (R$ 1,8 milhão) e palestrantes (R$ 185 mil).
Essas convenções contam tradicionalmente com shows de artistas famosos, como o cantor Ivan Lins (foto abaixo) e o comediante Eri Johnson.

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A confederação explica que as convenções são uma oportunidade para os cartolas de clubes sociais apresentarem suas dúvidas e dificuldades em relação à utilização do dinheiro para a formação de atletas olímpicos e o aperfeiçoamento de sua fórmula.

A CBC afirma que os shows de famosos não são pagos com dinheiro público. “Só o que é pago com o dinheiro da Timemania são as convenções”, explica Edson. “Os shows não são pagos com dinheiro da CBC.”

De toda a forma, a verba da Timemania deixará de cair na conta da CBC e será destinada agora à Fenaclubes (Federação Nacional de Clubes), entidade presidida por Boscolo, ex-presidente da CBC.


Em obra que coordenou, diretora do COB não diz que foi atleta olímpica
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Eduardo Ohata

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Na própria obra que coordenou, “Sonho e Conquista, o Brasil nos Jogos Olímpicos do Século XX”, publicação produzida pelo Comitê Olímpico Brasileiro, a diretora cultural do COB, Christiane Paquelet, não afirma que participou como atleta da Olimpíada de Munique, em 1972.

Porém, em depoimento à professora da USP Katia Rubio, Christiane
relatou que participou daquele edição da Olimpíada. E foi assim
registrado no livro “Atletas Olímpicos Brasileiros”, um trabalho de Katia de pesquisa com dados de todos os atletas que representaram o Brasil em Jogos Olímpicos.

A história foi contada no blog do colega de Uol e cobertura olímpica Daniel Brito, e a cartola nomeada no Blog do Juca Kfouri.

Em “Sonho e Conquista, o Brasil nos Jogos Olímpicos do Século XX”, Christiane cita como nadadoras brasileiras naqueles Jogos apenas Lucy Maurity Burle, Christina Bassani Teixeira
e Maria Isabel Vieira Guerra.

Em seu livro, Kátia considerou como “atleta olímpico” todos os que passaram por
seletiva, chegaram à aclimatação ou à Vila Olímpica, não
necessariamente tendo competido, por conta de lesão ou outro motivo.

Não foi o caso de Christiane, como a própria obra que coordenou
atesta, bem como outras fontes bastante utilizada para pesquisas olímpicas, como o site Sports Reference, que não
a inclui na delegação brasileira nos Jogos de Munique.