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Ausências apontam esvaziamento paulista em movimento por Liga Sul-Americana
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Eduardo Ohata

Os presidentes dos quatro principais clubes paulistas deixaram de ir ontem à reunião em São Paulo, com lideranças de vários clubes do Brasil e que foi desmembrada em sub-reuniões, com participantes e pautas distintas: Primeira Liga, reivindicações à CBF e, extra-oficialmente, a formação da Liga Sul-Americana, que pretende fazer frente à Conmebol.

Os presidentes de Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos foram representados no encontro de ontem por seus respectivos departamentos jurídicos. Segundo fontes com trânsito entre cartolas desses clubes, sua ausência em bloco indica uma tendência de esvaziamento dos paulistas do movimento para a criação da Liga Sul-Americana.

Nem o santista Modesto Roma, um dos que nos últimos meses vinha criticando abertamente a Conmebol, esteve na reunião de ontem.

Está prevista uma nova reunião, para o próximo dia 19, em Montevidéu (Uruguai), para o lançamento oficial do grupo.


Presidente do Santos dispara contra a Conmebol: ‘Tem que acabar’
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Eduardo Ohata

O presidente do Santos, Modesto Roma, engrossa a fileira de dirigentes dos grandes clubes paulistas que disparam contra a Conmebol. Mas, diferentemente de Corinthians e Palmeiras, seus motivos nada têm a ver com a atual edição da Libertadores, que seu clube não disputa.

Modesto acredita que a Conmebol, que viu vários de seus dirigentes caírem após denúncias de corrupção, está ultrapassada, deveria desaparecer e dar lugar a uma nova entidade que organizasse um torneio que envolvesse também os clubes de futebol dos Estados Unidos.

“A Conmebol tem que acabar, fechar a porta, não sabe organizar o espetáculo, por isso o futebol sul-americano está muito atrás do europeu. Essa confederaçãozinha deveria dar lugar a uma entidade que surgisse da fusão da Conmebol com Concacaf e que organize um grande torneio continental incluindo os times de lá [América]. É uma evolução natural a unificação das Américas”, disparou Modesto Roma. “Todos sabemos que os americanos tem o know-how para fazer dinheiro, certamente saberiam organizar tudo o que tem a ver com o espetáculo, o que melhoraria a arrecadação, inclusive saberiam negociar melhor as cotas [de transmissão] etc.”

Modesto não é o primeiro cartola de um dos grandes de São Paulo a disparar contra a Conmebol. O corintiano Andres Sanchez, cujo clube reclamou ano passado das cotas que receberia por seus jogos na Libertadores, afirmou recentemente que o Corinthians poderia boicotar o torneio continental se o Palmeiras resolvesse fazer o mesmo. A declaração de Sanchez aconteceu após a Conmebol ter ameaçado impedir o Palmeiras de atuar no Allianz Parque na Libertadores por causa da exposição de patrocinadores que não são os oficiais do torneio.

Esse não seria o único movimento polêmico no qual o Santos ocupa um papel de destaque. Sob o comando de Modesto Roma, o Santos assumiu a posição de líder de um grupo de clubes que começaram a negociar com o canal pago Esporte Interativo. O clube da baixada foi o primeiro a anunciar oficialmente que fechou com a emissora, e não com a Globosat, os direitos da TV fechada.


Carta de apoio da CBF a Zico não significa votar nele, mas dar voz a ele
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Eduardo Ohata

Se fizesse parte do colégio eleitoral da Fifa você votaria no Zico?

Por um lado, o “Galinho de Quintino” tem experiência internacional com futebol dentro e fora dos gramados e, que se saiba, reputação ilibada.
Por outro, sua atuação como gestor à frente da Secretaria Nacional do Esporte e em cargo diretivo no Flamengo não deixaram grandes saudades.

Não sei se votaria em Zico. Mas o ponto desse post não é esse.

O que é discutível é a CBF condicionar sua carta de apoio à candidatura de Zico a ele primeiro conseguir as outras quatro com confederações de futebol de outros países. A Fifa exige cinco. Fosse ele um famigerado mau caráter ou inimigo declarado da CBF, daria até para entender a razão.

Nem se trata de a CBF se comprometer a votar em Zico na eleição da Fifa. Mas apenas ajudar que um sulamericano, brasileiro, conhecido fora do Brasil, participe do processo eleitoral, dar a ele voz para que ele possa falar de suas idéias.

Agora, se no próprio quintal o pré-candidato não consegue apoio, como fica quando vai bater nas portas dos outros?

Na Conmebol, por exemplo, imagino que as federações tenham visões e interesses diversos.

Chile, Colômbia, Equador e Bolívia, federações que saíram ilesas dos escândalos internacionais de corrupção, devem votar diferente de Venezuela, Uruguai e Argentina, onde houve respingos. O Paraguai, com quem o Brasil aparenta estar alinhado, é simpático a Michel Platini.

Zico poderia muito bem aproveitar essa divisão. Mas, imagino, seus respectivos presidentes devem fazer a fatídica pergunta, “mas por que será que Zico não tem o apoio em sua própria casa?”

Diante de uma situação em que a população brasileira ainda se lembra do “7 a 1”, o ex-presidente da CBF está detido, o atual não viaja para fora do país, e um dos maiores empresários ligados a esporte se tornou o pivô de um escândalo internacional de corrução, a candidatura de Zico, apesar de não passar uma borracha sobre essas mazelas, colaria a imagem do Brasil a uma agenda internacional mais, aham, positiva.

O próprio Zico deu alguns tiros no pé de sua candidatura quando disse que decidiu sair pré-candidato durante um jantar com sua família, viajou para a Índia no meio de sua campanha e rejeitou acordos políticos. Uma eleição é, afinal de contas, um processo político.

Durante a campanha, pessoas ligadas à campanha de Zico se irritaram ao ouvir de uma ou outra federação internacional, “mas o que vocês oferecem em troca [de nossa carta]?” ou um mais simpático “até queríamos votar, mas não dá, estamos sofrendo pressão para apoiar Fulano…”

Outra justificativa para não dar as cartas a Zico é que os países votam “em bloco”, o que teoricamente não “bate” com a geopolítica dessa eleição, já que só a Ásia, por exemplo, já tem três pré-candidatos e a Europa, dois.

Dentro do comitê de campanha de Zico um dos principais argumentos pró-Zico é o fato de os dois mais fortes pré-candidatos serem o príncipe da Jordânia, Ali bin Hussein, e o presidente da Uefa, Michel Platini. O primeiro ainda tem que ver seu país se classificar para uma edição da Copa do Mundo e o segundo está suspenso após a descoberta de que recebeu cerca de US$ 2,1 milhões da Fifa.

Acho que está claro que Zico é, na verdade, o anticandidato, aquele com chances mínimas de ser eleito. A candidatura folclórica.

Mas em muitas as eleições há espaço para o candidato alternativo, importante para colocar certos temas em discussão. Não foi o que aconteceu, por exemplo, na última eleição presidencial no Brasil?

Dentro do comitê de campanha do “Galinho de Quintino” ainda acreditam que conseguirá as cartas. Dizem que há federações “apalavradas”.

“Nossa candidatura será uma opção aos engravatados de sempre que dominam o cenário na Fifa”, argumenta Ricardo Setyon, consultor sênior de relações-internacionais e comunicações, e que em determinado momento também trabalhou na Fifa.

A resposta está próxima, já que dia “D” para a candidatura de Zico (e dos demais pré-candidatos) será hoje, data-limite para a apresentação das cinco cartas de apoio.