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Arquivo : Mustafá Contursi

Mustafá sai fortalecido de eleição no conselho fiscal do Palmeiras
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Eduardo Ohata

O ex-presidente palmeirense Mustafá Contursi saiu fortalecido na noite desta segunda da eleição dos conselheiros do Conselho de Orientação Fiscal, órgão que tem entre suas funções aprovar as contas do clube. Dos 15 conselheiros titulares eleitos, 13 foram apoiados direta ou indiretamente pelo ex-presidente.

Foram eleitos ainda 7 suplentes. Para se ter ideia da importância do COF, todos os ex-presidentes do clube são membros natos, caso de Carlos Facchina, Mustafá Contursi, Affonso della Monica, Luiz Gonzaga Belluzzo, Arnaldo Tirone e Paulo Nobre.

Há quem encare essa eleição como uma espécie de “prévia” para a eleição de conselho deliberativo previsto para o próximo dia 11, quando Leila Pereira, dona da Crefisa e da Faculdade das Américas, patrocinadoras do clube, concorrerá a uma das cadeiras.

Surpreendeu o fato de Mustafá ter apoiado Carlos della Monica, filho de Della Monica, seu sucessor. Ambos haviam rompido quando Affonso chegou ao poder.

Outro que recebeu seu apoio, também de forma surpreendente, foi o membro da UVB, de Belluzzo, Nobuko Koyama. Ele foi beneficiado pela costura política pilotada por Mustafá para que a eleição à presidência tivesse candidato único, Maurício Galiotte.

O ex-presidente Paulo Nobre não compareceu.

Os conselheiros mais votados:

Carlos Affonso della Monica, 183 votos (Mustafá).

Décio Perin, 165 (Mustafá).

Mario Kaminski, 164 (Mustafá).

Savério Orlandi, 153 (Mustafá e Mauricio Galiotti).

Islandi Pereira, 144 (Mustafá)

Nobuko Yokoyama, 131 (Wlademir Pescarmona e Mustafá).

Sergio Moisés, 120 (Mustafá).

Neivi Burla, 115 (Clemente e Mustafá)

Mateus Lupo, 110, (Mustafá)

Luis Bertanha, 107 (Mustafá)

Gilto Avallone, 106 (Roberto Frizzo e Mustafá)

Marcelo fujueli, 105 (Mustafá)

Gustavo Pereira, 102 (Clemente Pereira)

Norberto Liotti, 102 (Paulo Nobre)

Walter Teixeira Pinto, 106 (Pescarmona e Mustafá)

Celso Belini, 100

Tarso Gouveia, 99

Renato Casanova, 97

Gilberto Cipullo, 96


Campanha de Leila da Crefisa terá show de escola de samba e comitê próprio
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Eduardo Ohata

O lançamento da campanha de Leila Pereira, dona da Crefisa e da Faculdade das Américas, patrocinadoras do Palmeiras, a uma cadeira no conselho deliberativo da clube, marcado para o próximo dia 1º, em hotel no centro de São Paulo, terá jantar com um show da escola de samba Mancha Verde.

Leila enviou a sócios e conselheiros um convite que mostra que está investindo alto na campanha. Além do show, estacionamento ou taxi de ida e volta para os convidados sairá por conta de sua candidatura.

Em outro ponto sua campanha se assemelha à de uma autêntica campanha eleitoral: Leila alugou uma casa, em frente à bilheteria da Allianz Arena, que servirá como comitê eleitoral, que acomodará funcionários da campanha e também aliados.

No lançamento da chapa Palmeiras Forte, do ex-presidente Mustafá Contursi, Leila foi a grande estrela, com dezenas de conselheiros e sócios requisitando selfies com a empresária, cujo marido, José Roberto Lamachia, também é candidato.

Ocupar uma cadeira no conselho do Palmeiras por duas gestões é pré-requisito para quem quiser se candidatar à presidência do clube do Parque Antarctica.

Antes de deixar a direção da agremiaçāo, Paulo Nobre deixou instrução para que a candidatura de Leila fosse impugnada.

A eleição acontece no dia 11 de fevereiro.

 


Posição de presidente do Palmeiras permite que Leila lance sua candidatura
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Eduardo Ohata

O presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte, adotou postura em relação à polêmica candidatura de Leila Pereira que permite o lançamento de seu nome à disputa de uma cadeira no conselho deliberativo do clube.

Leila é dona da Crefisa e Faculdade das Américas, que anualmente injeta no clube, no mínimo, R$ 78 milhões. Cumprir duas gestões no conselho é um pré-requisito para quem almeja disputar a presidência do clube do Parque Antarctica.

“Esse assunto será tratado internamente, de maneira administrativa”, resumiu ao blog Galiotte.

Uma declaração de Galiotte sobre o assunto vinha sendo esperada com expectativa e curiosidade nos corredores do Parque Antarctica.

Habilmente, com sua declaração, Galiotte procura esvaziar o tom político da polêmica.

Se dissesse que é contra a candidatura de Leila, Galiotte agradaria seu antecessor, Paulo Nobre, que ao deixar a presidência pediu que a candidatura de Leila fosse impugnada. Mas estaria arrumando briga com a patrocinadora do clube e com o ex-presidente Mustafá Contursi, que declarou que Leila é sócia desde 1996, o que lhe dá o tempo mínimo para disputar o conselho.

Se dissesse que é a favor da candidatura, desagradaria Nobre.

A manifestação de Galiotte, ao dizer que a decisão será administrativa, na prática adia uma eventual decisão sobre o caso e ainda coloca a definição da polêmica no colo do conselho deliberativo do clube. Não se trata absolutamente de um salvo-conduto para Leila.

E qual é o procedimento do clube em caso de questionamento de uma candidatura?

De acordo com os ritos adotados pelo clube, se após o pleito, previsto para o dia 11 de fevereiro, e uma possível eleição de Leila, alguma parte se sentir prejudicada pelo resultado, poderá oficializar um questionamento, que será avaliado internamente pelo conselho.

Se Galiotte tivesse se manifestado contra a candidatura de Leila, que ainda não foi formalizada, isso alteraria de antemão o cenário.

Já se saberia que sua candidatura seria questionada, o que seria a deixa para Mustafá colocar em prática seu “Plano B”, lançar a candidatura de José Roberto Lamachia, marido de Leila.

Como as eleições a conselheiros são proporcionais, como ocorre nas eleições de vereadores, por exemplo, uma eventual impugnação da candidatura de Leila, que muitos acreditam ser o carro-chefe da chapa, prejudicaria a chapa de Mustafá.


Detalhes de contrato da Crefisa embolam polêmica de Leila no Palmeiras
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Eduardo Ohata

A polêmica em torno da candidatura de Leila Pereira, dona da Crefisa, patrocinadora do Palmeiras, a uma cadeira no conselho do clube se tornou quase que um jogo de xadrez humano, com consequências em mais níveis do que parece à primeira vista.

O contrato de patrocínio da Crefisa, que junto com a Faculdade das Américas injetou no ano cerca de R$ 100 milhões no Palmeiras, vence no dia 21 de janeiro, o blog apurou.

A eleição do conselho deliberativo está prevista para o dia 11 de fevereiro.

Ou seja, quando a eleição acontecer, o contrato de patrocínio já estará renovado, certo?

Errado.

Há no documento uma cláusula que prevê um prazo adicional de 30 dias para a assinatura da renovação do contrato.

Ou seja, se Leila decidir invocar a cláusula, a decisão de renovar o contrato de patrocínio acontecerá após o pleito, à luz de seu resultado.

Uma pessoa próxima a Leila e com trânsito no clube indicou que uma eventual impugnação poderá respingar na renovação.

Mas, mesmo eventualmente eleita, a legalidade da situação de Leila correrá risco, pois o conselho poderá questioná-la.

Outro complicador é o fato de a eleição para conselheiros ser proporcional (como na eleição para vereadores, quando um nome forte “elege” outros que vêm na cola).

Uma eventual impugnação da candidatura de Leila, se acontecer após o pleito, pode derrubar os conselheiros eleitos na chapa de Mustafá, uma das mais fortes hoje no conselho deliberativo.

Por isso mesmo o grupo de Mustafá defende não apenas a candidatura de Leila, mas também a de seu marido, José Roberto Lamachia. Como sócio desde 1955, Lamachia não corre risco de sofrer impugnação, como pediu o ex-presidente Paulo Nobre em relação a Leila, como último ato na presidência.

Porém Leila já se manifestou contrária à ideia.

Uma posição de Galiotte sobre a validade, ou não, da candidatura de Leila deixará mais claro os cenários. Se for a favor, esvaziará, e muito, futuros questionamentos no conselho. Se for contra, será a deixa para Mustafá bater o pé em favor do “Plano B”.

Galiotte terá de pesar também em sua decisão a opinião de Nobre, que apadrinhou sua candidatura e esta semana está de volta de viagem e com quem o clube tem uma dívida de cerca de R$ 100 milhões, corrigidos mensalmente, a serem pagos em até 12 anos.

E, para contextualizar a dimensão que essa polêmica já tomou, a candidatura de Leila, oficialmente, ainda nem existe.


Outro ex-presidente diz que dona da Crefisa é sócia do Palmeiras desde 1996
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Eduardo Ohata

O ex-presidente palmeirense Arnaldo Tirone corroborou versão do colega Mustafá Contursi de que Leila Pereira, dona da Crefisa e Faculdade das Américas, patrocinadoras do clube, recebeu título de sócia benemérita em 1996.

“Em 96 o Palmeiras vivia aquela época áurea, e foram distribuídos títulos de sócios do clube”, explica Tirone, que à época era membro do Conselho de Orientação Fiscal. “Lembro da reunião, tenho certeza que a mulher do [então presidente da Federação Paulista de Futebol Eduardo José] Farah e a Leila [Pereira] receberam títulos de sócias beneméritas.”

À “Jovem Pan”, Tirone dissera que como havia muita gente na reunião não lembrava quem recebera títulos.

A candidatura de Leila a uma das cadeiras do conselho deliberativo se tornou o centro de uma polêmica quando o ex-presidente Paulo Nobre, como último ato de sua gestão, pediu a impugnação de uma eventual candidatura de Leila. O pedido se baseia na suspeita de que Leila não é sócia desde 1996, e assim não cumpriria os requisitos para se candidatar ao conselho.

É obrigatório para quem deseja se candidatar à presidência do clube cumprir duas gestões no conselho.

Crefisa e FAM, juntas, investiram cerca de R$ 100 milhões no clube no ano, considerados patrocínio, participação nas obras do CT e centro de imprensa e contratação de jogadores.

A polêmica ganha mais corpo por conta do momento em que ocorre, já que o contrato de patrocínio da Crefisa ao Palmeiras vence em janeiro, mas inclui cláusula que dá mais 30 dias para as partes finalizarem as negociações.


Ex-presidente de rebaixamento do Palmeiras escapa de levar gancho de um ano
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Eduardo Ohata

O ex-presidente palmeirense Arnaldo Tirone, que ganhou fama ao ser flagrado na praia no dia seguinte ao rebaixamento do time, em 2012, foi absolvido na noite desta terça-feira, após votação de relatório de sindicância que apresentava irregularidades nas contas de sua gestão, pelo conselho deliberativo do clube.

Foram 89 votos a favor do relatório, 63 contra, 2 abstenções (51 conselheiros assinaram a lista de presença mas foram embora). Para que a pena de suspensão fosse aceita, eram necessários pelo menso 104 votos a favor do relatório.

Com isso, o diretor financeiro de Tirone à época, Antonio Henrique Silva, também foi absolvido.

Caso tivesse sido considerado culpado, Tirone, popularmente conhecido como “Pituca”, teria sido punido com suspensão de um ano no clube.

Ou seja, Tirone escapou de ter o mesmo destino de Luiz Gonzaga Belluzzo, seu antecessor, suspenso por um ano, também por efeito de uma sindicância administrativa.

Nos corredores do Parque Antarctica comenta-se que pesou na decisão o “efeito Crefisa”, já que o ex-presidente e pessoas do círculo de José Roberto Lamachia, dono da financeira, reconhecem que a dupla tem uma amizade que vem de 45 anos, e que é normal amigos se preocuparem uns com os outros. Tirone tem feito campanha por Leila, mulher de Lamachia, que concorrerá ao conselho do clube, um dos pré-requisitos para quem pretende disputar a presidência do clube.

Um dos que mais trabalharam nos bastidores a favor de Tirone foi seu vice de futebol à época, Roberto Frizzo.

O ex-presidente Mustafá Contursi, padrinho político de Tirone, de quem acabou se afastando, Paulo Nobre e Maurício Galiotte, votaram com o relatório.

 


Presidente de rebaixamento do Palmeiras corre risco de suspensão no clube
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Eduardo Ohata

O ex-presidente palmeirense Arnaldo Tirone, que ficou famoso ao ser flagrado na praia no dia seguinte ao rebaixamento do time, em 2012, corre risco de ser punido com suspensão de um ano no clube. Sindicância do balanço de sua gestão para detectar irregularidades entrou na pauta da reunião do conselho do clube, no próximo dia 13.

Dependendo da decisão do conselho, Tirone pode ter o mesmo destino de Luiz Gonzaga Belluzzo, suspenso por um ano, também por efeito de uma sindicância administrativa. Se for punido, Tirone seria o segundo ex-presidente a sofrer sanção na gestão Paulo Nobre.

Tirone diz que essa é uma injustiça e diz acreditar em sua absolvição, já que enviou documentos para o comitê que o julga, pois anteriormente “só haviam me feito cinco perguntas”.

Aliados de Antonio Augusto Pompeu de Toledo, presidente do conselho, afirmam ter sido abordados no sábado passado por gente ligada à Crefisa, patrocinadora do clube, que intercederam a favor de Tirone.

O ex-presidente e pessoas do círculo de José Roberto Lamachia, dono da Crefisa, reconhecem que a dupla tem uma amizade que vem de 45 anos, e que é normal amigos se preocuparem uns com os outros.

Conselheiros afirmam que, nas últimas semanas, receberam ligações de Tirone. Eles contam que ao mesmo tempo em que ele liga para pedir votos para a mulher de Lamachia, Leila, para a eleição de conselheiros (um pré-requisito para eventual disputa da presidência do clube), marcada para o ano que vem, Tirone encerra a ligação pedindo para refletirem sobre os votos relativos à sua sindicância.

“Isso é mentira, fiquei sabendo que minha sindicância seria avaliada no dia 13 no sábado passado, além disso, nem tenho ligado para conselheiros, pois já sei que cada um tem seu candidato”, defende-se Tirone. “Mas, sim, tenho ligado para associados pedindo votos para a Leila, assim como para vários amigos.”

No momento, o ex-presidente Mustafá Contursi, padrinho político de Tirone, de quem acabou se afastando, e Nobre, estão distantes da situação, e não se manifestaram a seu favor.


“Mundial de 51 do Palmeiras lavou a alma do Brasil”, diz emocionado Mustafá
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Eduardo Ohata

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Foi na última gestão de Mustafá Contursi, 76, à frente do Palmeiras que surgiu a ideia de buscar o reconhecimento, na Fifa, do Mundial de 51 do clube, conquistado na Copa Rio. A importância do título para o Brasil, e não apenas para torcida palmeirense, foi grande, já que o Brasil sofrera um ano antes o trauma do “maracanazo”.

Responsável pela campanha que foi até a entidade máxima do futebol em busca da oficialização, Mustafá emocionou-se fortemente durante entrevista ao blog ao falar sobre o assunto, ficou com os olhos marejados, a voz embargada, e irritou-se profundamente ao ser lembrado que muitos criticam a conquista palmeirense, afirmando que o Mundial do Palmeiras foi conquistado “no fax”, em função do pronunciamento da Fifa ter vindo muitos anos depois. “Só os medíocres dizem isso, não sabem o bem que fez à auto-estima do brasileiro e nem conhecem sua importância histórica”, argumenta, ao mesmo tempo em que eleva a voz.

Para o cartola, apenas o Mundial do Corinthians, conquistado em 2.000, é passível de comparação por ter o formato mais ou menos parecido com o do Mundial de 51. Os outros, segundo Mustafá, pode-se dizer que são Mundiais “de perfumaria”.

A conquista palmeirense completou 65 anos em julho e, mesmo sempre questionada por torcedores rivais, foi destacada e parabenizada pela Fifa.  A campanha de Mustafá foi encampada também pela CBF, que em 2007 enviou um documento ao clube do Palestra Itália afirmando que a Fifa reconhecia ali o clube como primeiro campeão mundial de clubes.

Em 2014, a campanha foi encampada também pelo Ministério do Esporte brasileiro, e após análise de seu comitê executivo, a Fifa enviou um documento para o Palmeiras e CBF sobre a conquista do Mundial. O procedimento é semelhante ao que a entidade máxima do futebol dá ao extinto Mundial Interclubes, em que ela reconhece como título de abrangência planetária sem conceder distinção ou honraria. Assim, diferencia os do seu campeonato mundial, inciado em 2000.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Como surgiu a ideia de buscar o reconhecimento do Mundial de 1951

Em primeiro lugar, nunca abrimos mão de considerar aquele o primeiro Mundial de clubes, pelas circunstâncias do momento, dificuldades de comunicação, precariedade dos transportes, pela derrota do Brasil na Copa de 50, que arrasou o futebol brasileiro. Contribuímos com o início da reabilitação do futebol brasileiro, que depois passou por uma seleção razoável em 54 e que culminou com a grande conquista de 58, repetida em 62. O Mundial de 51 foi uma competição que até hoje não há uma igual. Para se ter ideia da importância desse torneio, quero lembrar que nem a Uefa existia à época em que aconteceu. Para você ver a importância que teve esse torneio que reuniu equipes da Europa, equipes sulamericanas num torneio de 8 clubes, com 2 chaves e decisão de semifinal e final.

Arqueologia da Copa Rio

Começamos a trabalhar logo após comemorarmos o jubileu de ouro da Copa Rio, em 2001. Naquele momento começamos a colher depoimentos, resgatar fatos históricos nos países dos times que participaram, em bibliotecas, museus e dentro da Fifa.

Reação do então presidente da CBF Ricardo Teixeira

A ideia foi recebida com entusiasmo por todo mundo. Mas primeiro preparamos um dossiê bancado pelo Palmeiras, profissionalmente desenvolvido pela editora B2, que em dois anos de trabalho produziu uma monografia, um DVD e um vídeo-documentário com depoimentos de jogadores ainda vivos daqui e de fora. Eu era membro da Fifa na época, tinha os caminhos de encaminhamento ao comitê executivo. O Affonso Della Monica, que era o presidente da época, não pôde viajar e designou o diretor-administrativo Roberto Frizzo para entregar na Fifa esse dossiê. Até que em 2009 houve uma primeira correspondência na qual a Fifa reconhecia aquela competição como tendo os moldes de um Mundial e, em 2014, aí sim, a legitimidade foi concedida pelo comitê executivo da Fifa.

Processo difícil

Os dirigentes da Fifa da época não tinham a dimensão do que foi essa competição. Só depois de analisarem o dossiê e todo o material gravado, é que eles começaram a analisar a grandeza e importância dessa competição. Depois de 50 anos da conquista, esse material possibilitou o reconhecimento, então foi uma maneira de reconquistar o que o mundo todo reconheceu em 1951.

Precursor do Mundial do Corinthians

Aquela [o Mundial de 2.000] não era uma competição oficializada, mas experimental, promovida pela Fifa, e que com justiça foi oficializada depois. Os moldes da competição foram exatamente os mesmos: Duas chaves de quatro, uma no Rio e outra em São Paulo, classificava dois de cada chave, semifinal e final. Só que o de 51 aconteceu em uma época de muito mais dificuldade e muito menos recursos. O mundo ainda estava se recuperando de uma guerra mundial. Trazer quatro equipes da Europa, quatro da América do Sul, devia ser difícil chegar do Uruguai para cá, não é como hoje que em 1h45 minutos…

Qual foi melhor, o Mundial do Palmeiras ou o do Corinthians?

O formato foi exatamente o mesmo. Mas não vamos falar ‘Mundial do Palmeiras’, porque foi uma conquista do futebol brasileiro. Estávamos acima de paixões clubísticas. O Brasil todo torceu pelo Palmeiras, não era o Palmeiras que estava em campo. Era o Brasil, esse era o espírito do torcedor. Ou você acha que 116 mil pessoas no Maracanã, no Rio, eram todos palmeirenses? Eram os brasileiros torcendo. O título lavou a alma do Brasil. Mas em 2000 não tiveram duas finais. Semifinal foi um jogo e a final, outro jogo. Em 51, foram dois jogos semifinais e 2 jogos finais. Muito mais difícil de você ganhar. Você decidir em uma só partida, se terminar empatada vai para pênalti, é muito mais fácil do que disputar duas partidas e administrar o saldo de gols. Na final, ganhamos o primeiro jogo da Juventus e empatamos o segundo. E, se não me engano, nas semifinais também ganhamos um do Vasco e empatamos o outro.

Mundial do fax

Nós não ganhamos o Mundial pelo fax. A nosso conquista foi mundialmente reconhecida na época como um Mundial de clubes, só não teve a oficialização porque as organizações na época não tinham a dimensão que têm hoje. Mas a competição foi muito mais valorosa do que as competições de agora, nas quais alguns times são campeões em uma só partida final e outros entram jogando uma semifinal e final. Não disputam fase de classificação de quatro clubes, uma semifinal e final em jogos de ida e volta. [Ironizando] Naquele tempo pode ter sido uma conquista por telegrama, não por fax, que nem existia na época. Mas hoje talvez a conquista de um Mundial seja uma conquista de perfumaria, porque nem se compete entre os clubes classificados para chegar ao título. Não tenho dúvida de que aquela conquista teve mais valor. Se querem ironizar a maior conquista de clubes brasileiros… [51] foi muito mais importante tecnicamente do que qualquer outro Mundial, exceto 2000, que teve os mesmos moldes de organização, mas que não teve duas finais.

Como o futuro cartola acompanhou o Mundial

Eu tinha dez anos, estava de férias em Santos, em uma daquelas pensões na avenida Presidente Wilson. Naquela época você passava 30 dias de férias em uma pensão, com refeição completa. A praia de Santos, eu sinto emoção até hoje, a avenida da praia, foi um corso [Carnaval] só. Os carros todos com decorações referentes ao Palmeiras [olhos começam a marejar], é… A avenida inteirinha [voz fica embargada], naquela hora todos os brasileiros eram palmeirenses [silêncio]. [Elevando a voz] Os medíocres de hoje em dia não conseguem valorizar. Hoje, o que existe, é um monte de dinheiro, muitos caras que um dia estão aqui, amanhã estão lá, e não dão valor à emoção de uma conquista. É um negócio, estão torcendo para ver quanto vai entrar de dinheiro. O cara hoje em dia pensa, terceiro lugar, vou ganhar 5 milhões, vou para a Sul-Americana, e pegar TV de mais três jogos. Esses são os executivos, os CEOs, por isso eles não valorizam as competições daquela época.

Conquista subvalorizada?

O palmeirense nunca deixou de se orgulhar. É bom que os caras de marketing fiquem longe porque só fazem porcaria. Deixem a emoção com o torcedor, com os associados. [Os marqueteiros] gastam um monte de dinheiro, e não entra nada [nos cofres].


Mustafá costurou trégua política para Nobre fazer seu sucessor no Palmeiras
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Eduardo Ohata

O ex-presidente palmeirense Mustafá Contursi foi um dos principais articulares da trégua política que permitiu que o atual presidente, Paulo Nobre, fizesse seu sucessor no clube, Maurício Galiotte. O vice-palmeirense submete seu nome, hoje à noite, ao “filtro” no conselho deliberativo. Mas a prévia das eleições a essa altura se tornou apenas uma mera formalidade, já que Galiotte é candidato único para as eleições presidenciais do mês que vem.

Durante processo da escolha de Galiotte, Nobre e Mustafá ambos tiveram que ceder.

Nobre estava entre os nomes de Genaro Marino e Galiotte. Mustafá deixara claro que tinha objeções em relação ao primeiro, mas que apoiaria o segundo. Nobre, provavelmente levando em consideração a força que Mustafá mantém no conselho, contemplou o ex-presidente. Em troca, Mustafá aceitou Marino compor a chapa como primeiro vice e viu Nobre encaixar como quarto vice na chapa José Carlos Tomaselli, a quem Mustafá não apoiara em eleições no conselho deliberativo.

Um efeito colateral do apoio de Mustafá à chapa de Maurício foi que enterrou a candidatura do ex-vice de futebol Roberto Frizzo, que se anunciava como pré-candidato e estava em compasso de espera. Se Nobre escolhesse Genaro, o que provavelmente causaria uma ruptura entre o atual e o ex-presidente, hoje aliados, abriria espaço para uma candidatura de Frizzo, que possivelmente teria o apoio de Mustafá. Embora não tenha se pronunciado sobre o assunto, sua candidatura foi abortada quando Nobre optou por Maurício.

Em viagem à Itália, Frizzo liberou seu grupo para votar no filtro de acordo com sua consciência (corroborar Maurício ou se abster).

Havia gerado insatisfação nos demais grupos o fato de o anúncio da candidatura de Galiotte ter sido comemorada na pizzaria do clube, após uma reunião do Conselho de Orientação Fiscal, com a participação quase que exclusiva de membros do grupo político de Nobre. Lideranças como o próprio Frizzo, o ex-vice do conselho Elio Esteves, e o atual, Mauro Yasbek, entre outras, não foram chamadas.

Mustafá chegou a conversar com membros dos principais grupos da política palmeirense, bastante fracionada, e, informalmente, até conversou com uma liderança da União Verde e Branca, grupo tradicionalmente rival. Não se tratou de ser “bonzinho” ou tentar intimidar o grupo, mas em apresentar uma posição que seria, teoricamente, mutuamente benéfica para ambos os lados.

Argumentou a seu interlocutor que como a UVB não tinha escolhido um “nome” até semanas atrás, era melhor se poupar do desgaste e concentrar energia na eleição de conselheiros marcada para fevereiro. Citou o momento decisivo no gramado com dois títulos em disputa e a questão financeira, com a dívida do clube consolidadas na figura de Nobre e salários pagos em dia. E finalizou lembrando que um cenário político agitado seria prejudicial a todas as partes.

A UVB não lançou candidato, mas emitiu uma nota oficial na qual deixa claro que o não-lançamento de candidato não significa que apoia a chapa única que concorrerá e, inclusive, orientou seus integrantes a se abster de votar no “filtro” de hoje como forma de protesto à atual gestão (leia-se Nobre).

Da parte de grupos não-alinhados com a candidatura de Maurício, uma preocupação relacionada a Nobre já projetada à próxima gestão: o risco de tentar manter ingerência no departamento de futebol, já que tem investido muito dinheiro em jogadores.

O próprio Nobre tem adotado cautela, ao fazer declarações na linha de que o que muitos chamam de paz, prefere classificar como tranquilidade.

Tranquilidade que pode ser definida como trégua. Mas que é o suficiente para Nobre eleger seu sucessor.


Presidente da Crefisa planeja candidatura ao conselho do Palmeiras
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Eduardo Ohata

Leila Pereira, presidente da Crefisa, patrocinadora do Palmeiras, externou a lideranças do clube seu desejo de se candidatar ao cargo de conselheira nas eleições de fevereiro. Se confirmada a adesão a uma chapa, a candidatura teria o apoio do ex-presidente Mustafá Contursi, que se mantém como força política no clube, e a aprovação do marido de Leila, José Roberto Lamacchia, dono da financeira.

A candidatura pode ter como objetivo vôos mais altos: Segundo o estatuto do clube, para eventualmente se candidatar ao cargo de presidente do Palmeiras, Leila teria que primeiro se associar ao clube, o que já fez, e cumprir dois mandatos no conselho.

O relacionamento entre o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, e Crefisa experimentou momentos conturbados recentemente.

Até depois de solucionado o episódio do aditamento do contrato, que do lado do Palmeiras foi pilotado pelo candidato à presidência pela situação, Mauricio Galiote, o casal não compareceu à festa de aniversário do clube, por exemplo.

Se Leila ainda não formalizou sua candidatura ao conselho, quem já o fez foram o presidente da Central Sindical Brasileira, Antonio Santos Neto, e o ex-vereador Domingos Dissei.

Nas últimas eleições de conselheiros, a chapa Palestra, coordenada por Clemente Pereira Junior, ex-presidente do Conselho de Orientação Fiscal, foi a que mais candidatos elegeu: 26.

Em segundo ficou a Palmeiras Forte, liderado por Mustafá e o ex-vice de futebol Roberto Frizzo, que elegeu 18 candidatos. Em terceiro, ficou a União Verde e Branco, coordenada pelo oposicionista clássico Wlademir Pescarmona e apoiada pelo ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, com 17 candidatos eleitos.

A chapa Academia, do presidente Paulo Nobre, elegeu 15 conselheiros.

Para a eleição à presidência, a chapa UVB desistiu de lançar candidato, mas seus conselheiros prometem se abster de votar, segundo Pescarmona. Frizzo ainda não definiu se concorrerá ou não.

Uma preocupação da parte de quem não está fechado com a situação é que Nobre relute em se desligar do futebol, departamento no qual fez um alto investimento no decorrer de sua gestão. Também é citada a insatisfação de associados do clube.