Embate político no Palmeiras: diretor é dispensado após 25 anos no cargo
Eduardo Ohata
O “pacote” de diretores dispensados pelo Palmeiras após a polêmica alteração no estatuto inclui nomes que faziam parte do quadro do clube há décadas, como o médico José Alcione Macedo de Almeida, desde fevereiro de 1993 no departamento médico do clube de forma ininterrupta, e Luciana Santilli, integrante do grupo do ex-presidente palmeirense Paulo Nobre, diretora no clube há uma década e que trabalhava diretamente com as cheerleaders nas partidas da equipe.
Conforme o UOL Esporte relatou, o presidente palmeirense Mauricio Galiotte decidiu dispensar de cargos diretivos no clube conselheiros ligados a Mustafá Contursi e de outros grupos que votaram contra ou faltaram à votação de reforma do estatuto no último dia 21. A mudança facilita os planos de Leila Pereira, dona da patrocinadora Crefisa, de disputar a presidência do clube do Parque Antarctica já em 2021.
Conselheiros dispensados vêem em suas demissões um componente político, e apontam que foram alertados para votar com a situação na reforma do estatuto.
“Uma semana antes da reforma do estatuto um diretor da parte administrativa me avisou que o clube iria dispensar quem não ‘estivesse junto'”, conta Luciana. “Avisei à tarde de que não iria votar porque minha mãe estava com um problema de saúde, o diretor disse que estava tudo bem. Fui pega de surpresa, quando estava indo para um dos jogos trabalhar e me ligaram dizendo que não estava mais no cargo. Em um segundo contato, justificaram que eu ‘não estava junto’.”
Uma estratégia de opositores do aumento do mandato de Galiotte era tentar esvaziar a reunião do conselho deliberativo para que o quórum não fosse atingido.
“Fui dispensado porque votei contra os três anos, até votaria a favor se não valesse para o atual mandato, mas não vou contra minhas convicções, as regras tem que valer para todos”, lamenta o conselheiro vitalício Edevaldo Bellucci, assessor especial da presidência desde a gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo. “O Galiotte falou [antes da votação] que independente do resultado o importante seria a união no clube, mas depois aconteceram as demissões, já passo a temer pela paz.”
Os comentários de pessoas ligadas à gestão é de que embora o voto ou campanha contra o aumento do mandato tenha pesado nas demissões, em alguns dos casos já haviam sido identificadas diferenças de filosofia entre direção e conselheiros dispensados. Foram dispensados cerca de oito conselheiros com cargos.
Inquirido pelo blog sobre Luciana, Alcione e Bellucci, o Palmeiras não se manifestou oficialmente sobre o assunto.