Blog do Ohata

Arquivo : Palmeiras

Clubes e autoridades estudam torcida única para além de clássicos paulistas
Comentários Comente

Eduardo Ohata

Presidentes e representantes de clubes e autoridades estudam estender a prática da torcida única para além dos clássicos paulistas.

A ideia foi lançada na última quarta-feira em reunião com presidentes de Palmeiras e São Paulo, representantes de Corinthians e Santos, Federação Paulista de Futebol, autoridades policiais (PM, choque, polícia civil) e Ministério Público, presidida pelo secretário de segurança do Estado, Mágino Alves Barbosa Filho.

Assim, jogos com histórico de violência e alto risco envolvendo um time paulista e um visitante, como por exemplo, Corinthians e Vasco ou Palmeiras e Flamengo, correm o risco de ter as portas abertas apenas para a torcida do clube mandante. Não houve objeções à ideia durante o encontro.

O promotor Paulo Castilho, que participou da reunião, aponta para números para defender a eficiência do conceito de torcida única.

“De 2015 para 2016, houve aumento de público em clássicos de torcida única, de 290 mil para 360 mil pessoas”, diz Castilho. “Houve 11% a mais de mulheres e crianças nessas partidas.”

Na média geral, na comparação entre 2015 e 2016, houve uma redução de 250 PMs por jogos, o que é creditado aos jogos de torcida única, por Castilho.

Entre outros números ligados à segurança, foram expedidos em 2016 pelo juizado de torcedores 97 mandados de prisão, além de cerca de uma centena de mandados de busca e apreensão, quebras de sigilos e escutas telefônicas no Estado relacionados a torcedores. Entre 180 e 200 t0rcedores foram denunciados e processados e mais ou menos 400 foram afastados dos estádios no ano.

Outra iniciativa cuja extensão é estudada é a do cordão de isolamento externo que acontece na Allianz Parque e que também ocorreu na Copa, na Arena Corinthians, nos dias de jogos. Ela poderá ser levada também ao Morumbi, Pacaembu e Arena Corinthians por conta de sua eficiência na prevenção a roubos e outros incidentes.

 


Dona de Crefisa chama Paulo Nobre de ‘covarde’ e ameaça processá-lo
Comentários Comente

Eduardo Ohata

Leila Pereira, dona da Crefisa e da Faculdade das Américas, patrocinadores do Palmeiras, ameaça processar o ex-presidente Paulo Nobre, após ele ter pedido a impugnação de sua candidatura ao conselho do clube.

“Ele [Paulo Nobre] é um covarde, lancei minha candidatura há cinco meses e ele nunca falou nada, agora, no apagar das luzes de seu mandato, ele faz isso?”, afirmou Leila ao blog, sobre o fato de Nobre ter pedido a impugnação de sua candidatura ao conselho. O ato se basearia em uma suspeita do ex-presidente de que Leila não é sócia do clube desde 1996, pré-requisito para concorrer ao conselho.

“Isso é difamação, se ele não parar com isso, vou processá-lo”, afirma Leila.

“O que ele [Paulo Nobre] está tentando fazer é desestabilizar o ótimo relacionamento que nós da Crefisa temos com [o presidente recém-empossado] Maurício [Galiote]. Ele quer que a gente saia e o Maurício fique com uma mão na frente e a outra atrás, como ele estava quando chegamos, quando o time estava para cair para a Série B. Somos os maiores beneméritos do Palmeiras em toda a história do clube, tem muita coisa que fizemos que está fora dos R$ 78 milhões anuais, como reformas no CT e sala de imprensa. No total, o valor chega a R$ 100 milhões.”

O contrato de patrocínio da Crefisa e da FAM vence em janeiro de 2017, mas existe uma cláusula que prevê um prazo de 30 dias adicionais para as partes renovarem.

“Só vou deixar de patrocinar se o Palmeiras não quiser. Acredito que toda essa situação será resolvida imediatamente”, diz Leila.

“O Paulo Nobre que seja homem de me procurar, ao invés de se esconder por trás da imprensa. Como pode há um ano o presidente não falar com seu principal patrocinador? Tudo era feito via Maurício [Galiote], disparou Leila, em referência a um post do blog do PVC que relatou ontem o ato de Nobre. “Não há irregularidade na inscrição de sócia, o Palmeiras jamais me notificou.”

No início da tarde de sexta-feira, Guilherme Pereira, do jurídico do Palmeiras, dissera não ter conhecimento sobre uma possível ordem de impugnação da candidatura de Leila ao conselho deliberativo.

A assessoria de imprensa do Palmeiras informou que Paulo Nobre se encontra em viagem e não foi localizado para comentar o post.


‘Gabriel Jesus igualará Messi’, prevê olheiro que o indicou ao Palmeiras
Comentários Comente

Eduardo Ohata

O veterano Jaime Melo, 66, lembra claramente do momento em que viu Gabriel Jesus pela primeira vez.

Foi na escolinha do campo do Anhanguera, onde era diretor de futebol. O empresário Fabio Caran, que Melo conhece desde criança, havia falado que tinha um garoto bom, de 15 anos, e Melo pediu para vê-lo.

“Em quatro minutos, fez dois facões, meteu duas gavetas, vi que era diferenciado. Me levantei, fui no carro, peguei a ficha do Palmeiras, no dia seguinte ele trouxe de volta assinada pela mãe, dona Vera, e o levei para o [então diretor da base] Jair Jussio”, conta Melo, com semblante como se saboreasse o momento novamente. “Não recebi nada até agora. Levei para meu time do coração, sabia que ia chegar onde chegou esse moleque.”

Jaime Melo, olheiro que levou Gabriel Jesus ao Palmeiras

Jaime Melo, olheiro que levou Gabriel Jesus ao Palmeiras

“Ele nem participou de peneira, o Jair o colocou em um amistoso com o São Caetano, e ele fez quatro gols. Aí começou, sub-15, sub-17, artilheiro, até hoje que você vê como ele está”, diz Melo, orgulhoso. “Com 3 meses de Palmeiras, o [auxiliar do Jair Picerni] Candinho disse, ‘esse menino é seleção brasileira’, e ele tinha de 15 para 16 anos.”

O primeiro contrato de Gabriel Jesus aconteceu na gestão do vice de futebol Roberto Frizzo, durante a presidência de Arnaldo Tirone.

“Gostaria de assistir à estreia dele no Manchester City, estou me preparando psicológica e financeiramente”, brinca Melo.

“Na mão do Guardiola, o Gabriel chegará ao nível de Neymar, de Messi. Mas não tô dizendo que será no primeiro ano, não”, prevê o boleiro.

“Hoje tá cheio de ‘pai’ do Gabriel Jesus. Foi a maior transação da história do Palmeiras, isso eu vou levar para o caixão. Ó [mostra o braço com os pelos arrepiados]. Ele era um garoto que morava na periferia, só de pensar onde está, onde vai chegar… É só eu acertar uma questão de saúde que eu arrumo mais uns quatro ou cinco [outros jogadores como Gabriel Jesus] para o Palmeiras.”


Ex-presidente de rebaixamento do Palmeiras escapa de levar gancho de um ano
Comentários Comente

Eduardo Ohata

O ex-presidente palmeirense Arnaldo Tirone, que ganhou fama ao ser flagrado na praia no dia seguinte ao rebaixamento do time, em 2012, foi absolvido na noite desta terça-feira, após votação de relatório de sindicância que apresentava irregularidades nas contas de sua gestão, pelo conselho deliberativo do clube.

Foram 89 votos a favor do relatório, 63 contra, 2 abstenções (51 conselheiros assinaram a lista de presença mas foram embora). Para que a pena de suspensão fosse aceita, eram necessários pelo menso 104 votos a favor do relatório.

Com isso, o diretor financeiro de Tirone à época, Antonio Henrique Silva, também foi absolvido.

Caso tivesse sido considerado culpado, Tirone, popularmente conhecido como “Pituca”, teria sido punido com suspensão de um ano no clube.

Ou seja, Tirone escapou de ter o mesmo destino de Luiz Gonzaga Belluzzo, seu antecessor, suspenso por um ano, também por efeito de uma sindicância administrativa.

Nos corredores do Parque Antarctica comenta-se que pesou na decisão o “efeito Crefisa”, já que o ex-presidente e pessoas do círculo de José Roberto Lamachia, dono da financeira, reconhecem que a dupla tem uma amizade que vem de 45 anos, e que é normal amigos se preocuparem uns com os outros. Tirone tem feito campanha por Leila, mulher de Lamachia, que concorrerá ao conselho do clube, um dos pré-requisitos para quem pretende disputar a presidência do clube.

Um dos que mais trabalharam nos bastidores a favor de Tirone foi seu vice de futebol à época, Roberto Frizzo.

O ex-presidente Mustafá Contursi, padrinho político de Tirone, de quem acabou se afastando, Paulo Nobre e Maurício Galiotte, votaram com o relatório.

 


Globo oferece mais R$ 20 milhões a São Paulo por direitos na TV aberta
Comentários Comente

Eduardo Ohata

A Globo colocou na mesa uma proposta de luvas de R$ 20 milhões para o São Paulo pelos direitos de TV aberta do Brasileiro a partir de 2019, o blog apurou. O clube do Morumbi já recebeu R$ 60 milhões de luvas pelos direitos de TV fechada e pay-per-view.

O total de R$ 80 milhões em luvas para a negociação do Brasileiro a partir de 2019, segundo levantamento informal do blog, é superado por dois outros times, com a possibilidade de um terceiro ficar ligeiramente abaixo ou acima.

Essa segunda “perna” do acerto entre Globo e clube precisa ser ratificada pelo conselho deliberativo do clube.

Pelas condições de mercado (só a Globo vem negociando direitos de TV aberta), financeira (país em crise) e pelo fato de a Lei Pelé ditar que os dois times têm que estar fechadas com o mesmo canal para ter as partidas exibidas, o valor negociado é considerado bom no mercado.

Um argumento apresentado a cartolas são-paulinos é o de que o dinheiro oferecido hoje, dadas as condições financeiras do país, talvez não esteja na mesa daqui a alguns meses.

Se o acordo for fechado, o clube do Morumbi contará com o maior fluxo de caixa, entre todos os clubes que fecharam direitos de TV do Nacional com Globosat ou Esporte Interativo, incluindo Corinthians e Flamengo, a partir do momento da assinatura até meados de 2017. O que seria importante para, por exemplo, reforçar o time, especialmente agora que o ídolo Rogério Ceni assumiu o banco, refinanciar a dívida do clube e promover de ações como a de sócio-torcedor.

Entre os clubes que negociaram com a Globo, só o São Paulo não havia fechado a TV aberta. Os demais fecharam o pacote completo (TV aberta, TV fechada e pay-per-view). Um caso específico foi a Ponte Preta, que havia acertado a TV fechada com o Esporte Interativo e que depois a fechou a TV aberta com a Globo.

Segundo o blog apurou, não procede o valor de R$ 100 milhões de luvas recebidas pelo Palmeiras.


Presidente de rebaixamento do Palmeiras corre risco de suspensão no clube
Comentários Comente

Eduardo Ohata

O ex-presidente palmeirense Arnaldo Tirone, que ficou famoso ao ser flagrado na praia no dia seguinte ao rebaixamento do time, em 2012, corre risco de ser punido com suspensão de um ano no clube. Sindicância do balanço de sua gestão para detectar irregularidades entrou na pauta da reunião do conselho do clube, no próximo dia 13.

Dependendo da decisão do conselho, Tirone pode ter o mesmo destino de Luiz Gonzaga Belluzzo, suspenso por um ano, também por efeito de uma sindicância administrativa. Se for punido, Tirone seria o segundo ex-presidente a sofrer sanção na gestão Paulo Nobre.

Tirone diz que essa é uma injustiça e diz acreditar em sua absolvição, já que enviou documentos para o comitê que o julga, pois anteriormente “só haviam me feito cinco perguntas”.

Aliados de Antonio Augusto Pompeu de Toledo, presidente do conselho, afirmam ter sido abordados no sábado passado por gente ligada à Crefisa, patrocinadora do clube, que intercederam a favor de Tirone.

O ex-presidente e pessoas do círculo de José Roberto Lamachia, dono da Crefisa, reconhecem que a dupla tem uma amizade que vem de 45 anos, e que é normal amigos se preocuparem uns com os outros.

Conselheiros afirmam que, nas últimas semanas, receberam ligações de Tirone. Eles contam que ao mesmo tempo em que ele liga para pedir votos para a mulher de Lamachia, Leila, para a eleição de conselheiros (um pré-requisito para eventual disputa da presidência do clube), marcada para o ano que vem, Tirone encerra a ligação pedindo para refletirem sobre os votos relativos à sua sindicância.

“Isso é mentira, fiquei sabendo que minha sindicância seria avaliada no dia 13 no sábado passado, além disso, nem tenho ligado para conselheiros, pois já sei que cada um tem seu candidato”, defende-se Tirone. “Mas, sim, tenho ligado para associados pedindo votos para a Leila, assim como para vários amigos.”

No momento, o ex-presidente Mustafá Contursi, padrinho político de Tirone, de quem acabou se afastando, e Nobre, estão distantes da situação, e não se manifestaram a seu favor.


Está fora dos planos da Globo compartilhar jogos com Esporte Interativo
Comentários Comente

Eduardo Ohata

Não está nos planos da Globo/Globosat compartilhar partidas do Brasileiro na TV fechada com o Esporte Interativo, o blog apurou junto a executivos da emissora baseada no Rio.

O SporTV, o braço na TV fechada da Globosat, e Esporte Interativo, canal do grupo Turner, disputam os direitos do Nacional a partir de 2019. Segundo a Lei Pelé, para que uma partida de futebol seja transmitida, é necessário que os dois times participantes tenham contratos assinados com a mesma emissora. Não prevalece o mando de campo.

Como cada canal fechou com um grupo de times, várias partidas do Brasileiro automaticamente não serão exibidas na TV a cabo.

O que a Globo/Globosat já fez foi fechar os direitos de TV aberta e pay-per-view com a Ponte Preta, que fechara jogos da TV por assinarura com o Esporte Interativo. Ou seja, adquiriu os direitos, mas para mídias diferentes.

Dentro da Globo, o consenso é de que não haverá acordo com o canal rival, já que o SporTV reúne um volume de clubes assinados com o canal suficiente para contemplar os dois jogos do Brasileiro exibidos na TV por assinatura por rodada. Então, não há necessidade, ou interesse, de uma composição com o Esporte Interativo.

O SporTV fechou com 23 clubes (apesar de entrar na sua conta o Santa Cruz, que o Esporte Interativo também alega ter sob contrato), entre os principais Corinthians, São Paulo, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Internacional (a partir de 2021).

O Esporte Interativo tem entre os destaques para o Brasileiro na TV fechada, a partir de 2019, Santos, Palmeiras, Internacional (até 2020), Atlético-PR e Coritiba.


Cleber Santana queria jogar mais 5 anos e encerrar a sua carreira no Sport
Comentários Comente

Eduardo Ohata

O capitão da Chapecoense, Cleber Santana, morto no acidente aéreo na Colômbia, planejava jogar mais quatro ou cinco anos, encerrar sua carreira no Sport, e virar treinador. É o que o meia delineou com seu amigo e agente, Hugo Magalhães, com quem esteve no último domingo, em São Paulo, antes da partida com o Palmeiras pelo Brasileiro.

“Perguntei a ele quanto tempo mais pensava em jogar, e ele respondeu que mais ‘quatro, cinco anos’, que queria [voltar a] jogar no Sport, seu time desde que era menino, e que, definitivamente, viraria treinador após se aposentar”, disse Magalhães, sobre o meia que estava com 35 anos.

Segundo o empresário, Santana havia acertado verbalmente com o presidente do clube, Sandro Pallaoro, também morto no acidente, sua permanência na Chapecoense até 2018. “Ele estava cada vez mais apaixonado pela Chapecoense e pela cidade. Dizia que o futebol é uma selva, mas que a Chapecoense era diferente”, lembra Magalhães.

Para o futuro imediato, o meia já tinha planos. Tinha passagens compradas para viajar logo após o jogo de volta da final da Copa Sul-Americana, com a mulher, Rosângela, e os filhos, Aroldo Neto e Cleber Jr., para a América Central.

“Eu o convidei para meu casamento, no dia 11 de dezembro, e ele falou que não poderia ir por já estar com passagem comprada para embarcar na quinta-feira, no dia seguinte à final com o Atlético Nacional [que ocorreria dia 7 de dezembro], com a família para a República Dominicana.”

Sua participação na partida com o Palmeiras, no último domingo, seu último jogo, aconteceu por sua insistência com o técnico Caio Junior.

“O Caio pensou em poupá-lo para a decisão da Sul-Americana, pode ver que poucos titulares jogaram”, conta Magalhães. “Mas o Cleber respondeu brincando ‘sou jovem’, e falou para o Caio que estaria melhor ritmo para o jogo de quarta se jogasse domingo, que era o que mais gosta, ou melhor, gostava de fazer, que poderia jogar domingo, segunda, terça e chegar bem para a partida de quarta”.


Palmeiras quase perdeu parceiro milionário por achar que ligação era trote
Comentários Comente

Eduardo Ohata

O Palmeiras quase ficou sem o patrocínio da Crefisa, que anualmente injeta cerca de R$ 78 milhões no clube, quando o dono da financeira ligou para o Palmeiras, em plena manhã de um sábado, e o funcionário que o atendeu achou que se tratava de um trote.

O episódio é desconhecido do grande público, mas ainda hoje diverte cartolas nos corredores do Parque Antárctica, inclusive dois cardeais palmeirenses que a relataram ao blog, que não cansam de repeti-la.

Segundo os relatos, José Roberto Lamacchia, proprietário da Crefisa, descansava em um hotel com a mulher, Leila. Havia concluído, com sucesso, um tratamento para combater um linfoma (tipo de câncer), mas ainda estava triste, o que não passou despercebido por sua mulher, Leila.

Era por causa do Palmeiras, seu clube de coração, que à época (fim de 2014) corria risco de ser rebaixado à Série B.

Foi sua mulher que surgiu com a ideia: “Por quê não faz algo pelo Palmeiras para comemorar a recuperação?”

Pego de surpresa, José Roberto parou para pensar, passou a mão no rosto e disse, “É, por que não?”

Pediu para a mulher procurar um contato do Palmeiras na internet, pegou seu telefone e ligou para o PABX do clube. Explicou quem era e informou que gostaria de patrocinar o clube. O funcionário deu uma risadinha, não acreditou em José Roberto, que se esforçava para convencer o interlocutor. Mas foi em vão, o funcionário acabou batendo o telefone na sua cara.

Chateado com a grosseria, José Roberto quase desistiu do patrocínio. Foi, de novo, sua mulher que deu nova ideia.

E se eles fossem pessoalmente ao Palmeiras?

Foi o que fizeram. No ímpeto, José Roberto nem se preocupou em ir para casa buscar uma roupa social. De bermuda mesmo entrou prontamente no carro, e a dupla foi à sua Turiassu, hoje rebatizada de Palestra Itália, na sede do Palmeiras.

De novo, foram recebidos com desconfiança, desta vez pelos seguranças do clube. Claro, é comum os clubes irem atrás de patrocinadores, e não o contrário.

Mas, desta vez, José Roberto os convenceu a deixar que conversasse com alguém do departamento de marketing.

Por sorte, havia um funcionário de plantão. Ele se apresentou e marcaram uma reunião.

O resto, é história. O milionário patrocínio foi anunciado em janeiro de 2015.

Mas quase o Palmeiras ficou sem seu patrocinador por um funcionário achar que era uma brincadeira.

Após a publicação do post, o ex-gerente de marketing do Palmeiras Francisco Gallucci Neto, questionou pontos do episódio, confirmou que foi a Crefisa que procurou o Palmeiras, mas negou o episódio de que bateram o telefone na cara de Lamacchia. Ele acrescentou que o clube fez uma apresentação da proposta oficial de patrocínio após ser procurado por telefone por Lamacchia.

Um dos protagonistas do episódio, em contato com o blog, indignou-se com o questionamento, manteve a versão original ao argumentar que ninguém do Palmeiras estava com o casal no hotel no dia do episódio para desmenti-lo, e afirmou não ser possível o clube ter o conhecimento do conteúdo de todas as ligações realizadas ao PABX de sua sede, que teria acontecido antes dos fatos relatados pelo ex-gerente.


“Mundial de 51 do Palmeiras lavou a alma do Brasil”, diz emocionado Mustafá
Comentários Comente

Eduardo Ohata

1

Foi na última gestão de Mustafá Contursi, 76, à frente do Palmeiras que surgiu a ideia de buscar o reconhecimento, na Fifa, do Mundial de 51 do clube, conquistado na Copa Rio. A importância do título para o Brasil, e não apenas para torcida palmeirense, foi grande, já que o Brasil sofrera um ano antes o trauma do “maracanazo”.

Responsável pela campanha que foi até a entidade máxima do futebol em busca da oficialização, Mustafá emocionou-se fortemente durante entrevista ao blog ao falar sobre o assunto, ficou com os olhos marejados, a voz embargada, e irritou-se profundamente ao ser lembrado que muitos criticam a conquista palmeirense, afirmando que o Mundial do Palmeiras foi conquistado “no fax”, em função do pronunciamento da Fifa ter vindo muitos anos depois. “Só os medíocres dizem isso, não sabem o bem que fez à auto-estima do brasileiro e nem conhecem sua importância histórica”, argumenta, ao mesmo tempo em que eleva a voz.

Para o cartola, apenas o Mundial do Corinthians, conquistado em 2.000, é passível de comparação por ter o formato mais ou menos parecido com o do Mundial de 51. Os outros, segundo Mustafá, pode-se dizer que são Mundiais “de perfumaria”.

A conquista palmeirense completou 65 anos em julho e, mesmo sempre questionada por torcedores rivais, foi destacada e parabenizada pela Fifa.  A campanha de Mustafá foi encampada também pela CBF, que em 2007 enviou um documento ao clube do Palestra Itália afirmando que a Fifa reconhecia ali o clube como primeiro campeão mundial de clubes.

Em 2014, a campanha foi encampada também pelo Ministério do Esporte brasileiro, e após análise de seu comitê executivo, a Fifa enviou um documento para o Palmeiras e CBF sobre a conquista do Mundial. O procedimento é semelhante ao que a entidade máxima do futebol dá ao extinto Mundial Interclubes, em que ela reconhece como título de abrangência planetária sem conceder distinção ou honraria. Assim, diferencia os do seu campeonato mundial, inciado em 2000.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Como surgiu a ideia de buscar o reconhecimento do Mundial de 1951

Em primeiro lugar, nunca abrimos mão de considerar aquele o primeiro Mundial de clubes, pelas circunstâncias do momento, dificuldades de comunicação, precariedade dos transportes, pela derrota do Brasil na Copa de 50, que arrasou o futebol brasileiro. Contribuímos com o início da reabilitação do futebol brasileiro, que depois passou por uma seleção razoável em 54 e que culminou com a grande conquista de 58, repetida em 62. O Mundial de 51 foi uma competição que até hoje não há uma igual. Para se ter ideia da importância desse torneio, quero lembrar que nem a Uefa existia à época em que aconteceu. Para você ver a importância que teve esse torneio que reuniu equipes da Europa, equipes sulamericanas num torneio de 8 clubes, com 2 chaves e decisão de semifinal e final.

Arqueologia da Copa Rio

Começamos a trabalhar logo após comemorarmos o jubileu de ouro da Copa Rio, em 2001. Naquele momento começamos a colher depoimentos, resgatar fatos históricos nos países dos times que participaram, em bibliotecas, museus e dentro da Fifa.

Reação do então presidente da CBF Ricardo Teixeira

A ideia foi recebida com entusiasmo por todo mundo. Mas primeiro preparamos um dossiê bancado pelo Palmeiras, profissionalmente desenvolvido pela editora B2, que em dois anos de trabalho produziu uma monografia, um DVD e um vídeo-documentário com depoimentos de jogadores ainda vivos daqui e de fora. Eu era membro da Fifa na época, tinha os caminhos de encaminhamento ao comitê executivo. O Affonso Della Monica, que era o presidente da época, não pôde viajar e designou o diretor-administrativo Roberto Frizzo para entregar na Fifa esse dossiê. Até que em 2009 houve uma primeira correspondência na qual a Fifa reconhecia aquela competição como tendo os moldes de um Mundial e, em 2014, aí sim, a legitimidade foi concedida pelo comitê executivo da Fifa.

Processo difícil

Os dirigentes da Fifa da época não tinham a dimensão do que foi essa competição. Só depois de analisarem o dossiê e todo o material gravado, é que eles começaram a analisar a grandeza e importância dessa competição. Depois de 50 anos da conquista, esse material possibilitou o reconhecimento, então foi uma maneira de reconquistar o que o mundo todo reconheceu em 1951.

Precursor do Mundial do Corinthians

Aquela [o Mundial de 2.000] não era uma competição oficializada, mas experimental, promovida pela Fifa, e que com justiça foi oficializada depois. Os moldes da competição foram exatamente os mesmos: Duas chaves de quatro, uma no Rio e outra em São Paulo, classificava dois de cada chave, semifinal e final. Só que o de 51 aconteceu em uma época de muito mais dificuldade e muito menos recursos. O mundo ainda estava se recuperando de uma guerra mundial. Trazer quatro equipes da Europa, quatro da América do Sul, devia ser difícil chegar do Uruguai para cá, não é como hoje que em 1h45 minutos…

Qual foi melhor, o Mundial do Palmeiras ou o do Corinthians?

O formato foi exatamente o mesmo. Mas não vamos falar ‘Mundial do Palmeiras’, porque foi uma conquista do futebol brasileiro. Estávamos acima de paixões clubísticas. O Brasil todo torceu pelo Palmeiras, não era o Palmeiras que estava em campo. Era o Brasil, esse era o espírito do torcedor. Ou você acha que 116 mil pessoas no Maracanã, no Rio, eram todos palmeirenses? Eram os brasileiros torcendo. O título lavou a alma do Brasil. Mas em 2000 não tiveram duas finais. Semifinal foi um jogo e a final, outro jogo. Em 51, foram dois jogos semifinais e 2 jogos finais. Muito mais difícil de você ganhar. Você decidir em uma só partida, se terminar empatada vai para pênalti, é muito mais fácil do que disputar duas partidas e administrar o saldo de gols. Na final, ganhamos o primeiro jogo da Juventus e empatamos o segundo. E, se não me engano, nas semifinais também ganhamos um do Vasco e empatamos o outro.

Mundial do fax

Nós não ganhamos o Mundial pelo fax. A nosso conquista foi mundialmente reconhecida na época como um Mundial de clubes, só não teve a oficialização porque as organizações na época não tinham a dimensão que têm hoje. Mas a competição foi muito mais valorosa do que as competições de agora, nas quais alguns times são campeões em uma só partida final e outros entram jogando uma semifinal e final. Não disputam fase de classificação de quatro clubes, uma semifinal e final em jogos de ida e volta. [Ironizando] Naquele tempo pode ter sido uma conquista por telegrama, não por fax, que nem existia na época. Mas hoje talvez a conquista de um Mundial seja uma conquista de perfumaria, porque nem se compete entre os clubes classificados para chegar ao título. Não tenho dúvida de que aquela conquista teve mais valor. Se querem ironizar a maior conquista de clubes brasileiros… [51] foi muito mais importante tecnicamente do que qualquer outro Mundial, exceto 2000, que teve os mesmos moldes de organização, mas que não teve duas finais.

Como o futuro cartola acompanhou o Mundial

Eu tinha dez anos, estava de férias em Santos, em uma daquelas pensões na avenida Presidente Wilson. Naquela época você passava 30 dias de férias em uma pensão, com refeição completa. A praia de Santos, eu sinto emoção até hoje, a avenida da praia, foi um corso [Carnaval] só. Os carros todos com decorações referentes ao Palmeiras [olhos começam a marejar], é… A avenida inteirinha [voz fica embargada], naquela hora todos os brasileiros eram palmeirenses [silêncio]. [Elevando a voz] Os medíocres de hoje em dia não conseguem valorizar. Hoje, o que existe, é um monte de dinheiro, muitos caras que um dia estão aqui, amanhã estão lá, e não dão valor à emoção de uma conquista. É um negócio, estão torcendo para ver quanto vai entrar de dinheiro. O cara hoje em dia pensa, terceiro lugar, vou ganhar 5 milhões, vou para a Sul-Americana, e pegar TV de mais três jogos. Esses são os executivos, os CEOs, por isso eles não valorizam as competições daquela época.

Conquista subvalorizada?

O palmeirense nunca deixou de se orgulhar. É bom que os caras de marketing fiquem longe porque só fazem porcaria. Deixem a emoção com o torcedor, com os associados. [Os marqueteiros] gastam um monte de dinheiro, e não entra nada [nos cofres].