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Popó pede vaga par lutar na Rio-2016 e argumenta ser ‘resultado garantido’
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Eduardo Ohata

 

O ex-campeão mundial de boxe Acelino ''Popó'' Freitas, 40, se colocou à disposição da Confederação Brasileira de Boxe para representar o Brasil na Olimpíada do Rio-2016. A Aiba (Associação Internacional de Boxe) decide em assembleia no próximo dia 1º se permitirá ou não a participação de pugilistas profissionais na competição nos Jogos Olímpicos do Rio.

''Se a confederação permitir, quero participar da Olimpíada, seria uma honra, um sonho, poder representar o país'', afirmou Popó a este blog. ''Tem gente que participou de três, quatro, cinco olimpíadas e nunca trouxe nada. Comigo, é resultado garantido.''

''Queria muito ter participado da Olimpíada de Atlanta [em 1996], mas por causa da minha situação financeira tive que passar para o profissionalismo antes [dos Jogos] para não passar fome'', complementa o boxeador, que tem como principal incentivador na empreitada olímpica Armando Fernandes, proprietário da Monumento Sports, que apoia Popó desde a época do amadorismo.

O baiano, que como profissional foi campeão mundial nas categorias superpena e leve, tem uma motivação especial para integrar a seleção olímpica. ''Dizem que o [Manny ''Pacman''] Pacquiao vai participar da Rio-2016, para mim seria uma honra enfrentá-lo.''

Há tempos Popó insiste em enfrentar o filipino. ''Seria uma disputa entre dois boxeadores que se tornaram políticos'', não se cansa de repetir Popó, que ocupou uma cadeira no Congresso como deputado federal pela Bahia.

Popó, que pesa atualmente 78 quilos, afirma que poderia competir em qualquer categoria entre 64 quilos e 69 quilos, já que durante sua carreira conseguia perder vários quilos às vésperas de suas lutas. Se a Aiba aprovar a participação de profissionais e Pacquiao confirmar sua participação, o filipino deverá competir na categoria até 64 quilos (meio-médios).

''Já estou acertado como comentarista na Olimpíada do [canal] Sportv, mas abro mão disso se me derem a chance de competir na Olimpíada.''

Da parte da confederação, não haveria objeção, caso a Aiba aprove a participação de profissionais nos Jogos.

''É quase certo que a Aiba irá aprovar a mudança'', afirma Mauro Silva, presidente da CBBoxe. ''Se o Popó quiser, ele pode disputar a vaga da categoria até 79 quilos [médios] com o Roberto Custódio. Eles fariam um confronto entre eles e o vencedor iria para o Azerbaijão, em julho, buscar a classificação olímpica.''

''Mas não sei se o Popó poderia participar por conta da idade'', aponta Silva. ''O regulamento atual proíbe quem tem mais de 40 anos de participar de Olimpíada, e o Popó completará 41 anos em setembro [a Olimpíada acontece em agosto]. Mas isso pode mudar.''


Andres diz se arrepender de Itaquera na Copa e ainda pensa comandar a CBF
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Eduardo Ohata

Andres_Sanchez
Se fosse tomar a decisão novamente hoje, Andrés Sanchez é categórico: Não faria, em hipótese alguma, um estádio dentro dos padrões Fifa para receber jogos da Copa do Mundo.

Preocupa o ex-presidente corintiano as dificuldades para negociar ativos ligados ao estádio, fazer a conta da arena de Itaquera fechar, impasses ligados à construtora Odebrecht e ter visto a Prefeitura não cumprir promessas que vinham da gestão de Gilberto Kassab. ''Fazer um estádio para a Copa? Jamais!'', protesta Andres. ''Quem exigiu isso foram o governo do Estado e a Prefeitura, e o Corinthians teve que pagar uma conta que lá no início estava acertado que seria da Prefeitura.''

O cartola também reclama que se o acidente da semana passada no Morumbi que feriu torcedores tivesse acontecido na Arena Corinthians, ''eu estava preso a uma hora dessas, todo mundo no Corinthians estava preso''. [Nota do blog: No episódio em que dois operários morreram após acidente com guindaste, no período ainda de construção da arena, o Ministério Público indiciou como réus engenheiros da Odebrecht e da Locar, empresa sublicenciada pela construtora para a operação de guindastes].

Andrés recebeu o blog em seu escritório na Arena Corinthians, onde dá expediente quando não está em Brasília desempenhando a função de deputado federal (PT). Foi lá que respondeu as perguntas do blog.

Blog do Ohata: Como está a situação dos CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) e das contas referentes à Arena Corinthians?

Andres Sanchez: O valor dos CIDs hoje é de aproximadamente R$ 490 milhões, valorizaram em relação ao valor original de R$ 400 milhões. Mas como houve questionamento do Ministério Público [Procurada para se manifestar, a Prefeitura não se manifestou até a publicação deste texto], que nós ganhamos em primeira instância, gerou dúvidas [no mercado]. Já vendemos 26 milhões [em CIDs], tá vendendo. Mas na crise econômica que nós estamos hoje…

O estádio ficou em R$ 1,2 bilhão. O custo da obra do estádio foi de R$ 985 milhões, mas há a diferença dos juros de financiamentos.  Foram  R$ 90 milhões de overlay [estruturas provisórias utilizadas na Copa do Mundo] e mais R$ 80 milhões de juros porque o financiamento atrasou em dois anos. No caso do overlay, tinha sido combinado com o [então prefeito Gilberto] Kassab que a Prefeitura iria atrás de patrocinadores para pagar os R$ 130 milhões de overlay. Mudou o governo, e o Corinthians arcou com os R$ 90 milhões de overlay.

Falta um valor em obras que a Odebrecht precisa completar. Ela já admitiu que é de pelo menos R$ 50 milhões, e já começou uma auditoria que levará de 60 a 90 dias para calcular de [se é R$ 50 milhões ou mais].

Agora, dos R$ 1,2 bilhões, tira R$ 480 milhões dos CIDs, R$ 50 milhões da Odebrecht, R$ 300 milhões de naming rights. Fica faltando para pagar R$ 370 milhões de dívida. [Acenando afirmativamente com a cabeça] Dá ou não para pagar em 12 anos?

Vai ficar mais funcional e atrativo depois que a Odebrecht concluir os detalhes de acabamento que estão faltando?

[Dando de ombros] Isso influi pouco. O problema do estádio é que os camarotes e as cadeiras não estão vendendo como a gente imaginava, pelo problema econômico de um ano e meio para cá. Falta vender 70% dos camarotes e 65% das cadeiras. O camarote mais barato custa por ano entre R$ 280 mil e R$ 350 mil, dependendo da localização do que tem. A cadeira mais barata é R$ 3.800/ano.

Vocês fecharam acordo de ''naming rights'' com o Banco Original?

Não é verdade. A gente está para fechar com um fundo a qualquer momento, está bem adiantado.

Mas inúmeras vezes no passado foi anunciado que o ''naming rights'' estava praticamente fechado…

[Interrompendo] Tudo mentira. Para fechar está há dois anos e meio. Mas não é eu querer fechar, mas alguém comprar. Negociamos com cinco grupos ou empresas, mas desta vez é que está 90% fechado. Essas informações de que toda hora de que está para fechar atrapalha, e muito. Nunca negociei com Bradesco, Petrobras… Além das empresas não gostarem quando os nomes delas são publicados, atrapalha a negociação com quem estamos falando.

Quanto o Corinthians pede de ''naming rights''?

Um valor razoável. Nunca pedimos R$ 400 milhões, é a mídia que põe isso. Eu quero R$ 1 bilhão, alguém paga? Da mesma forma, já ofereceram R$ 100 milhões e não aceitamos. Podemos fechar por R$ 300 milhões, R$ 400 milhões, R$ 500 milhões. A base é pelo Palmeiras [valor pago pelo Allianz Parque]: R$ 300 milhões, um pouco menos ou um pouco acima.

Atrapalhou o fato de há um tempo ter saído publicado que a Arena Corinthians estaria sendo investigada [na operação Lava Jato]…

[Interrompendo novamente] Lógico que atrapalha, mas não tem nada a ver. Essa é uma empresa privada, que contratou a preço fechado outra empresa fechada, que fez os contratos. É público, está na CVM [Comissão de Valores Mobiliários]. Atrapalha muito, mas o estádio não está sob investigação. Pelo menos que a gente saiba.

Você acredita que o André Negão deva ser afastado da vice-presidência do Corinthians?

Isso não tem nada a ver com o estádio. O André nem era diretor do Corinthians na época. Isso a gente vai ver com o tempo o que é. Ele tem que ser mantido [na diretoria], não tá condenado a nada, não tem processo nenhum. Não é porque você tem processo que você é criminoso. Se todo mundo que estivesse enfrentando processo tivesse que ser afastado…

Vê um componente político nessas notícias que ligam o estádio à Lava Jato? Todos sabem que você e o ex-presidente Lula são bastante próximos.

Corinthians dá mídia, e onde dá mídia, dá problema. A mídia é para o bem e para o mal.

Mas essa troca de governo pode intensificar uma campanha sobre a Arena Corinthians?

Não acredito. Aqui no Corinthians pode olhar tudo. Não tem problema nenhum, tá tudo aberto. Tá tudo na CVM, já falei, tem auditoria e agora vamos fazer outra auditoria independente.

Mas acredita em perseguição?

Não, não acredito, não.

Você se arrepende de todo o esforço para levantar o estádio?

Me arrependo por causa de uns corintianos que trabalham contra.

Quis dizer por conta das dificuldades em viabilizar financeiramente o estádio, notícias de investigação etc.

Se não fosse para a Copa do Mundo, teria sido muito mais simples, e teria tido muito menos custo para o Corinthians. Mas o Corinthians atendeu um pedido da Prefeitura e do governo do Estado. Uma exigência, aliás.

Se pedissem para fazer de novo, você ergueria uma arena para a Copa do Mundo?

Não, jamais. Para a Copa do Mundo? [Enfático] Jamais. Se não fosse para a Copa, já tava tudo pago.

Você está tem respaldo da parte do governo do Estado e da Prefeitura?

Do governo do Estado, um pouco mais, da Prefeitura, não. Os CIDs atrasaram, a Prefeitura não ajuda, o Corinthians teve que arcar com 90 milhões do overlay, que no começo seria da Prefeitura. Hoje eu faria um estádio mais simples, mais humilde, para 40 mil pessoas, com outro tipo de acabamento, que custaria, no máximo, R$ 350 milhões, 380 milhões, que era o projeto inicial. Mesmo assim, o estádio mais barato do Brasil [por metro quadrado] é o do Corinthians. O metro quadrado custa R$ 5.185. Mas veja o acabamento que tem no Corinthians e o que tem nos outros.

Você acha que o governo Temer terá a mesma preocupação com o esporte do que o governo Dilma?

Espero que tenha muito mais. O Lula teve uma percepção um pouco melhor do esporte, que educação e esporte tem que andar junto. Infelizmente, a Dilma deixou um pouco de lado, e agora acabou saindo. Espero que o Temer entenda isso.

Teme que o novo governo corte o patrocínio da Caixa Econômica Federal aos clubes de futebol?

Não acho que isso é se preocupar com o esporte. O governo tem que ter outros incentivos, outros fomentos para o futebol. Não simplesmente patrocínio. O governo tem que se preocupar muito com o esporte e com a educação junto, se preocupar com a base, começar lá na escola.

O que espera desse governo no esporte?

Tem que esperar para ver.

Você no dia da votação do impeachment falou que só aceitou ser candidato a deputado federal por causa de pessoas próximas, mas que estava arrependido.

A família não queria e muitos corintianos também não. E eles tinham razão, estou decepcionado com a política. Porque acho que não anda, há uma burocracia enorme, um jogo de interesses pessoais muito forte, que deixa a política e o povo em segundo plano.

Teve algum projeto que não conseguiu emplacar?

Lógico, você aprovar  um projeto lá leva de 2 a 10 anos.

Cite algo que o deixou chateado.

O Profut [MP do Futebol, também conhecido como Programa de Modernização do Futebol Brasileiro].

Mas o Profut foi aprovado.

Era para ser muito melhor. Por exemplo, não sou obrigado a ter time feminino profissional. [Na versão original] Eu era obrigado a ter time de base feminino, que é muito mais importante que ter time profissional. Tem time pequenos no Brasil que não podem entrar no Profut, não tem como pagar. Então o time que fatura até R$ 10 milhões por ano, teria que poder pagar por arrecadação e não pelo valor fixo.

Vc não deve se candidatar novamente a deputado federal.

Dificilmente. Não vou falar nunca mais por quê…

O que achou da atitude do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello? Ele tinha uma postura de não-conformidade com a CBF, se empenhou na Primeira Liga, mas aceitou ser chefe de delegação da seleção.

Espero que não se perca no meio do caminho. É uma grande pessoa. Ele lá não é o Bandeira de Mello, é o presidente do Flamengo.

Mas você aceitaria ser chefe de delegação?

Com o [presidente da CBF] Marco Polo Del Nero lá? Não.

Acha que há união para formar uma liga?

Acho que esse negócio de liga já está desgastado a começar pelo próprio nome. Acho que os clubes que tem ter mais independência para fazer seus campeonatos, em relação a seus patrocínios, perante as federações e à CBF. Mas tá melhorando, tá melhorando.

Voltaria para a CBF?

Tenho que ver um projeto legal, não posso deixar de ajudar o futebol brasileiro. Se achar eu importante, e se tiver na minha capacidade e disponibilidade, sem problema. Trabalhar com o Marco seria difícil. Teríamos que conversar muitas coisas antes.

Pensa em se candidatar à CBF?

Pensar, eu penso. Mas não tenho isso como objetivo de vida. Se eu tiver oportunidade, perfeito. [Na próxima eleição] se os presidentes de clube e de federações acharem legal, eu vou. Senão, não. Não tenho isso como objetivo de vida.

Tem conversado com os clubes?

Com todos os clubes. A gente fala bastante. Eles estão cientes, tanto que aumentaram as cotas da libertadores. Os clubes têm que vender o nome do campeonato, publicidade do campeonato. Os clubes têm que estar mais inseridos.

Você é um nome forte.

Que querem destruir.

Quem?

Você não vê as politicagem? Tudo que sai do Corinthians põem meu nome, e faz 5 anos que não sou presidente.

E voltar à presidência no Corinthians? Pensa nisso?

Muito difícil. Estou muito decepcionado com muitas pessoas do meio. Alguns corintianos de renome, que nunca fizeram nada pelo clube. É um desgaste muito grande, pessoal e familiar.

Você se considera um dos responsáveis pela implosão do Clube dos 13?

Totalmente. Era um cartório e uma despesa muito grande mensal para os clubes estarem passando fome.

Mas agora está uma bagunça a negociação do Brasileiro entre clubes, Globo e Esporte Interativo.

Bagunça? Aquele que achar a melhor proposta, fecha. Não tem bagunça nenhuma. Concorrência é sadia. Com o C13 nunca teve proposta de terceiros. Faria de novo [implodir o C13], se fosse aquele mesmo sistema, com certeza.

Você teria contratado o Pato?

Olha, não vou falar se teria contratado ou deixado de contratar. É um grande jogador, um grande nome, se foi caro ou barato era o presidente da época que tinha que decidir. Agora, é obvio que tecnicamente foi um fiasco.

Na época você contrataria?

Não… Quer dizer, não sei, na época todo mundo queria que eu contratasse.

Você até falou que ele deveria ir jogar no Bragantino.

Essa foi uma discussão que houve entre nós. Ele não disse que não ia mais jogar pelo Corinthians? Então ele que fosse jogar pelo Bragantino. Converso com ele, ele é meu amigo, só que tecnicamente, por mil motivos não deu certo. Como acontece com outros jogadores em vários clubes.

Como poderia ter evitado do desmanche do time por conta dos chineses?

Eu dou graças a Deus, tinha que levar mais [jogadores]. Hoje o poder financeiro fala mais alto que a paixão pela camisa ou o amor de viver na sua cidade.

Mas sem o desmanche o Corinthians teria ido melhor nas competições este ano, concorda?

Não sei. O Jadson foi mandado embora do São Paulo, e com o Mano era segundo reserva aqui no Corinthians. O Ralf não era tão titular. No caso do Gil, como vou prender um jogador de 30 anos, com uma proposta irrecusável de salário mensal? Se eu o segurasse, você acha que ele vai jogar? E quem garante que um dos que foram embora não ia se lesionar? Teve jogador que só jogou 4 meses bem no clube, outro que era reserva. Isso dos chineses virem, muitos clubes queriam que fosse nos deles, mas é que nós fomos campeões brasileiros e vieram atrás dos nossos.

Nós compramos só 50% do Renato Augusto do Werder Bremen (na verdade, Bayer Leverkusen), porque a gente não tinha dinheiro. Ele obrigou a colocar uma cláusula que se viesse uma proposta de 8 milhões, tínhamos que vendê-lo. O Vagner Love ninguém mais queria no Corintians, 100% dos direitos econômicos eram dele quando o contratamos. Queríamos uma multa de R$ 10 milhões, ele pediu que comprássemos parte de seus direitos econômicos para colocarmos a multa que quiséssemos. No fim, falou para por multa no valor do que iria receber durante o ano. Ele ganhou 6 meses, e nós ganhamos seis meses. Você está pensando como se todos os jogadores fossem um Neymar da vida.

Foi noticiado que o Tite foi almoçar na CBF, acha que ele funcionaria lá?

Ele é um grande treinador, talvez um dos maiores do país. Com certeza funcionaria. Time de futebol é uma coisa, e gestão [do Marco Polo Del Nero] é outra. Apesar que sou a favor de manter um mesmo treinador até completar o ciclo da Copa.

Você viu o que aconteceu com a arquibancada do Morumbi. Tem medo que aconteça algo igual aqui?

Não. [Enfático] Se fosse no Corinthians ia todo mundo preso. [Saí caminhando pelo estádio e aponta para um pedaço do acabamento no teto da Arena Corinthians do tipo que caiu em fevereiro, mas não atingiu ninguém]. Isso é gesso, quadrados de gesso, e foi aquele carnaval [na mídia]. Se tivesse acontecido aqui o que aconteceu no Morumbi, eu estava preso.

Não está exagerando?

[Contrariado] Tá… Preso, não. Mas ia estar tudo interditado, o Ministério Público estaria aqui, você ia estar aqui cobrindo [o acidente] até hoje. [No caso do Morumbi], dois dias depois, só saem notas pequenas sobre estado de saúde das vítimas.


Agência mundial antidoping pede 4 anos de gancho para brasileira olímpica
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Eduardo Ohata

A Wada, agência mundial antidoping, entrará com recurso na Corte Arbitral do Esporte pedindo 4 anos de suspensão para a velocista brasileira Ana Claudia Lemos, já classificada à Olimpíada do Rio-2016, baseado no artigo 10.2.1, do Código Mundial Antidopagem, este blog apurou. A Wada pediu que a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem reúna a documentação necessária, que já está em fase de tradução.

Exame antidoping detectou no sistema de Ana Claudia traços do anabolizante oxandrolona, que causa melhora do desempenho atlético. Sua presença foi confirmada após a abertura da amostra ''B'', requisitada pela atleta.

A ABCD classifica como ''impossível'' a hipótese de contaminação do suplemento utilizado pela atleta pelo hormônio oxandrolona durante sua produção em farmácia de manipulação. Essa foi justamente a tese apresentada pela defesa da atleta em julgamento em segunda instância no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, de que no mesmo dia e no mesmo laboratório em que foi produzido o suplemento de Ana Claudia, também foi manipulada certa quantidade de Oxandrolona.

Como resultado, Ana Claudia foi suspensa por um prazo de cinco meses, retroativo à data do flagrante. Na prática, a duração da punição deixa a atleta livre para competir nos Jogos Olímpicos do Rio, que acontecem no mês de agosto.

O recurso da Wada junto à CAS se baseará no fato de que o registro mantido pela farmácia, que não está sujeito a modificações a partir do momento em que é alimentado com os dados de cada fórmula produzida, informa que o suplemento de Ana Claudia foi preparado no período da manhã, enquanto o hormônio Oxandrolona foi manipulado à tarde, depois que a suplementação já estava pronta.

Ou seja, o documento argumenta que, em uma situação hipotética de contaminação, seria possível aparecer traços do suplemento na Oxandrolona, mas não traços de Oxandrolona no suplemento.

O documento também lança mão de uma uma segunda argumentação, que se baseia nos procedimentos exigidos e fiscalizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e seguidos pelos filiados da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais).

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Cabines individuais utilizadas pelas farmácias de manipulação

Durante visita do blog a uma farmácia que segue esses padrões, representante da Anfarmag explicou que suplementos e anabolizantes, como é o caso da Oxandrolona, são produzidos por equipamentos diferentes, higienizados após cada operação, em locais diferentes, separados por corredores, ante-salas e portas, submetidos a pressões atmosféricas diferentes (o que dificulta a permanência de resquícios na roupa), e produzidos por profissionais distintos paramentados por indumentárias descartáveis.

O material produzido pela ABCD/Wada, que será encaminhado à CAS, inclui fotos como as que acompanham esse texto.

Na semana passada, Ana Claudia foi desligada do Clube de Atletismo BM&FBovespa sob a alegação de que a atleta violou o Código de Conduta e ao regulamento do clube.

 

Sala para manipulação de hormônios conta com ante-sala e pressão atmosférica diferente à dos demais ambientes

Bancada conta com dois exaustores

Bancada conta com dois exaustores


Esquiva Falcão aceita duelo com ex-campeão mundial em card no Brasil
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Eduardo Ohata

O medalhista olímpico Esquiva Falcão, que na madrugada deste domingo manteve a invencibilidade ao chegar à sua 14ª vitória, desta vez sobre o mexicano Paul Valenzuela, enfrentará o ex-campeão mundial Antonio ''Tornado de Tijuana'' Margarito, em uma programação prevista para março, no Brasil, confirmou a este blog seu manager, Sérgio Batarelli.

''Ele fará mais duas lutas, uma em setembro, outra em dezembro, e enfrentará o mexicano Margarito em março em uma programação no Brasil'', explicou Batarelli.

Entre os campeões derrotados pelo ''Tornado de Tijuana'' estão o porto-riquenho Miguel Cotto, Kermit Cintron e Andrew ''Six Heads'' Lewis. Ele também enfrentou os campeões Manny ''Pacman'' Pacquiao, ''Sugar'' Shane Mosley, Paul Williams e Daniel Santos. Margarito chegou a ser capa da ''The Ring'', principal publicação de boxe do planeta.

Porém Margarito ganhou também a fama de um dos lutadores mais sujos de toda a história do boxe quando foi flagrado aplicando reboco em sua bandagem antes do combate com ''Sugar'' Shane Mosley. Por conta disso, chegou a ter a licença de boxeador revogada por um ano nos EUA.

Na década de 80, Luís Resto acabou com a carreira do promissor Billy Collins Jr. ao usar o mesmo truque no Madison Square Garden e deixando sequelas no rival. Collins, que não pôde mais lutar, morreu em um acidente de carro, que sua família afirma ter sido suicídio.

O blog havia antecipado na semana passada que a Top Rank, empresa que gerencia a carreira do brasileiro, discutia dois nomes para enfrentá-lo em março: Margarito ou o ex-desafiante ao título mundial Joshua Clottey.

Qualquer uma das alternativas seria o melhor e mais perigoso adversário da carreira de Esquiva. Cogita-se a possibilidade de lutar na preliminar o japonês Ryota Murata, algoz de Esquiva na Olimpíada de Londres-12, e que neste sábado venceu outro brasileiro, Felipe Santos Pedroso.

Esquiva chegara a cogitar a possibilidade de representar o Brasil na Olimpíada do Rio-16, quando foi aberta a possibilidade de profissionais participarem dos Jogos, mas por fim preferiu se concentrar em sua carreira profissional.


Olimpíada do Rio adia reencontro de Esquiva Falcão com algoz de Londres-12
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Eduardo Ohata

Os Jogos Olímpicos do Rio, que acontecem em agosto, ironicamente adiaram um dos sonhos do brasileiro Esquiva Falcão, medalhista de prata na Olimpíada de Londres-12. Um combate, em solo brasileiro, contra um lutador de ''nome'', com a participação do campeão olímpico Ryota Murata na principal preliminar da programação, não acontecerá antes de 2017, este blog apurou junto a fonte ligadas à Top Rank, empresa que promove as lutas de Esquiva. O japonês Murata derrotou Esquiva por pontos na decisão olímpica.

Possíveis parceiros comerciais da Top Rank para a empreitada no Brasil alegam que no momento todo o foco -e dinheiro- estão sendo dirigidos aos Jogos Olímpicos. Isso permitiria que a grande luta envolvendo um lutador ''de nome'' ficasse na melhor das hipóteses para outubro, o que seria uma péssima data já que a diferença de fuso em relação à costa leste dos EUA seria de três horas.

A ideia é que a luta aconteça em um horário que seja convidativo ao público brasileiro, mas que ao mesmo tempo permita que o duelo seja televisionado para os EUA.

Nesse cenário, a programação no Brasil ficará para depois do Carnaval, provavelmente para março, quando a diferença de fuso voltará a ser de apenas uma hora.

Porém Esquiva não ficará inativo até lá. Neste sábado, por exemplo, o brasileiro enfrenta o mexicano Paul Valenzuela, em Los Angeles.

Entre os adversário em potencial, ''de  nome'', mencionados inicialmente na Top Rank estão o perigoso ex-desafiante ao título Joshua Clottey e o ex-campeão mundial Antonio ''Tornado de Tijuana'' Margarito, que abandonou a aposentadoria. Qualquer um dos dois nomes seria o melhor adversário da carreira profissional de Esquiva até agora.

Dentro da Top Rank, após um período ''morno'', causaram boa impressão as últimas performances de Esquiva. Diz-se que o brasileiro está em um ''ponto de virada'' rumo à ''grandeza''. Palavras que não são reservadas a qualquer pugilista.

 


Kyra Gracie festeja Dia das Mães passando à filha primeiras noções de lutas
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Eduardo Ohata

Precursora da mulheres na família Gracie, pois foi a primeira a chegar à faixa-preta e a participar de competições, Kyra Gracie, 30, que está grávida de sua segunda filha com o ator Malvino Salvador, ensina os primeiros golpes de jiu-jitsu à filha, Ayra, de 1 ano e 8 meses.

''É de uma forma bem lúdica, ela nem percebe que está tomando 'aula''', explica Kyra, que dá clínicas particulares e palestras de jiu-jitsu. ''Eu me posiciono, com cuidado, encima dela e ela, com os pezinhos, tenta tirar a mamãe de cima…''

''Aliás, fora a Galinha Pintadinha, uma das coisas que ela mais presta atenção é na movimentação dos atletas durante as lutas, quando sintonizo no Combate'', aponta Kyra, em referência ao canal especializado em lutas no qual trabalha como comentarista. ''Ela aponta e diz, 'mãe, pou, pou, pou'.''

Influenciada pelo nascimento no futuro próximo de sua segunda filha, o que torna esse Dia das Mães particularmente especial, Kyra estuda abrir uma academia. ''Minhas duas filhas são uma motivação para abrir uma academia'', revela Kyra, que faz yoga durante a gestação. ''Seguirão o jiu-jitsu se quiserem, mas é algo que quero passar para elas, por fazer parte de nossa família. A luta é algo natural em qualquer Gracie.''

Rarya, Kayla e Kayra são os nomes preferidos por Kyra para dar à sua segunda filha. ''São legais por lembrar meu nome e o de minha filha, mas o Malvino não aprovou.''

A descendente do clã Gracie, cujo primeiro parto foi natural, espera que o segundo também seja. Ela credita a facilidade para o parto normal, além do fato de ter se exercitado durante a carreira com atleta, a consciência com o próprio corpo. ''Sigo a dieta dos Gracie'', diz, em referência à dieta que, por exemplo, proíbe a ingestão de vinagre.

Apesar de achar a segunda gravidez mais fácil, por saber o que está por vir, Kyra pela primeira vez sente desejos. Por macarrão com molho de tomate. ''Não é algo que costumo comer, mas desta vez estou preparando macarronada com carne moída e bastante molho vermelho.''

''Depois que fui mãe, passei a valorizar muito mais tudo o que minha mãe fez por mim, ainda mais porque me criou sozinha'', reflete Kyra, em referência ao Dia das Mães. ''Meu maior presente é ter a Ayra, minha próxima filha, o Malvino, a família é a base de tudo…''


Promessa dos ringues emagrece 24 quilos e sonha com Jogos Olímpicos do Rio
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Eduardo Ohata

Campeão dos Jogos Olímpicos da Juventude. Campeão mundial juvenil amador. Por conta desses dois títulos o boxeador David Lourenço, 24, acaba de ser convidado para ser um dos condutores da tocha olímpica no Brasil.

Ele ficou feliz, mas não quer apenas correr com a tocha, mas participar da Olimpíada do Rio. Afinal, era isso que todos projetavam para ele há alguns anos. Não apenas isso, ele era tido como uma das grandes esperanças de medalha na Olimpíada que acontece este ano por conta de suas conquistas.

Porém nesse percurso, se desiludiu com familiares, que segundo ele mesmo, o viam apenas como um ''cofrinho'', uma fonte de renda. Começou a beber, protagonizou episódios de desaparecimento, abandonou os treinamentos e, de 79 quilos, viu seu peso aumentar para 93 quilos. A renda mensal, que segundo o atleta ultrapassava os R$ 15 mil na época de garoto prodígio, encolheu para os R$ 800 atuais.

Antes e depois: David com 93 quilos e atualmente, com 69 quilos

Antes e depois: David com 93 quilos e atualmente, com 69 quilos

Foi quando, por acaso, ao entrar no Facebook, começou a conversar com Ricardo Rodrigues, técnico que o descobriu, mas com quem não falava há anos. Mas as lembranças eram boas. E engraçadas.

Foi Rodrigues quem usou o dinheiro que serviria para sua lua de mel com a mulher Valéria para pagar a passagem para David ir disputar seu primeiro Brasileiro de cadetes (o treinador levou uma baita bronca de sua mulher), o que lhe abriu a porta da seleção brasileira. Que em pouco tempo lhe rendeu os títulos de campeão mundial juvenil, em 2010, quando nenhum brasileiro havia chegado a nenhum título mundial amador de qualquer espécie.

No mesmo ano foi campeão nos Jogos Olímpicos da Juventude, competição que projeta os destaques do esporte que, pelo menos na teoria, dentro de poucos anos estarão brilhando nas suas respectivas modalidades.

A partir da conversa via mídia social, em 2014, o técnico o resgatou.

Em cerca de um ano, David perdeu os 24 quilos de excesso de peso. Ao comparar uma foto de quando estava com 93 quilos a uma atual, David ri, tampa o rosto com as mãos. ''Parece aquelas propagandas [comerciais] de antes e depois.''

Sob o olhar de Rodrigues, David participou de algumas competições, voltou a treinar firme. Casou, o que ajudou a estabilizar sua vida pessoal. E, recentemente, voltou a frequentar a seleção. Bem, de uma certa forma. O boxeador foi convidado para colaborar como ''sparring'' (parceiro de treinos com luvas) de atletas da seleção.

''Eu acredito que nada é impossível'', diz Rodrigues, lembrando de uma passagem de sua própria história. ''Nos meus tempos de atleta, eu já era 'carta fora do baralho', mas fui convocado faltando apenas 20 dias da seletiva olímpica [para os Jogos de Atlanta-96].''

''Se não acreditasse que o David será campeão olímpico, não estaria investindo esses últimos dois anos nele. Ele não está participando de tantas competições, mas está em ritmo de preparação olímpica. Aceitamos voltar à seleção como sparring para que os técnicos da seleção pudessem ver a forma dele'', argumenta o treinador. ''Dizem que a seleção está fechada, mas sei que tudo é possível.''

Porém a seleção que disputará a última seletiva olímpica já está formada, e não inclui David.

''Sparring é sparring, ele está nos ajudando, mas não quer dizer que irá para a Olimpíada'', explica Claudio Aires, técnico da seleção brasileira de boxe. ''O titular da categoria até 69 quilos é o Roberto Custódio.''

''Mas… Se o Roberto cair e quebrar o braço, o pessoal da seleção sabe que pode contar com o David'', contra-argumenta Rodrigues.

''Hmmm. Mas se começar a pensar nesse tipo de coisa, estamos sendo muito pessimistas'', argumenta Aires.

E David? O que pensa aquele que há não muito tempo era aposta certa de pódio para a Rio-16?

''Estou treinando como se a vaga fosse minha, vou ser campeão olímpico de novo'', diz, um fio de suor escorrendo por seu rosto logo após encerrar mais uma sessão de treinos, David.


A fábula de Cinderela e o Esporte Brasileiro
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Eduardo Ohata

Medalhista olímpico e um dos mais competentes gestores esportivos do país, Lars Grael verbalizou no texto a seguir, publicado com sua autorização, uma preocupação de muitos desportistas brasileiros: a preocupação com o ''dia seguinte'' aos Jogos Olímpicos do Rio.
Vários dos episódios a seguir tiveram participação ativa do velejador:
''A fábula de Cinderela e o Esporte Brasileiro
Nosso país sediará em pouco mais de 3 meses, o maior evento da humanidade: Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
Estaremos numa erupção de sentimentos ao conjugar este momento mágico e único na história do continente Sul-Americano, e ao mesmo tempo, vivenciando uma crise político-econômica sem precedentes na história da nossa nação.
O Esporte Brasileiro atingirá seu momento de apoteose perante a sociedade, e nosso país exposto nas virtudes e nos contrastes perante todo mundo, uma vez que estaremos no centro das atenções do planeta.
Para chegar a este momento, o Brasil começou a organizar os Jogos Sul-Americanos de 2002, politicamente cruciais para este ano, o Brasil ser selecionado para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2007.
Após a realização do Pan, o Brasil conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos, momento que o Brasil ainda mostrava exuberância econômica e um passaporte carimbado para o chamado “Primeiro Mundo” das nações desenvolvidas.
Sediamos com brilhantismo, os Jogos Mundiais Militares em 2011, e nosso país saiu com saldo positivo na organização e entrega da Copa das Confederações e na sequência a Copa do Mundo de Futebol da FIFA.
O Esporte que no passado era gerido como uma Secretaria interna ao Ministério da Educação e da Cultura – MEC, ganhou em 1991, uma Secretaria Nacional ligada a Presidência da República. Em 1995, criou-se um Ministério Extraordinário dos Esportes. Em 1996, uma autarquia (INDESP) vinculado a ele. Já em 1999, cria-se um Ministério do Esporte e do Turismo. Em 2003 finalmente, o esporte ganha a emancipação e é galgado ao patamar de Ministério, com direito a endereço no Bloco A da Esplanada dos Ministérios.
Nesta trajetória de incremento de relevância política, aprovamos várias leis de apoio, fomento e incentivo do esporte em adição a existente Lei 9.615, conhecida como Lei Pelé dos Esportes:
·       Reconhecimento do Esporte como meio de ação social – CONANDA – Ministério da Justiça.
·       Lei de Importação de Material Olímpico e Paraolímpico com isenção de Imposto de Importação – II e IPI em equipamentos sem similar técnico nacional.
·       Lei Agnelo-Piva de fomento ao desporto olímpico; paraolímpico; escolar e universitário.
·       Lei do Estatuto do Torcedor.
·       Lei do Bolsa-Atleta.
·       Lei de Incentivo Fiscal do Esporte Federal. Já havia uma lei estadual no RJ. Outros estados e municípios criaram suas próprias leis.
·       Alteração da Lei Pelé, remetendo recursos para formação de atletas olímpicos e paraolímpicos através da Confederação Brasileira de Clubes – CBC.
·       Alteração da Lei Pelé, com o artigo 18-A gerando meios de democratização da gestão esportiva nacional.
Nossos chefes de estado, demonstraram com clareza a determinação do Brasil crescer e atingir um patamar das potências olímpicas. Para tal, divulgou-se a meta oficial do Brasil chegar já em 2016 ao grupo seleto das 10 principais potências do esporte olímpico e 5 no esporte paraolímpico.
Possível? Com certeza. A preparação do chamado “Time Brasil” nunca foi tão boa e é sabido que a nação sede, sempre possui um desempenho fora da curva do seu desempenho histórico.
O esporte brasileiro está nas escadarias do castelo do príncipe encantado. Nunca tantas leis foram benéficas ao esporte nacional. Nunca uma preparação olímpica foi tão adequada. O Esporte vive seu momento de Cinderela.
O que queremos enfatizar é o compromisso, verdadeiro pacto da nação em avançar nesta agenda de forma responsável e sustentável. Precisamos valorizar a Educação e os Educadores Físicos desde a formação que está na escola. Este sim, um verdadeiro legado de todo este processo.
O Esporte precisa atingir o reconhecimento de estar no cerne das políticas sociais. Trabalharmos o Esporte e a Educação Física como elementos fundamentais de uma pátria educadora. O Esporte ser um elemento de promoção de saúde e de combate ao sedentarismo. Criamos uma cultura de Esporte que possa permear todas ações de um governo responsável. Atuar como elemento de pacificação nas comunidades carentes, nas políticas de meio-ambiente e de integração nacional.
Corremos o risco desta carruagem para o desenvolvimento, se tornar em abóbora logo após a agenda olímpica…
Temos sinais claros para esta preocupação. Antes mesmo dos Jogos Rio 2016, o poder executivo federal vetou a renovação da Lei de Importação de Material Olímpico e Paraolímpico. Um verdadeiro desserviço ao esporte. Esta medida não é capaz de produzir nenhuma forma detectável de impacto na balança comercial. O governo é o sócio majoritário no apoio ao sistema nacional esportivo, para reaparelhar a nação com material e equipamentos esportivos adequados. Por um lado, incentiva com verbas públicas, por outro lado tunga esta mesma atividade com uma carga absurda de impostos. É a mão que dá e a mão que tira de um governo que parece conspirar contra si próprio.
No Estado do Rio de Janeiro, o Esporte se une para preservar a mais antiga e bem sucedida Lei Estadual de Incentivo ao Esporte através do ICMS.
Em 2016, 5 estados já extinguiram suas secretarias estaduais de esporte. Foram abduzidas e rebaixadas a um departamento de uma outra secretaria. No Estado potência esportiva que é o Estado de São Paulo, 42 secretarias municipais já foram rebaixadas neste ano. Dados da Associação Brasileira de Secretarias Municipais de Esporte e Lazer – ABSMEL dão conta que em cerca de 2.000 municípios do Brasil, o esporte sequer possui qualquer dotação orçamentária.
Nas mudanças que se anunciam para o Governo Federal que deve ser instalado pelo menos na interinidade, fala-se na extinção do Ministério do Esporte. Seria anexado a outra pasta, ou revertido a um ministério híbrido.
Vivemos o risco do efeito Cinderela… com certeza. Potência Olímpica não se constrói num ciclo olímpico. A medição do êxito de nossas políticas públicas, só será medido de forma sustentável, se conseguirmos ser uma potência olímpica e paraolímpica em Tóquio 2020 e em diante…
Não construiremos uma “Pátria Educadora” sem envidarmos esforços no desenvolvimento do Esporte na Escola.
Assim como na fábula, não queremos virar abóbora após os Jogos Olímpicos. Não podemos esperar pelo príncipe e a sapatilha de cristal. Temos que unir o meio esportivo e defendermos este setor vital à sociedade.''
Lars Schmidt Grael
Velejador

Olimpíada já teve até bunker subterrâneo secreto para proteção de ataques
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Eduardo Ohata

Há os Jogos Olímpicos e as Copas do Mundo que todo mundo vê, mas existe muita coisa ligada a esses grandes eventos que acontecem de uma forma que passa despercebida pelo grande público e pela mídia por questões de segurança.

Foi assim na Olimpíada de Pequim-08, quando o repórter fotográfico Caio Guatelli e eu descobrimos, totalmente sem querer, um reforçadíssimo bunker subterrâneo, sob o lindíssimo Cubo D´Água, onde aconteceram as competições de natação dos Jogos.

Antes das competições, Caio quis testar qual lente se adequava mais à luminosidade do local de competições, entrou no elevador e apertou, por engano, o botão que levava ao subsolo. Quando a porta se abriu revelou não o cenário iluminado e festivo que levava às raias olímpicas, mas um espaço escuro, cheio de engradados e equipamentos e coalhado de chineses em uniformes que lá trabalhavam. Em vez de ir para o andar das raias, ele desceu e deu um rápido giro por lá. Pouco depois, esbaforido, me ligou:

– Ohata, onde você está? Pode vir aqui no Cubo D´Água? Você não vai acreditar o que achei aqui.

Minutos depois me reuni ele, que rapidamente me levou ao bunker: uma estrutura com grossas paredes e uma porta que parecia de caixa-forte. Era pesadíssima, e só era possível trancá-la, ou abri-la, uma vez fechada, por dentro. No grosso vidro da janela, provavelmente à prova de bala, um aviso em inglês: ''Reservado para VIPs''. Pelos nossos cálculos, cabiam entre 100 e 150 pessoas.

Foi quando fomos surpreendidos por soldados chineses, que começaram a falar conosco e a gesticular  nervosamente. Pediram para ver nossas identificações (pelo menos foi o que entendemos), que obviamente não justificavam nossas presenças ali. Não era preciso entender mandarim para compreender o recado. Nos escoltaram em direção ao elevador e, aos gritos, nos fizeram abandonar o local.

Se tenho alguma dúvida de que se tratava de um bunker para políticos e dirigentes em caso de um ataque terrorista? Não.

Depois, durante a cobertura da Copa de 2014, tive a oportunidade de aprender um pouco mais sobre os segredos dos grandes eventos.

Descobrir que uma caixa d´água, localizada próxima ao estádio do Corinthians, que recebeu jogos da Copa, inclusive o de abertura, era vigiada dia e noite para afastar o risco do terror biológico. Quando comentei com uma autoridade que aquilo era paranoia e que o Brasil não tem tradição de ataques terroristas, meu interlocutor respondeu: ''Não tem tradição até acontecer pela primeira vez''.

Nem preciso dizer que a segurança na caixa d´água foi mantida até o término da Copa.

E provavelmente passou despercebido para quem frequenta diariamente os clubes da cidade, ou CDCs, que contingentes de soldados ficavam aquartelados em alguns deles. Sim, além da segurança anunciada oficialmente, havia grupos que, secretamente, ficavam de sobreaviso nos CDCs e em escolas (lembre-se, o calendário escolar foi alterado para que as crianças ficassem de férias naquela época), especialmente as próximas a locais de competição e aos CTs adotados pelas seleções estrangeiras.

Se vai haver uma Olimpíada desse tipo, que ninguém vê ou percebe, durante a Rio-2016? Para mim, não resta dúvida.


Comentários racistas de Donald Trump provocam desafio de Oscar De la Hoya
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Eduardo Ohata

O ex-campeão mundial e hoje promotor de boxe Oscar de la Hoya, americano filho de imigrantes mexicanos, desafiou o polêmico empresário Donald Trump a ''testemunhar do que um mexicano e um muçulmano são capazes''.

Dono da empresa Golden Boy Promotions, De la Hoya ofereceu dois ingressos gratuitos para lugares ao lado do ringue para Trump assistir à disputa de título entre o mexicano Saul ''Canelo'' Alvarez e o britânico Amir Khan, que acontece no próximo dia 7, na programação que inaugura a badalada T-Mobile Arena, em Las Vegas.

Trata-se de uma resposta aos comentários racistas do pré-candidato republicano à presidência dos EUA sobre mexicanos e muçulmanos, entre outras minorias, que marcam a sua campanha eleitoral.

Capa de autobiografia de Oscar de la Hoya, intitulada "American Son"

Capa de autobiografia de Oscar de la Hoya, intitulada ''American Son''

''Quero aproveitar a oportunidade para convidar o senhor Trump para a luta entre Canelo e Khan, no dia 7 de maio, em Las Vegas'', desafiou De la Hoya durante uma entrevista nesta quinta-feira (28).

''Eu tenho Amir Khan, um lutador muçulmano do Reino Unido, enfrentando o mais popular boxeador do México, Canelo Alvarez, inaugurando a T-Mobile Arena. Temos a oportunidade de mostrar ao senhor Trump o que mexicanos e muçulmanos podem realizar, e na cidade que representa a América, Las Vegas. Trump, deixe-me convidá-lo, para que você possa testemunhar o que um mexicano e um muçulmano podem fazer.''

De la Hoya alfinetou uma vez mais Trump, ao citar os comentários preconceituosos de Trump como fonte de inspiração para colocar frente a frente um mexicano e um muçulmano no feriado de 5 de maio, comemorado no México e nos EUA, e que se refere à improvável vitória do exército mexicano sobre as forças francesas na batalha de Puebla, em 5 de maio de 1862.

De la Hoya, campeão olímpico pelos EUA, foi um dos principais nomes do boxe na década de 90.