Globo já se conforma em ficar sem parceiro e deve exibir Brasileiro sozinha
Eduardo Ohata
A cerca de apenas um mês do início do Brasileiro-2017, a Globo não recebeu sequer um esboço de proposta para sublicenciamento da competição de qualquer um de seus pares na TV aberta.
No ano passado, chegou a executivos da emissora proposta que não agradou. Mas este ano, por enquanto, nem isso foi apresentado.
Na emissora já é dado como certo que a transmissão do Nacional será feito com exclusividade na TV aberta pela emissora, o blog apurou.
Os principais motivos para pessimismo em relação a uma parceria é financeiro. Além da crise econômica pela qual o país passa, que tem afetado o mercado publicitário, a cada dia que passa se torna mais difícil para um eventual parceiro viabilizar um plano comercial para a atração, que normalmente é levado a mercado para captação com meses de antecedência do início de uma atração desse porte.
Um diretor de uma TV aberta que já investiu forte em esporte, explica que não se trata apenas de adquirir os direitos de transmissão.
Feito o acerto com a Globo, seria necessária a contratação de um largo elenco de profissionais para compor sua equipe de transmissão de jogos, eventualmente com “nomes” caros, em um momento em que as emissoras de TV aberta têm anunciado cortes.
Além disso, há gastos com a logística: Aluguel de caminhões para transmissão, passagens aéreas, hospedagem para equipe composta por narrador, comentarista, repórter, técnico de som, cinegrafista, motorista etc.
Parte dessa equipe costuma se deslocar antes do dia da partida, para acompanhar o dia-a-dia dos clubes “grandes” quando estes jogam fora.
O formato do produto também é diferente, já que se trata de um programa com dois blocos de 45 minutos, o que oferece menos espaço para comerciais do que outros tipos de programas.
No ano passado a Band, tradicional parceira da Globo, anunciou poucos dias antes do início do Nacional, que por “questões financeiras” não iria transmitir o Brasileiro e neste ano tampouco transmitiu o Paulista.
Por questões ligadas à produção é mais fácil um canal adquirir competições que já chegam “prontas”, como a Liga dos Campeões ou a Copa das Confederações, pois pode ser transmitida “off tube”, ou seja, de um estúdio de onde a equipe do canal acompanha os jogos por um monitor.
Mesmo sem perspectivas de um parceiro e o cenário trabalhado internamente ser o de uma transmissão exclusiva, a emissora ainda está oficialmente aberta a parcerias.
Um indício de que a emissora busca parceiros é o trabalho de sinergia no aproveitamento de equipamentos de transmissão que vem sendo feito nos jogos com os caminhões de transmissão. Se antes Globo e SporTV, braço na TV por assinatura da Globosat, levavam cada um seus próprios caminhões aos estádios onde as partidas são disputadas, a ordem agora é para compartilhar quando possível para conter gastos.